A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte confirmou a terceira morte em decorrência da dengue, em 2023. A informação foi publicada no boletim da pasta, nessa quarta-feira (19/4). Até ontem, 1.755 casos da doença já haviam sido notificados
Outros dois óbitos pela contaminação da arbovirose já foram confirmados na capital. Apesar de não fornecer informações sobre os pacientes, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que todos já tinham outras doenças que “contribuíram para complicações”.
Além dos casos já confirmados, outros 10.168 foram notificados e dependem de resultados de exames laboratoriais e de avaliações epidemiológicas. Foram investigados e descartados 4.926 casos.
Problema na prevenção
Com o aumento do número de contaminações, os moradores de BH estão enfrentando dificuldades para encontrar o inseticida Ultra Baixo Volume (UBV), próprio para o combate do mosquito Aedes aegypti.
O inseticida é distribuído gratuitamente pela PBH, mas, desde o início do ano, muitas das unidades básicas de saúde estão sem o produto em estoque. Em alguns casos, os moradores são informados que o inseticida está em falta em toda a cidade.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a falta do inseticida se deve a uma falha no processo de licitação para a compra do produto. Ainda de acordo com a pasta, já foi feita uma nova licitação e a previsão é de que o inseticida volte a ser distribuído nas UBS nos próximos dias.
Grande BH
Na terça-feira (18/4), a Secretaria Municipal de Saúde de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, confirmou a primeira morte em decorrência da chikungunya no município. O paciente tinha 39 anos e morreu no dia 17 de março deste ano. A cidade possui 828 casos confirmados da doença.
O estado de saúde do homem não foi informado, nem se ele tinha alguma condição de saúde. No dia 20 de março a administração municipal decretou situação de emergência em saúde devido ao aumento do número de casos de dengue e chikungunya.
Já na última semana, a Prefeitura de Betim, também na Grande BH, confirmou a primeira morte de um morador em decorrência da chikungunya em 2023. A paciente, de 88 anos, não teve o nome nem o estado de saúde revelados. Ela foi atendida no Hospital Regional de Betim. O óbito aconteceu no dia 27 de março, mas a causa foi confirmada apenas na última semana, depois que a amostra de sangue da paciente foi analisada pela Fundação Ezequiel Dias (Funed).
Situação em Minas
De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde, nesta segunda-feira (17/4), Minas Gerais já registrou 18.494 casos confirmados de chikungunya. Até o momento, 11 pessoas morreram em decorrência da doença e outros 13 óbitos estão em investigação.
Já em relação à dengue, 87.765 contaminações já foram confirmadas. Há 103 óbitos confirmados e 88 em investigação.
Quanto ao vírus Zika, até o momento foram registrados 202 casos prováveis. Há 19 confirmados para a doença e não há óbitos por Zika em Minas Gerais, até o momento.
O que são arboviroses?
Jordana Coelho dos Reis, professora do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que as arboviroses são um grupo de vírus diferentes, mas que são transmitidos por artrópodes ou mosquitos, como a dengue, malária, zika e chikungunya.
A especialista explica que as arboviroses causam doenças associadas ao sangue. No caso da dengue, a infecção diminui a produção de plaquetas dos indivíduos, causando edemas no corpo.
“O que a gente acredita que está acontecendo é que, antes da pandemia da COVID-19, tivemos um melhor controle da proliferação dos vetores das arboviroses. Nunca foi o ideal, mas a gente tinha um controle marginal pelas campanhas que sempre aconteciam. Durante a pandemia, essas campanhas sumiram, e, por isso, não existe mais o estímulo para que a população faça o controle dos focos”, diz.
Em relação ao possível motivo pelo aumento da procura de internações intensivas de crianças, a professora afirma que os pequenos possuem diferentes respostas imunes, o que pode explicar os casos graves. Mas, além disso, a população adulta já passou por alguns ciclos endêmicos da dengue, por exemplo, e por isso há a possibilidade de ter acontecido uma imunização desse grupo, criando espaço para que o vírus use a população pediátrica para crescer.
“Não temos como saber antes se a criança possui, ou não, predisposição para casos mais graves das doenças. Por isso, a prevenção é importante. O controle do saneamento básico é importante para que as pessoas evitem novos focos de proliferação dos vetores das arboviroses”, explica.
Como se proteger contra arboviroses:
- Retirar os pratinhos dos vasos de plantas;
- Acondicionar o lixo em saco plástico e mantê-lo em lixeira tampada até o dia e horário de recolhimento pelo Serviço de Limpeza Urbana;
- Manter a caixa d’água vedada, sem deixar frestas, mesmo que muito pequenas;
- Realizar a limpeza das calhas e remover folhas e outros materiais que possam impedir o escoamento da água;
- Entregar os pneus ao Serviço de Limpeza Urbana ou mantê-los em local coberto;
- Tratar a piscina com cloro e limpar uma vez por semana;
- Manter o quintal sempre limpo e livre de qualquer material que possa acumular o mínimo de água e se tornar foco do Aedes aegypti;
- Usar repelentes que possuam como composto a icaridina, componente que repele o mosquito vetor de maneira mais eficaz;
- Manter berços e camas de crianças cobertos por telas.