Uma médica, de 77 anos, foi vítima de um golpe em pleno dia de aniversário. A reportagem do Estado de Minas conversou com a pneumologista que relatou, em detalhes, como se deram as ações dos criminosos. No último dia 8 de abril, a vítima recebeu uma ligação telefônica, por volta das 8h, dizendo que havia uma lembrança de presente da loja de cosméticos O Boticário, especialmente direcionada a ela.
Na chamada, foi perguntado se ela liberaria o entregador levar a lembrança até a sua casa, um apartamento em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A médica, então, permitiu o envio do presente. "Chegou um rapaz, um jovem, menos de 18 anos, com uma caixa do Boticário e uma sacola também do Boticário. E disse que teria que pagar R$ 7,90 pela taxa de entrega", contou.
O 'entregador' questionou se ela não teria outro cartão para passar o pagamento. Então, a profissional da saúde pegou outro cartão e fez o mesmo procedimento e, novamente, não sendo efetivada a transação. "Inseri o cartão, coloquei a senha e enquanto isso ele estava com uma outra máquina e um celular nas duas mãos. Passei o cartão e a bolinha [ícone de processamento de pagamento na máquina] ficou rodando, rodando", ressaltou.
Diante dessa situação, a médica conta que o criminoso resolveu ir até à loja para pegar uma outra máquina, pois, segundo ele, o dispositivo estaria com defeito. "E [o criminoso] foi embora. Deixou lá o tal do presente. Quando abri a caixa, era um xampu sem nenhum cartão [de presente], nada. Aquilo me alertou na hora e falei: 'Gente, tem alguma coisa errada!'", disse.
Quando Sônia consultou os extratos bancários, o criminoso havia feito compras, à vista, nos dois cartões. No cartão da Caixa Econômica Federal, o golpista tentou realizar sete transações no total, mas somente duas foram aprovadas, que, somadas, representam o montante de R$ 38 mil. Já no cartão do Banco do Brasil, o criminoso havia feito uma compra no valor de R$ 20 mil e, segundo a vítima, o cartão não estava em sua residência, tendo sido levado pelo bandido.
A médica, imediatamente, buscou formas para cancelar os cartões e foi à Polícia para registrar Boletim de Ocorrência. "Atualmente, o Banco do Brasil está negando a minha contestação de R$ 20 mil e a Caixa Econômica ainda está em análise", afirmou.
Ela ressalta que em momento nenhum passou a senha para o 'entregador' e suspeita que, como os cartões passaram nas máquinas, eles teriam sido clonados, permitindo ao criminoso efetuar esses pagamentos.
A reportagem do Estado de Minas entrou em contato com as assessorias de imprensa da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil para os devidos posicionamentos. A Caixa emitiu a seguinte nota:
Ela ressalta que em momento nenhum passou a senha para o 'entregador' e suspeita que, como os cartões passaram nas máquinas, eles teriam sido clonados, permitindo ao criminoso efetuar esses pagamentos.
A reportagem do Estado de Minas entrou em contato com as assessorias de imprensa da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil para os devidos posicionamentos. A Caixa emitiu a seguinte nota:
"A CAIXA informa que atua em conjunto com os órgãos de segurança pública nas investigações e operações que combatem fraudes e golpes, sendo as informações de suspeitas consideradas sigilosas, com repasse exclusivamente à Polícia Federal e demais órgãos competentes, para análise e investigação. Em relação ao caso apresentado, esclarecemos que se trata de sigilo bancário e as informações são repassadas somente à cliente."
O Banco do Brasil não respondeu.
O Banco do Brasil não respondeu.
Outro caso, mesmo golpe
Outra que caiu no mesmo golpe foi a professora aposentada F.O. de 69 anos. No dia do seu aniversário, no final de abril, ela foi chamada à portaria do edifício onde mora, no Bairro Grajaú, para receber uma encomenda, "um brinde das Lojas Americanas" pela passagem da data. O homem que entregou o pacote com uma caneca disse que seria preciso pagar R$ 6 pelo seu deslocamento, mas que não poderia ser em dinheiro, só em cartão.
Sem desconfiar de nada, F.O. passou o cartão de crédito na maquininha e conferiu o valor pago. Só ao voltar para sua casa começou a pensar que poderia se tratar de um golpe, afinal não costumava fazer compras nas Americanas. Imediatamente, ela correu até a sua agência bancária para tirar a dúvida. Lá foi informada pela gerente que foi feita uma compra no seu cartão no valor de R$ 2.600.
"Foi tudo muito rápido. Em 20 minutos o bandido clonou o cartão, foi a uma loja e fez uma compra em duas parcelas", contou a vítima. Segundo ela, a gerente a tranquilizou e disse que a situação será resolvida. F.O agora espera a chegada da fatura do cartão na próxima semana para saber se terá algum prejuízo.