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Estado de Minas HISTÓRIA E PESQUISA

UFMG faz tomografia em ossada indígena que pode ter até 1.300 anos

Pesquisadores avaliam que o sepultamento pode ter acontecido entre 600 e 1.300 anos; análise de imagens integra pesquisa de mestrado de arqueóloga


04/04/2023 20:54 - atualizado 04/04/2023 23:42

Estrutura funerária foi identificada em 2004, no sítio arqueológico Lapa do Caboclo, em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha
Estrutura funerária foi identificada em 2004, no sítio arqueológico Lapa do Caboclo, em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha (foto: Andrei Isnardis/UFMG)
Uma ossada de uma criança indígena, que integra o acervo do Museu de História Natural e Jardim Botânico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi submetida a uma tomografia computadorizada no último sábado (1º/4), no Hospital das Clínicas, dentro da universidade, em um procedimento considerado raro. 

A estrutura funerária foi identificada em 2004, no sítio arqueológico Lapa do Caboclo, em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, durante as escavações da pesquisa conduzida pelo arqueólogo e professor do Departamento de Antropologia e Arqueologia da UFMG, Andrei Isnardis.
 
As imagens geradas no exame serão utilizadas em pesquisa de mestrado iniciada em 2022 e desenvolvida pela arqueóloga Gabrielle Ferreira – indígena do povo Borum-Kren com ancestrais Puri – no programa de pós-graduação em antropologia da UFMG.
Com as gravações será possível, conforme a UFMG, a “análise dos ossos ali depositados, a fim de que se possa traçar aspectos da história de vida da criança e de seu povo, ainda não identificado, o que poderá contribuir para ampliar conhecimentos sobre a história indígena no território onde se localiza hoje o estado de Minas Gerais”. Os resultados da tomografia vão compor o acervo do museu. 
 
Segundo a UFMG, o sepultamento pode ter ocorrido entre 600 e 1.300 anos, conforme analisado pelos pesquisadores. Cabe lembrar que a maior parte dos sepultamentos humanos provenientes de pesquisas arqueológicas que integram o acervo do museu foi atingida por um incêndio no local em 2020. Porém, a estrutura em investigação por meio de tomografia não sofreu nenhum tipo de avaria à época. 
 
A realização da tomografia computadorizada em sepultamentos antigos do Brasil é um procedimento raro, sendo feita pela primeira vez no Hospital das Clínicas. O procedimento que mais se aproxima disso é o feito em partes anatômicas de pessoas falecidas, mas com tecido e ossos. 
 
A tomografia foi comunicada ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que foi acionado pela comissão do Museu de História Natural e Jardim Botânico para que o deslocamento da estrutura funerária fosse feito sob amparo de toda a legalidade jurídica que casos como esse exigem, pontuou a UFMG.


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