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Estado de Minas IGREJA CATÓLICA

Em plena Semana Santa, igreja mineira é interditada por causa de rachaduras

Erguida em 1688, construção de Brejo do Amparo, em Januária, no Norte de Minas, é um dos templos católicos mais antigos de Minas


05/04/2023 19:09 - atualizado 05/04/2023 20:59

foto mostra igreja de Brejo do Amparo
Igreja de Nossa Senhora do Rosário foi construida em 1688 (foto: Pablo Magalhães/divulgação)
Na Semana Santa, os lideres religiosos católicos convocam os fiéis a participar das celebrações católicas em todos as paróquias e igrejas e a acompanhar os rituais que lembram a Paixão de Cristo. Mas o administrador diocesano de Januária (Norte de Minas), padre Natelson Coutinho, gravou um vídeo em que faz exatamente o contrário, pedindo aos fieis a não comparecerem em um templo histórico nesse período.

 

Em plena Semana Santa, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, erguida em 1688 e um dos templos católicos mais antigos de Minas Gerais, situada no distrito de Brejo do Amparo (a 5 quilômetros da sede de Januária), foi interditada para celebrações e visitações. 

 

O fechamento foi motivado por rachaduras nas paredes da antiga construção. Tombada pelo Patrimônio Histórico Estadual, a antiga igreja passou por obras de restauração do seu telhado e espaço interno há quatro anos.

 

Em um vídeo, divulgado nesta quarta-feira (5/4) nas redes sociais, o padre Natelson Coutinho informa que fez contato com o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artistico (IEPHA-MG), pedindo uma avaliação do problema por equipe especializada. Por meio de nota, nesta noite, o órgão estadual confirmou que agendou vistoria técnica na construção histórica de Brejo do Amparo para a próxima terça-feira (11/4). Até lá, a igreja vai permanecer fechada.

 

Rachadura no teto da igreja
Rachaduras nas paredes de Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Brejo do Amparo, distrito de Januária (foto: Fábio Souza Santos/divulgação)
 

 

Na  mensagem, o administrador diocesano de Januária lembra que, com a interdição, a Igreja de Nossa do Horário está com as portas trancadas. Mesmo assim, ele pede aos fiéis para não visitarem a “área externa” da capela, ressaltando que  “o movimento de pessoas no local pode comprometer ainda mais” a estrutura do prédio histórico.

 

Ouvido pelo Estado de Minas, Natelson Coutinho disse que as rachaduras nas paredes da Igreja do Rosário no distrito de Januária foram percebidas pelos zeladores do templo em fevereiro. De lá prá cá, informou, as rachaduras aumentaram.

 

O padre Natelson assumiu a administração diocesana em Januária em janeiro, com a vacância da diocese. Pois, o ex-bispo da cidade, dom José Moreira, foi transferido para Porto Nacional (TO) e ainda não houve nomeação do sucessor dele pelo Papa Francisco.

 

Rachadura nas paredes
Rachaduras nas paredes de Igreja de Nossa Senhora do Rosário (foto: Fábio Souza Santos/divulgação)
 

 

O administrador diocesano lembra que são realizadas poucas celebrações na Igreja de Nossa Senhora do Rosário – a última missa no local foi realizada ás véspera do Natal de 2022. O distrito de Brejo do Amparo tem uma igreja matriz.

 

No entanto, devido ao valor histórico da construção, considerada a segunda mais antiga do território mineiro, ela recebe turistas constantemente.

 

Ele ressalta que as visitações na igreja histórica aumentam durante a Semana Santa. Por essa razão, diante do aparecimento das rachaduras, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário foi interditada.

 

"Tomamos a medida por precaução, com o objetivo de evitar o risco de um dano maior ou até irreversível. Não podemos cometer nenhum tipo de irresponsabilidade”, assegura o sacerdote de Januária, cidade situada às margens do Rio São Francisco.

 

Padre Natelson disse que a Igreja, construída no século XVII, vai permanecer fechada pelo menos até a inspeção técnica pelo IEPHA-MG. “Ainda não sabemos quais são as causas das rachaduras. Ainda que seja algo mais grave, quem vai dizer isso é um profissional especializado”, pontou.

 

Ele assinalou ainda que somente os responsáveis pela avaliação técnica vão decidir até quando a igreja continuará interditada e quais são os serviços necessários para garantir a preservação do patrimônio e a segurança dos fieis e dos visitantes.

 

O que diz o IEPHA-MG

 

Procurada pelo Estado de Minas, na noite desta quarta-feira, a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult), por meio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG), confirmou que será feita vistoria técnica por equipe especializada do órgão estadual na Igreja de Nossa Senhora do Rosário no distrito de Brejo do Amparo, em Januária, na próxima terça-feira (11/4).

 

O IEPHA-MG lembra que há poucos anos, em 2019, foram feitas obras de restauração da igreja de Brejo do Amparo, que custaram R$ 1,28 milhão.

 

Confira a nota:

 

“A Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, informa que:

 

Será feita vistoria técnica pela Diretoria de Conservação e Restauração do Iepha-MG no dia 11/04/2023, objetivando definir os serviços necessários para correção dos danos. O tombamento estadual da Igreja Nossa Senhora do Rosário foi aprovado pelo Decreto Estadual n° 29.399, de 21 de abril de 1989. A igreja possui inscrição de 1688, presumivelmente ligada à construção de uma primeira capela.

 

Em 2019 foram finalizadas obras de restauração arquitetônica, instalações complementares e restauração dos elementos artísticos da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. O valor da obra foi de R$1.287.022,81”.

 

 

A história da Igreja de Brejo do Amparo

 

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário foi erguida em 1688, quando se iniciou o povoamento de Minas Gerais e sofreu acréscimo até os anos 1700. O antropólogo e historiador João Batista Almeida Costa, que fez estudos sobre a região, afirma que a construção do templo e a ocupação do Vale do Rio São Francisco ocorreram antes da descoberta do ouro na região de Sabará, Ouro Preto e Mariana.

Ainda segundo ele, a capela foi construída por um parente do bandeirante Mathias Cardoso de Almeida. A nave (parte central, cujo teto desabou) conta com dois altares, que ainda estão relativamente preservados, apesar do abandono do prédio histórico.


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