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Estado de Minas MUITOS PROBLEMAS

Prefeitos se unem para tentar reduzir mortes na BR-040, em Minas

A BR-040 é considerada umas das mais letais de Minas Gerais. Motoristas reclamam do excesso de carretas e das condições da pista


31/03/2023 23:56

Participaram do evento os prefeitos das cidades de Nova Lima, Ouro Preto, Itabirito, Belo Vale, Congonhas e Moeda
Participaram do evento os prefeitos das cidades de Nova Lima, Ouro Preto, Itabirito, Belo Vale, Congonhas e Moeda (foto: Amig/Divulgação)
Em uma coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (31/3), no Bairro Santo Agostinho, em Belo Horizonte, prefeitos de algumas cidades mineiras se reuniram para discutir ações para reduzir o número de acidentes e mortes na BR-040, uma das mais letais do estado de Minas Gerais.

O evento tinha a intenção de lançar o Grupo de Trabalho (GT), que tem como meta debater ações de infraestrutura no modal rodoviário, a fim de reduzir o índice de acidentes e óbitos na rodovia e desafogar o trânsito de caminhões, provocados pelo tráfego intenso de veículos pesados, sobretudo destinados ao transporte de minério.

Além disso, foram levantados pontos sobre a segurança da rodovia, como a falta de infraestrutura, descuidos e os trechos da via que trazem maior risco para a segurança dos motoristas e também os números de acidentes e mortes ocorridos nos últimos anos.

Com a palavra, os prefeitos

 
Participaram do evento os prefeitos das cidades de Nova Lima, Ouro Preto, Itabirito, Belo Vale, Congonhas e Moeda. José Fernando Aparecido de Oliveira, presidente da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig) e prefeito de Conceição do Mato Dentro, fala sobre a importância da criação do grupo. 
 

“A Amig, juntamente com os prefeitos que são diretamente afetados por esta rodovia, resolveu criar um grupo de trabalho. Vamos ter agora todo um planejamento de ação para construir caminhos para resolver este problema que mata pessoas todos os dias”, ressalta.  

Claudio Antônio de Souza, coordenador do GT e prefeito de Congonhas, expôs o que foi falado na coletiva. “Temos assistido muitos acidentes que, na nossa opinião, não têm sido objeto da devida atenção. Infelizmente são mais de 20 anos aguardando soluções de projetos e propostas da rodovia”, afirma.

O prefeito reitera a importância da criação do GT. “Foi muito bem-vinda a sugestão da Amig de se criar um grupo para que os principais municípios envolvidos nesse trajeto sejam os propositores das ideias que irão solucionar o problema do tráfego perigoso”, complementa. 
 

No final, ele fala que foram encaminhados projetos para a Via 040, concessionária da BR, e para a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) sobre trevos, passagens sobre níveis, viadutos e principalmente as questões das duplicações. “Muitas mineradoras foram favoráveis a participar dos projetos, algumas com materiais e outras com recursos”, finaliza.  

Grupo de Trabalho (GT)

 
Criado pela Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig), o grupo GT é composto pelo presidente da Amig e prefeitos das cidades de Conceição do Mato Dentro, Congonhas, Itabirito, Nova Lima, Belo Vale e de Ouro Preto.

A intenção é que, por meio do grupo, haja uma melhora no diálogo com as mineradoras, transportadoras, prefeituras e governos Estadual e Federal a respeito da rodovia 040, que coloca a vida de milhares de pessoas em risco todos os dias.
 

Estudo detalhado sobre a BR-040

 
O engenheiro civil Hérzio Geraldo Bottrel Mansur desenvolveu um estudo detalhado de mais de 75 páginas sobre a BR-040. Esse trabalho foi um dos motivadores da criação do grupo GT.

No estudo, foram mapeados no trecho de 54 km, do Alphaville até a cidade do Alto Maranhão, inúmeros detalhes da via, como a quantidade de postos da Polícia Rodoviária Federal (PRF), praça de pedágio, passarelas, radares, pistas duplicadas etc.

O resultado é impressionante: 
 
• ausência de balanças;
• longos trechos sem acostamento;
• afunilamentos dos traçados da via para transposição de pontes e viadutos em mão dupla simples;
• deficiências, incluindo sua limpeza, nas sinalizações horizontais e verticais;
• manutenção precária do pavimento e da drenagem;
• pontos com drenagens insuficientes;
• intercessões entre vias rodoviárias e urbanas no mesmo nível e em cruzamentos simples;
• alta sinuosidade;
• elevadas graduações de rampas;
• disponibilidade precária de passarelas;
• alto nível de utilização por parte de veículos ônibus, caminhões e (carros, caminhonetes, carretas) de mineradoras.
 

Hérzio mora em Belo Horizonte e diz que usa a via quase todos os dias para ir em um cartório em Congonhas, onde trabalha. Ele ainda comenta o que o motivou a fazer o estudo. 

“Eu presenciei o excesso de batidas no trecho, que provocaram mortes. Aí fui pesquisar sobre os números da via, mas não tinha nenhum levantamento de concessionária, da Polícia Federal e outros”, expõe.

O engenheiro diz que a BR-040 está muito defasada, que quando ela foi executada era para atender uma demanda menor de veículos, e hoje a estrada está atrasada porque o fluxo de trânsito aumentou muito. 

Ele aponta duas soluções: uma melhora na infraestrutura ou criar uma rodovia paralela que leve as carretas que transportam diariamente minério na via.

“Cheguei a contar em um trecho 61 carretas de minérios em 10 minutos”, termina.  
 

BR-040

 
No fim do ano passado, a equipe de reportagem do Estado de Minas fez uma matéria especial sobre a BR-040, considerada a rodovia mais mortal do país, onde foram verificadas em 2021 um dado assustador: a cada 12 acidentes, uma pessoa perdeu a vida na estrada, mais violenta que a BR-381, que recebe esse título de mais mortal pela população. 

Os motoristas reiteram uma das maiores reclamações dos prefeitos em reunião, que é quanto ao tráfego pesado de carretas carregadas de minério, que degradam a pista pelo peso e a quantidade dos veículos. 

Além disso, as carretas deixam a pista escorregadia pelo derramamento constante de cargas, como carvão e minério destinados às siderúrgicas, que termina com carros e carretas sofrendo derrapagens e se acidentando fora da pista ou na valeta central que separa as duas mãos de direção. 
 

Com o período de chuva, a situação da rodovia se agrava mais ainda. O grande nível de precipitação acarreta no entupimento de canaletas e grelhas pluviais, tornando frequentes os alagamentos, a degradação da pista e também a progressiva destruição das bases da estrada pela erosão.
 
Um dos trechos mais perigosos fica em Itabirito, no km 588. Trata-se de um segmento sinuoso, que termina com a forte curva do Ribeirão do Eixo, onde muitos veículos, sobretudo de carga, entram em velocidade incompatível e acabam se acidentando. Bem próximo, a Curva do Cavalo, também em Itabirito, no km 596, é conhecida pelos desastres.


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