Em Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o volume de passageiros dobrou nos ônibus municipais desde a implementação da tarifa zero, em janeiro de 2023, mas há quem faça de tudo para fugir do transporte coletivo gratuito.
Luciano Erick Ferreira, vendedor em uma empresa de crédito no Centro da cidade, prefere andar 40 minutos a pé para ir ao trabalho e evitar os ônibus da linha que atende seu bairro, a 1012 (Terminal Ibirité/Vista Alegre/Morada da Serra).
"Um dia eu peguei ele e foi muito cansativo, porque o ônibus dá muita volta dentro dos bairros. Sobe morro, desce morro. Pra chegar num lugar perto, ele dá muita volta", explica. O tempo de espera no ponto é outro impeditivo: a linha chega a ter intervalos de duas horas entre as viagens até mesmo em dias úteis. "Fui pegar ele e fiquei uma semana de cabeça doendo, porque é muito cansativo", afirma Erick Ferreira.
A vendedora Rayane, que também trabalha no Centro de Ibirité, diz que gasta mais dinheiro hoje do que antes de a tarifa zero ser implementada. Para ir ao trabalho, ela precisa pegar, bem cedo, a Linha 1031 (Terminal/Bosque/Durval de Barros). Quando perde o ônibus, ela precisa pedir um carro de aplicativo para não se atrasar.
"No fim de semana, tenho de pagar do meu bolso mesmo, porque não tem horário para o ônibus passar. Estou pagando pra trabalhar"
Rayane, vendedora
"Pego serviço às 9h e tenho que pegar o ônibus das 7h40 para chegar às 8h. E, na hora de ir embora, eu saio às 19h, mas meu ônibus só passa às 20h20. Antes desse horário, só às 18h30", comenta.
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Aos sábados, a linha chega a ter intervalo de três horas entre as viagens. "No fim de semana, tenho de pagar do meu bolso mesmo, porque não tem horário para o ônibus passar. Estou pagando pra trabalhar", desabafa.
Promessa de mais ônibus
Segundo Rodrigo Valú, chefe da Divisão de Transportes da Ibiritrans, órgão que gerencia o transporte municipal de Ibirité, novos ônibus devem entrar em operação dentro dos próximos dias, o que, para a prefeitura, deve aliviar a superlotação nos coletivos e o tempo de espera entre as viagens."O quadro de horários depende do número de veículos. E chegando novos ônibus, dia 30 chegaram dois e tem previsão de chegar mais novos ônibus, a gente vai conseguir ajustar isso aí", diz.