Nesta quinta-feira (27/4), o vazamento de fotografias da autópsia do corpo da cantora Marília Mendonça completa duas semanas. Uma fonte da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) revelou ao Estado de Minas que a corporação tem métodos para saber quais pessoas e em quais procedimentos foram acessados os arquivos que continham as imagens.
“Todo ingresso no sistema requer acesso por senhas que levam a dados do funcionário, como a sua matrícula (masp). Contudo, o desafio seria precisar em que momento se deram os prints vazados e se o usuário principal foi quem praticou essa ação criminosa”, informou à reportagem.
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O registro de prints (fotos instantâneas) de telas de computadores de terminais policiais é a principal hipótese para explicar como se deu o vazamento das fotos da necrópsia da artista sertaneja. Oficialmente, a instituição não comenta a investigação interna sobre vazamento de elementos sob sua guarda.
A fonte consultada pela reportagem revelou que outros métodos, como o uso de smartphones para registrar e divulgar criminosamente pelas redes sociais as fotos da perícia no corpo ou mesmo o reaproveitamento dos cartões de memória das câmeras do Instituto Médico-Legal (IML) de Caratinga, no interior de Minas, estariam praticamente descartados.
Consultada oficialmente pela reportagem, a PCMG afirmou que não se manifestará neste momento da apuração do crime. “O procedimento de apuração tramita, em sigilo, na Corregedoria-Geral da instituição. Com o avançar dos trabalhos investigativos, novas informações serão divulgadas”, informou.
Identificada a forma do vazamento, a investigação se concentrará no responsável pelo crime. A forma mais promissora para encontrar quem vazou as fotos pelas redes sociais é por denúncias anônimas ou pelo rastreamento reverso de quem as comercializou ou distribuiu. Um suspeito já foi preso por esse motivo, em Santa Maria, no Distrito Federal, no último dia 17.
No dia 13 de abril deste ano, a assessoria de imprensa da cantora informou ter reconhecido que fotos dos exames de necropsia realizados no corpo entre o material que circula e é negociado por redes sociais. A cantora e mais quatro pessoas estavam em um avião que caiu depois de se chocar contra linhas de alta tensão no dia 5 de novembro de 2021, em Caratinga. Todos morreram.
De acordo com a fonte ouvida pela reportagem, o uso de telefones celulares para registar as imagens ou capturar os trabalhos não teria sido possível durante os trabalhos devido a cuidados que a equipe policial tomou antes. "O acesso de todos ao IML de Caratinga e à funerária foi muito rigoroso. Só entrava quem deixasse o seu smartphone em sacolas separadas e lacradas da PCMG, na recepção dos prédios.
As pessoas só os recebiam de volta quando saíam. tinha até seguranças da artista nos prédios, junto com familiares. Pelas imagens consideradas originais também foi possível concluir que a maioria das fotos de melhor resolução não foram fotos de telas, mas cópias ou prints, pelo menos quatro delas com elementos facilmente identificados como sendo da PCMG", afirma a fonte.
O vazamento por meio dos cartões de memória também é improvável, uma vez que os equipamentos são de guarda exclusiva da equipe do IML e demandariam posse do drive correto e utilização de softwares de recuperação de imagens, uma vez que a estocagem dessas fotografias costuma ser transitória, até que sejam descarregadas no sistema para que o cartão seja usado de novo, explicou a fonte policial.
Até o momento, um homem de 22 anos, identificado como Felipe Alves, foi detido em Santa Maria, no Distrito Federal, suspeito de ter negociado as fotografias da necrópsia de Marília, bem como de outras celebridades que morreram, como os cantores Cristiano Araújo e Gabriel Diniz. Ele pode ser um dos elos da investigação sobre a origem do vazamento e responde por vilipêndio a cadáver, um crime previsto no art. 212 do código penal para quem humilha ou menospreza um cadáver. A pena em caso de condenação é de um a três anos, além do pagamento de multa.
Na segunda-feira (17), o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás determinou que várias plataformas de redes sociais, como Twitter, Instagram e Facebook apaguem fotos do corpo da artista.
Advogado da família
O advogado que defende a família de Marília Mendonça, Robson Cunha, informou que acompanha os desdobramentos sobre o vazamento das fotos e que vai acionar os responsáveis pela distribuição, venda e demais crimes legalmente.
“(Sobre o vazamento ser originário de terminais policiais em Minas Gerais) Não tenho nenhuma informação sobre isso. Soube que há um procedimento administrativo em andamento (na PCMG) e que está sob sigilo. Vamos aguardar”, disse.