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Estado de Minas FECHAMENTO

'Tristeza e indecisão': alunos do Carlos Prates não sabem para onde ir

Escolas de aviação também estão sem destino e proprietários aguardam alguma mudança para transferir a empresa e aulas


31/03/2023 20:06 - atualizado 31/03/2023 20:44

avião
Hangar da Vel Air praticamente vazio nesta sexta-feira (31/3) (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA. Press)
No último dia de funcionamento do Aeroporto Carlos Prates, alunos e donos das escolas de aviação relatam ter as mesmas sensações de tristeza e indecisão. O local estará fechado a partir deste sábado (1°/4), impossibilitando treinamentos de qualquer tipo. 

Segundo a aluna Ana Moura, de 29 anos, não há nada que ela possa fazer para continuar as aulas neste momento e não pretende pedir nenhum tipo de reembolso, principalmente por ter recebido ajuda da escola.
 
"A realidade é que eu não sei o que fazer. Eu sou aluna ajudada pela Vel Air, não tenho condição financeira de continuar sem eles. Sinceramente, acho que vou dar um tempo até a situação acalmar ou terei que encerrar tudo, deixando como um sonho adormecido", desabafa. 

"Ainda não sabemos de nada, mas a esperança é a última que morre. Não penso em pedir reembolso, primeiro porque eu sou aluna que recebeu ajuda. Segundo que o investimento que fiz foi na faculdade e isso não tem como ser reembolsado". 
 
Já o aluno Natan Barreto, de 26 anos, relata passar os um 'estresse inimaginável', e sensação de ser sido despejado. "Não é muito do nosso interesse o reembolso ou transferência, queremos concluir as horas de voo no Carlos Prates ou Pampulha, a qual é impossível, pois já está cheia. Os outros aeródromos mais próximos estão há mais de 100km de BH. Estou em um estresse inimaginável por causa disso". 

"As horas de voo são caras, tenho diversos colegas do Fies que investiram nisso. O objetivo era pagar e ter retorno da nossa carteira, mas não teremos. Fechar um aeroporto desta forma é triste e humilhante. Estamos às cegas, porque, literalmente, não sabemos o que fazer a partir de segunda-feira. Chega a ser repetitivo isso, mas é a verdade. Estou com a sensação de ter sido despejado", diz.
Enquanto Daniel Miranda, também aluno, de 29 anos, conta que já está no final do curso de instrutor de voo, para assumir essa função em uma das escolas do Carlos Prates e a possível mudança de cidade vai afetar no orçamento. "Faltam poucas horas, mas sei de alunos que têm um pacote grande para cumprir. No meu caso, vou aguardar a decisão do dono da escola, para saber se poderão me colocar em outro local de treino". 

"Provavelmente, a única opção para o meu curso é mudar de cidade. Eu devo ir para onde a minha escola for, porque é a minha oportunidade de emprego. Teria que me restabelecer e aumentaria os custos de vida. Eu fiquei o dia todo no aeroporto, tínhamos a esperança de alguma decisão do governador dar certo, mas hoje tivemos um choque de realidade, com caminhão levando mobílias de hangares e documentos", finaliza. 

A diretora e sócia de uma das escolas de aviação, Caroline Velásquez, afirma que a mudança ainda depende de autorizações dos órgãos competentes e sem resposta, a empresa não sabe para onde ir. "Nesse primeiro momento não temos muito o que fazer, nem para onde ir ou concluir alunos em andamento, pois o prazo é muito curto. Não temos lugar para os aviões, nada". 

"Somos uma das cinco escolas daqui e juntas, temos 500 alunos em formação agora. A mão-de-obra é extremamente especializada, não há tantas vagas disponíveis para esta área. E a mudança de local não é tão simples, ainda depende de uma série de autorizações", explica.

Fechamento do Aeroporto

O prefeito de BH, Fuad Noman (PSD), anunciou no dia 14 de janeiro que o Aeroporto Carlos Prates seria fechado definitivamente no dia 1° de abril. A decisão, anunciada pelo Twitter, é do Ministério dos Portos e Aeroportos, segundo o chefe do executivo municipal.
 
Nesta sexta-feira (31/3), o Governo de Minas confirmou o fechamento do local por meio de uma nota enviada à imprensa, após o governador, Romeu Zema, tentar a prorrogação do prazo de desmobilização em seis meses. O pedido, porém, foi negado pela União. 


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