Em conversa com o Estado de Minas, o professor do Instituto de Ciências Biológicas (UFMG), Flávio Henrique Guimarães Rodrigues, alerta sobre os prejuízos coletivos do abandono de felinos em ambientes urbanos e naturais. Segundo o especialista em gatos do Departamento de Ecologia e Evolução, o abandono de Felis Catus é um problema generalizado e, para entender suas consequências, é necessário entender os diferentes papéis que os gatos desempenham.
Leia Mais
Gatos do Parque Municipal de Belo Horizonte são estrelas de vídeo nas redesGato fica preso entre roda e sistema de frenagem e bombeiros são acionadosGato fica preso em máquina de lavar roupa e mobiliza Corpo de BombeirosMaus-tratos: 35 gatos e cadela são resgatados em MGCobra piton de três metros é transferida para zoológico no Sul de MinasEntende-se academicamente que seres endêmicos são aqueles naturalmente presentes em um ambiente. Os seres externos a ele são categorizados como exóticos nessa relação. A maioria das espécies exóticas não se estabelecem ou não ampliam sua área. Em casos de espécie invasiva, um ser exótico é capaz de expandir sua área de atuação dentro daquele ambiente.
“Tem várias espécies invasoras que causam problemas. Desde gramíneas que competem com outras até a mamíferos. Quando chegam aqui, os predadores das espécies invasoras não estão presentes. Então conseguem se proliferar com maior facilidade.” – explica Flávio Rodrigues.
No caso de Felis Catus, especificamente, consequências diferentes emergem para diferentes regiões. “Nos ambientes naturais, ele é um predador muito eficiente. Ele acaba matando mais animais do que consegue consumir: ele caça um, come metade e vai atrás de outros. Nas cidades são outras questões, além de predar aves e répteis, eles podem transmitir outras doenças como toxoplasmose e raiva para animais domésticos e até para o homem” – comenta o professor.
Ainda há mais um alerta: ao alimentar gatos de rua, outros animais como ratos também podem usufruir da refeição, aumentando a sobrevivência de espécies terceiras.
A solução nas cidades, segundo o especialista, seria a posse responsável dos bichos. Sem o abandono, o começo desta problemática é encerrado. Outras medidas que ajudam são ações de castração e vacinação públicas. E vale o reforço de que a culpa não é do animalzinho.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Diogo Finelli