A partir de hoje, pousos e decolagens estão proibidos no Aeroporto Carlos Prates, na Região Noroeste de Belo Horizonte, por determinação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O governo de Minas confirmou o fechamento por meio de nota enviada à imprensa.
O terminal está sendo fechado após pressão de moradores preocupados com os acidentes e mortes nos últimos anos. Por outro lado, tristeza, preocupação, desânimo e incertezas marcaram o último dia de funcionamento do terminal entre as empresas que atuam no local, como escolas de pilotagem e oficinas de manutenção de aeronaves, terão suas atividades paralisadas. Desde terça-feira, o governador Romeu Zema, que esteve em Brasília, tentava prorrogar o prazo de desmonte do terminal por seis meses, mas o pedido foi negado pelo governo federal. Em nota, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade informou que levou em conta a complexidade da operação de desmonte, mas apesar dos esforços, respeita a decisão de manter o fechamento a partir de hoje.
O terminal está sendo fechado após pressão de moradores preocupados com os acidentes e mortes nos últimos anos. Por outro lado, tristeza, preocupação, desânimo e incertezas marcaram o último dia de funcionamento do terminal entre as empresas que atuam no local, como escolas de pilotagem e oficinas de manutenção de aeronaves, terão suas atividades paralisadas.
O ambiente foi de desolação e questionamentos entre usuários. Caroline Velásquez, de 38 anos, diretora e sócia-proprietária da VelAir, escola de aviação civil, relatou o desânimo e afirmou que uma pequena parte dos aviões do Aeroporto Carlos Prates irá para o aeródromo de Pará de Minas, no Centro-Oeste de Minas. Segundo ela, o da Pampulha já está fechado para novas aeronaves. “Coração muito apertado, todo mundo preocupado, sem saber o que vai fazer. Dívidas, contas para pagar, de alunos e nossas. Foi um prazo muito curto, inviável para todos nós”.
Caroline contou que com a impossibilidade de esvaziar os locais, há um temor de que aconteçam furtos de maquinário. Segundo ela, nenhum dos usuários sabe o que fazer em relação ao problema. “A preocupação é gigante e o medo de invasões também. Não foi possível tirar muitas coisas, ferramentas, peças, todo o administrativo. Estamos sem saber, não temos notícias. Estamos esperando alguma resposta de alguém”.
Cláudio Jorge da Silva, de 56 anos, é proprietário da Claro Aviação, empresa de Manutenção e Hangaragem de Aeronaves. Ele disse que o momento é de tensão, pois cerca de 500 funcionários perderão o emprego e as empresas não têm para onde ir. “Está impactando mais de 2 mil pessoas, se contarmos as famílias dos funcionários, sem contar os empregos indiretos que são gerados, restaurantes da região, motoboys. Nesse tipo de trabalho você não sai de um emprego e entra em outro, porque não tem”.
O empresário disse que a Associação Voa Prates ainda está em contato com autoridades para tentar um adiamento do fechamento, mas que no momento só podem aguardar. “Nós não somos contra fechar o Prates. Nós somos contra fechar sem ter uma alternativa, que é um aeroporto na Grande BH. Aí nós saímos daqui e vamos para lá, mas o argumento que aqui é um lugar perigoso não se sustenta. Todas as estatísticas mostram o contrário. É tudo vontade política”.
Funcionários do aeroporto dividiram suas atividades ontem entre fazer manutenção nas aeronaves e guardar peças que seriam levadas para outros locais. Rafael Paranhos, de 29 anos, é auxiliar de manutenção de aeronaves e teme não conseguir se reinserir no mercado de trabalho após o fechamento do Aeroporto Carlos Prates. “Eu estou iniciando agora minha carreira e com o aeroporto e minha empresa fechando, vou perder meu emprego, o que vai interromper minha carreira. Eu peço para olharem para a parte tecnológica do aeroporto. Quando fecha o Prates, encerra áreas tecnológicas avançadas. São áreas muito específicas e técnicas”.
Marcos dos Santos, de 47 anos, trabalha como técnico em pintura de aeronaves. Com um filho que passa por problemas de saúde em casa, o profissional relatou muita preocupação e sentimento de desamparo em relação ao futuro de sua família. “Muita tristeza. Não sei o que vou fazer mais. Estou, praticamente, saindo da aviação. Estamos esperando dar 17h para largar serviços, sem saber o que vamos fazer na segunda-feira”.
Um lugar bastante citado para ser destino das aeronaves é o Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, mais conhecido como aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. Apesar da sugestão de local, a solução não é tão fácil. De acordo com a Associação Voa Prates, a Pampulha passa longe de ter a capacidade de comportar a quantidade de aeronaves provenientes do Aeroporto Carlos Prates. Procurada pela reportagem do Estado de Minas, a administração do aeroporto da Pampulha afirmou que decisões sobre mudanças na operação do aeroporto dependem do governo federal e que não há mudanças no funcionamento e movimentação do local.
Pedido de prorrogação é negado
O governador Romeu Zema esteve em Brasília nesta semana para tentar negociar a prorrogação da retirada do material das empresas, mas não obteve êxito. “Apesar dos esforços empreendidos, o Governo de Minas respeita a decisão do governo federal de manter o plano de desmobilização e se coloca à disposição da Prefeitura de Belo Horizonte e dos cidadãos para contribuir no processo de desmonte, observando as limitações legais”, disse o governo do Estado, em nota.
De acordo com a administração estadual, “o pedido levou em conta a complexidade da operação, que envolve diferentes atores atuantes no aeroporto, bem como a necessidade de um adequado planejamento para minimizar os impactos sociais, incluindo possíveis perdas de empregos e a não execução de serviços já contratados”. A ideia era, segundo o governo estadual, “realizar e implementar um planejamento a respeito do aeródromo de maneira mais adequada, organizada e segura e com tempo hábil para reorganização de todos os envolvidos”.
A sócia-proprietária da VelAir, escola de aviação civil, Caroline Velásquez disse que nenhuma informação em relação a um adiamento foi repassada aos usuários. “A prorrogação não aconteceu, até o momento. Estamos aguardando. Temos feito algumas tentativas com autoridades, mas não tivemos retorno neste prazo tão curto. Estamos esperando algo acontecer, mas não sabemos de onde, nem de quem”.
MORADORES
Se entre empresas e funcionários do Carlos Prates há tristeza e temor com o fechamento do terminal, entre a maioria dos moradores o sentimento é de alívio, embora tenha que seja contra a desativação. Vinícius dos Santos, de 30 anos, morador do Bairro Jardim Montanhês, na Região Noroeste de Belo Horizonte, afirmou que o fechamento do aeroporto trará mais segurança à população. “Não fica uma data boa sem cair um avião. Passa um tempo, vai e cai outro. O medo de todo mundo é que chegue um dia que o avião caia em cima de um na rua”.
Se entre empresas e funcionários do Carlos Prates há tristeza e temor com o fechamento do terminal, entre a maioria dos moradores o sentimento é de alívio, embora tenha que seja contra a desativação. Vinícius dos Santos, de 30 anos, morador do Bairro Jardim Montanhês, na Região Noroeste de Belo Horizonte, afirmou que o fechamento do aeroporto trará mais segurança à população. “Não fica uma data boa sem cair um avião. Passa um tempo, vai e cai outro. O medo de todo mundo é que chegue um dia que o avião caia em cima de um na rua”.
Maria de Lourdes Pinto, de 66 anos, também moradora do Jardim Montanhês, comemorou a saída do aeroporto. “O que eu já vi de avião caindo aqui, meu Deus do céu. Tem dia que nem televisão dá para assistir por causa do barulho, muito cedo já começa as decolagens. A gente tem que ser firme, mas fico com medo”. Marta Rodrigues, por sua vez, também moradora da região do aeroporto, afirma que é contra o fechamento, por causa do desemprego que será causado em decorrência da desativação dos serviços. “Esse negócio de cair são acidentes, igual tem de carro. Eu só não concordo porque os funcionários do aeroporto vão trabalhar onde? São 500 pessoas empregadas”.