Jornal Estado de Minas

"A PRAÇA É NOSSA"

Moradores reclamam e PBH retira canteiro de obras de largo do Sion


Após a Prefeitura de Belo Horizonte instalar o canteiro de obras no entorno da Praça Miguel Chiquiloff, no bairro Sion, para iniciar obras de drenagem nos arredores, os moradores do local demonstraram insatisfação. Os equipamentos foram instalados no dia 13 de abril, mas desmontados no dia 19, após faixas de repúdio.





 

A Praça Miguel Chiquiloff estava abandonada há anos, como lembra a historiadora Regina Helena (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA. Press. Brasil. )
 


A obra é uma solicitação dos próprios moradores, que já tiveram problemas com alagamentos na região e sofreram alguns prejuízos em decorrência disso. “Em 2017 tiveram muitas inundações no bairro. A água correu atrás dos prédios, inundou muitas garagens e alagou as ruas. Por causa disso, acionamos a PBH para fazer obras nas galerias que passam aqui”, explica Regina Helena Alves da Silva (65), historiadora aposentada da UFMG e moradora do bairro.

 

Regina Helena Alves da Silva (65), historiadora aposentada da UFMG e moradora do bairro (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA. Press. Brasil. )
 

 

 


O projeto inclui a implantação de bocas de lobo, rede tubular em concreto armado e poços de visita, começando na Rua Patagônia, a partir de rede existente (próximo ao n.º 132), desenvolvendo-se pela rua Nicarágua, pela avenida Senhora do Carmo, com direcionamento para a rua Panamá, e lançamento à jusante na rede existente da rua Costa Rica, arredores da praça.


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Contudo, para iniciar a obra, a prefeitura montou um canteiro em um local que foi revitalizado pelos próprios moradores, que o mantém e o transformaram em ponto de encontro, eventos e descanso para os trabalhadores da região. “Não fomos informados que a obra seria feita. Num dia, acordamos e vimos um contêiner na praça, em seguida, ela virou um canteiro de obras”, conta Regina Helena.





Faixa posta nos arredores da praça (foto: Divulgação/ Arquivo Pessoal)


No dia seguinte à montagem do canteiro, faixas foram afixadas ao redor da praça por moradores, denunciando o futuro “trânsito caótico”, insegurança e entrada de pessoas desconhecidas na região. Nos grupos de WhatsApp do bairro, diversas reclamações sobre a obra foram feitas.


Segundo informações da Prefeitura, a obra tem o custo de R$ 2,1 milhões provenientes do Fundo Municipal de Saneamento. A PBH informou também que o canteiro foi desmontado após as reclamações dos moradores e que está sendo montado em outro local, ainda não informado. 


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O vereador Pedro Patrus participou da comunicação entre a sociedade civil e a prefeitura. Ele explicou ao jornal que a obra é fundamental, mas que a praça - mantida pela própria comunidade do bairro - deve ser respeitada. Ele contou que o largo estava fechado pelo canteiro de obras e estava sendo utilizado para depósito de materiais, de maneira a impossibilitar seu uso.





A praça


A Praça Miguel Chiquiloff estava abandonada há anos, como lembra a historiadora Regina Helena. “Fizeram parceria de arrumá-la, mas os responsáveis nunca vieram cuidar. Então, a comunidade dos prédios próximos recolheu um dinheiro para contratar um funcionário e cuidar dela todos os dias. Agora, promovemos eventos na praça, como festas juninas, aulas de ioga, dança, aniversário de moradores e até em biblioteca”. 


O funcionário é Evandro José Silva, de 49 anos, que trabalha em um dos condomínios de frente ao local e faz o serviço de conservação da praça. “Há 3 anos estou lá. Todos os dias eu molho as plantas, varro o chão, cuido da biblioteca, mantenho as lixeiras limpinhas. Mas as podas de árvores, por exemplo, não faço. Isso é serviço da prefeitura e eles não costumam ir”, diz.

 

Evandro José Silva, de 49 anos, que trabalha em um dos condomínios de frente ao local e faz o serviço de conservação da praça (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA. Press. Brasil. )
 


Ele afirma que se sente bem em cuidar da praça e passar um tempo lá é relaxante. “Eu gosto de fazer a manutenção. É gostoso ficar na natureza assim, as árvores fazem vento e sombra. É um local bem utilizado e frequentado, tem funcionários do supermercado próximo e motoboys que gostam de ir pra lá na hora do almoço, além de babás com crianças e, aos sábados, fazem aulas de dança e academia”. 






Segundo Regina Helena, cuidadoras também passeiam com os idosos e alunos de uma escola pública próxima costumam passar tempo no local. Por causa do bom aproveitamento da região, o susto com as obras foi grande. “Quando vimos isso, ficamos espantados, porque é uma praça muito utilizada. Quando entrei em contato com o vereador Pedro Patrus, pedi que viesse olhar a situação e ele fez uma visita técnica com a PBH para realocar os materiais. No mesmo dia, começaram a  desmontá-lo e devolveram a pracinha, agora com a promessa dela participar do programa ‘Adoro BH’ e a Sudecap consertar o chão”.


Agora, a praça está funcionando normalmente. A prefeitura já retirou os tapumes do local e declarou que vai trocar os pisos do local. 


*Estagiária sob supervisão