Jornal Estado de Minas

CIRURGIA PLÁSTICA

Médico de cirurgia com morte de paciente aguarda julgamento em caso igual

O Instituto Mineiro de Obesidade (IMO) não é responsável pela cirurgia ali realizada, seja ela bariátrica ou de cirurgia plástica. A explicação é do centro cirúrgico, que, segundo seu advogado, Matheus Dutra, apenas aluga o espaço para as cirurgias. Dessa forma, a responsabilidade pela morte da auxiliar de enfermagem Gleyciane Alves Maciel Brito, de 38 anos, ocorrida na madrugada desta terça-feira (25/4), é de responsabilidade do médico, ou seja, o dr. Lucas Mendes, segundo o IMO.





Esta é a segunda morte registrada naquele centro cirúrgico com o mesmo médico. Em dezembro de 2021, a paciente Lidiane Aparecida Fernandes Oliveira, de 39 anos, morreu da mesma forma, complicações por cirurgia plástica.


A morte de Gleyciane ocorreu durante a madrugada. Segundo o IMO, ela foi submetida na segunda-feira a uma cirurgia de abdominoplatia e lipoaspiração. Durante a recuperação, o quadro clínico da paciente ficou delicado e ela teve de ser levada para o CTI. A paciente era casada e tinha dois filhos.


A paciente, de acordo com informações da equipe médica responsável pela cirurgia, tinha problemas de trombose e sabia que havia risco nesse tipo de cirurgia. Ela teria, inclusive, assinado um termo de risco cirúrgico, de que poderia sofrer tal fatalidade.





Defesa

Segundo o advogado do IMO, Matheus Dutra, o médico responsável pela cirurgia foi indiciado por homicídio culposo, ainda não julgado, e nesses casos, não está impedido de trabalhar.


“O hospital faz a checagem da documentação, liberação e toda documentação do médico, a chamada certificação, para que possa permitir que ele faça uma cirurgia no IMO. Ele estava de acordo com a regulamentação”, diz o advogado da clínica.


Matheus Dutra informa ainda que o corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), e que o IMO quer manter transparência no caso. O Instituto não pode avaliar a intercorrência. “IML é quem poderá definir a 'causa mortis', assim como cabe à Polícia Civil investigar e abrir inquérito.”


O advogado disse também que o hospital está à disposição da família de Gleyciane para qualquer informação que desejar.

Investigação

A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar a causa e circunstâncias da morte de Gleyciane no IMO. O corpo está sendo submetido a necropsia e formal identificação.





Leia nota do IMO


“O Hospital lamenta profundamente o falecimento da paciente, ocorrido após uma cirurgia de abdominoplastia e lipoaspiração, e veio a óbito algumas horas após a cirurgia, possivelmente em decorrência de um tromboembolismo maciço, a paciente, tinha uma história pregressa de trombose, o que não é contra indicação para a cirurgia, lembrando que essa se trata de uma hipótese diagnóstica, e o corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal para esclarecimento da causa mortis.


Todas as medidas para prevenir o tromboembolismo foram tomadas no procedimento, tanto com o uso de heparina de baixo peso molecular (Clexane) quanto meias de compressão. Contudo as medidas mesmo diminuindo a incidência de complicação não zera a sua ocorrência, sendo um risco inerente a qualquer procedimento cirúrgico ao paciente.


Ressaltamos que o hospital está colaborando integralmente com as autoridades competentes para que o caso seja totalmente esclarecido e que todas as informações necessárias estão sendo fornecidas às autoridades responsáveis.


Nesse momento, a direção do hospital se solidariza com a família e amigos da paciente,prestando todo o apoio necessário neste momento difícil. reforçamos, ainda, nosso compromisso com a transparência e a ética em todos os nossos procedimentos, buscando sempre aprimorar nossos serviços para garantir a segurança e o bem-estar de nossos pacientes.


Leonardo S. Almeida

Diretor Técnico do IMO