Na última etapa do julgamento do promotor André Luís Garcia de Pinho, acusado de ter matado a esposa Lorenza de Pinho, em abril de 2021, em Belo Horizonte, a acusação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) destacou a frieza do réu ao prestar socorro à vítima.
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Caso Lorenza: promotor diz que limpou apartamento após a morte da mulher 'Lorenza era o amor da minha vida', diz promotor acusado de matar a esposaCaso Lorenza: promotor acusado de matar a esposa depõe em BHCaso Lorenza: médico diz que errou ao atestar morte da esposa do promotor Caso Lorenza: promotor André de Pinho é condenado a 22 anos de prisãoCaso Lorenza: manifestantes exigem condenação do promotor André de Pinho Cinco pessoas da mesma família morrem em grave acidente na BR-040O procurador de Justiça, André Estevão Pereira, detalhou a cronologia do caso, durante a sessão de julgamento. “Com uma frieza de quem pede delivery, ele pediu socorro para a esposa, que supostamente estava morrendo, mas sabemos que nessa hora já estava morta”, declarou.
Ele também lembrou a urgência do acusado em cremar o corpo da vítima após a confirmação da morte. No mesmo dia, André levou a esposa direto para a funerária e pagou pelo serviço de cremação. Familiares da vítima, no entanto, acionaram a Polícia Civil, que determinou que o corpo fosse encaminhado ao IML para a realização de exames. Legistas detectaram marcas na região do pescoço.
A acusação ainda ressaltou as inconsistências e erros no primeiro laudo emitido pelos médicos Itamar Tadeu Cardoso e Alexandre Maciel, acusados de falsidade ideológica por colocarem informações inverídicas no documento. Inicialmente, a versão era de que a vítima havia engasgado.
O exame de corpo de delito concluiu, no entanto, que ela foi asfixiada. Também foram encontrados altas doses de substâncias químicas no corpo de Lorenza.
Foro privilegiado
Por ser membro do Ministério Público, André Luís Garcia de Pinho tem foro privilegiado. Assim, o julgamento é feito por desembargadores que compõem o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e não pelo Tribunal do Júri. O colegiado é formado por 13 desembargadores mais antigos do TJMG e mais 12 desembargadores eleitos.
Nesta quarta-feira (29/3), 20 desembargadores do Órgão Especial apresentam seu voto pela condenação ou inocência do réu.
Relembre o caso
Lorenza foi morta em 2 de abril de 2021, no apartamento onde morava com André Luís, no Bairro Buritis, na Região Oeste de Belo Horizonte. O casal teve cinco filhos.
O homem foi denunciado por feminicídio qualificado por motivo torpe, asfixia e recurso que dificultou a defesa da vítima. Segundo o Instituto Médico Legal André Roquette (IML), o laudo aponta que Lorenza foi envenenada. O copo dela também apresentava lesões provocadas por estrangulamento.
André Luís Garcia Pinho, está preso no Batalhão do Corpo de Bombeiros (CBMMG), na Região da Pampulha, desde março de 2021.