Às vésperas da Sexta-feira da Paixão, a procura por ingredientes para celebrar a Semana Santa movimenta lojas e supermercados de Belo Horizonte. Nesta quarta-feira (5/4), a Rua Bonfim, mais conhecida como rua do Peixe, na região Noroeste, amanheceu com filas, lojas cheias e carregadores trazendo suprimentos, enquanto o barulho da serra fita -lâmina que corta peixe e outras carnes- embalava a corrida dos consumidores para garantir a ceia de Páscoa.
Mesmo com a alta no movimento, as vendas, segundo comerciantes ouvidos pela reportagem do Estado de Minas, ainda estão aquém do esperado. "Se comparar com o início do mês, a venda está muito boa. Mas, ano passado, apesar de ainda terem restrições da pandemia, as vendas foram mais fortes do que esse ano", avalia Sandro Josué, peixeiro há 21 anos. A expectativa é de melhores negócios nos próximos dois dias.
Um dos pratos mais típicos do domingo de Páscoa, o bacalhau, continua sendo líder de vendas, embora esteja com um preço mais alto neste ano. "Primeiramente, o mais procurado é o bacalhau, depois as pessoas procuram peixe para fazer frito, moqueca", disse Josué. Mesmo com preços mais salgados, a população encontra alternativas para adaptar o cardápio. "Tem bastante peixe, para todos os gostos e para deixar a Semana Santa melhor", declara Josué.
Variação de preços
Segundo a pesquisa Mercado Mineiro, o item registrou um aumento expressivo. O bacalhau tipo cod, por exemplo, foi de R$ 152,68 para R$ 171,57 (12,37%). O bacalhau tipo porto imperial, dos R$ 177,88 para R$ 196,43 (10,43%). E o bacalhau tipo saithe, dos R$ 78,83 para R$ 83,32 (5,7%).
Apesar de o bacalhau ser a estrela do feriado, comerciantes relatam um aumento da procura de outros tipos de peixes, dos mais baratos, como surubim e tilápia, até os mais caros, como o salmão. Entre os peixes frescos, a pesquisa do Mercado Mineiro aponta o maior aumento entre a sardinha (11,07%, dos R$ 17,92 para R$ 19,90), do dourado (9,84%, dos R$ 40,90 para R$ 44,93) e do tambaqui (9,7%, dos R$ 25,34 para R$ 27,80).
Mais procurados e dica
Peixeira há 45 anos, Marisa das Dores Araújo Leal diz que, embora não comercializem bacalhau, o estabelecimento está sempre lotado nesta época do ano. Segundo ela, o surubim dourado é o primeiro a esgotar, seguido pelo gurijuba. "É amanhã que o bicho pega", confessa. Na peixaria Lambari, onde Marisa trabalha, a fila constante e o barulho da serra fita -máquina que corta o peixe- não cessa um minuto.
Para não pesar no bolso, os consumidores também devem ficar atentos às variações de preço entre os estabelecimentos. "A recomendação é comprar somente o necessário, escolher o pescado de acordo com o preço e o prato que vai ser feito, para que o consumidor possa economizar", comentou Feliciano Abreu, economista e coordenador do Mercado Mineiro e aplicativo ComOferta.