O Vale do Jequitinhonha vive um momento promissor de mais emprego e renda, na esteira dos investimentos na exploração mineral, do lítio e do grafite. Ao mesmo tempo, entretanto, sofre com as más condições de tráfego rodoviário – essencial para o escoamento da produção–, diante da precariedade de vários trechos da BR-367, que corta a região. “Tenho 46 anos de trabalho em geologia do Vale do Jequitinhonha e nunca vi nada igual, nem nos tempos em que tudo era estrada de chão”, afirma o geólogo Antônio Carlos Pedrosa Soares, professor e pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que reside em Belo Horizonte mas sempre percorre a região a trabalho.
Pedrosa registrou fotos de buracos no percurso da rodovia entre Araçuaí e Itaobim, entroncamento com a BR-116, a Rio-Bahia. “A BR-367 está cheia de trechos muito ruins desde Virgem da Lapa até Salto da Divisa (325 quilometros)”, diz o geólogo. Ele aponta uma série de danos e transtornos para a população e a economia decorrentes da más condições da rodovia, como a falta de segurança, acidentes frequentes, prejuízos para o transporte de cargas, com o aumento do preço do frete para cobrir a elevação do custo de manutenção dos caminhões e ainda atrasos no escoamento da produção regional.
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“O governo de Minas precisa ter projeto de futuro. E o futuro passa pelo terceiro ciclo das minas, o ciclo dos minerais da alta tecnologia (nióbio, lítio, grafite e terras raras), que são abundantes no estado. Essas minas são pequenas, mas seus minérios têm altíssimo valor agregado” , defende o geólogo.
“Prioridade”
Procurado pela reportagem, o governo do estado salientou, por meio de nota do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER-MG), que a BR-367 é uma rodovia federal e disse que os trechos transferidos para a malha estadual sob o nome de MGC-367 estão entre as prioridades de programa do programa Provias, “maior pacote de obras rodoviárias da última década”.No texto, o DEER informou que é responsável pela administração de 192,9 quilômetros da BR-367 (MGC-367), divididos em dois trechos principais, o primeiro deles de Diamantina ao entroncamento com a LMG-677, sentido Turmalina e Ijicatu (distrito de José Gonçalves de Minas), e o outro de Virgem da Lapa até o entroncamento da MGT-342, sentido Araçuaí e Coronel Murta.
“Os intervalos da rodovia entre Berilo e Virgem da Lapa e de Araçuaí até a divisa de Minas com a Bahia são segmentos federais”, informa o órgão. Dessa forma, o trecho entre Araçuaí e Salto da Divisa, citado pelo geólogo Pedrosa como o de pior situação, continua sob a responsabilidade do governo federal.
Ainda de acordo com o DEER, cerca de 100 quilômetros da MGC-367 já estão com as obras de recuperação concluídas: de Diamantina a Couto de Magalhães de Minas (30,40km); de Couto Magalhães de Minas ao entroncamento com a MGC-451 - Posto Seabra/ ligação com Bocaiuva (45,40km); e do entroncamento com a MGC-451 até o entroncamento do acesso a Carbonita (24,90km).
O órgão informou ainda que serviços prosseguem nos seguintes trechos: do entroncamento para Carbonita ao entroncamento com a LMG-677, para Turmalina e distrito de Ijicatu (61km), com 52% dos serviços executados; e do entroncamento da MGT-342 para Coronel Murta e Araçuaí a Virgem da Lapa (31,20km), com 79% dos serviços já executados e que tem a previsão de conclusão nos próximos 30 dias. Segundo o governo do estado, de toda a extensão de 192,9 quilômetros da BR-367 sob a responsabilidade da gestão estadual serão recuperados 162 quilômetros.
Na quarta-feira (5/4), a reportagem encaminhou demanda para a assessoria do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit) em Minas sobre a situação nos trechos federais da rodovia, mas não obteve retorno.