O médico que foi assassinado com 29 facadas pelo próprio companheiro no centro de Belo Horizonte era uma pessoa doce e atuante nas questões LGBT+. A avaliação é de um colega do profissional, que conversou com a reportagem do Estado de Minas. Ele preferiu não ter seu nome divulgado.
“Vinícius era uma peça emblemática para a comunidade médica LGBT, amava a sua profissão e dedicava-se à ciência", disse o colega, que é estudante de medicina. Segundo ele, o médico era “gentil, respeitoso e doce”.
O corpo da vítima foi encontrado em seu apartamento. O principal suspeito é seu namorado, o chef de cozinha Victor Dornas Ribas. De acordo com o boletim de ocorrência, o suspeito disse que passou a noite de quinta-feira (20) e a sexta-feira (21) na companhia do médico e mais duas pessoas, as quais não soube identificar. Ele alegou que foi drogado e abusado sexualmente. Em seguida, teria tentado sair do apartamento, mas foi impedido pelo médico, que o teria ameaçado com uma faca.
Vinícius Soares Garcia, de 31 anos, foi morto no último sábado (22/4). ATIVISMO
Mesmo o meio médico sendo considerado conservador, Vinícius nunca se eximiu de se assumir como pessoa LGBT, conforme o colega. “Ao vestir a camisa da luta LGBT e ir atender na posição de médico, ele fez a contribuição dele para a causa dentro da medicina. E isso inspirava e encorajava muitos colegas médicos”, explicou o estudante.
A alegação da defesa do suspeito de que o crime tenha ocorrido após um surto psicótico é contestada pelo amigo. “Foram 29 facadas segundo a perícia! Durante meus estágios no IML, vi muitos crimes parecidos. Uma pessoa que desfere 29 facadas em alguém está com muito ódio da vítima e a intenção principal da pessoa é matar a outra”, contestou.
Em contraponto a essa versão que apresenta Victor como uma pessoa violenta, um ex-namorado do suspeito divulgou nas redes sociais que ele sempre foi uma pessoa tranquila.
A Polícia Civil informou nesta terça-feira (25/4) que Victor Dornas Ribas teve a prisão em flagrante convertida para prisão preventiva, após audiência de custódia ocorrida ontem. Na decisão, a juíza Juliana Pagano destacou que mesmo após cometer o crime, o suspeito teria deixado a vítima sem socorro e, após tentar se matar, teria procurado um médico psiquiatra e se internado em um estabelecimento hospitalar. A manutenção da prisão seria importante para a garantia da ordem pública, conforme a juíza.