Águas que inspiram cuidados, demandam atenção urgente e exigem ações efetivas para garantir a qualidade. Os primeiros resultados da expedição “Esse rio é meu”, organizada pelo Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Pará e acompanhada pela equipe de reportagem do Estado de Minas, atestam a presença de esgoto sanitário no Rio Itapecerica, que banha Divinópolis, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais.
Segundo ambientalistas, a análise de amostras revelou que a oxigenação do Rio Itapecerica está abaixo do recomendado pela resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) nº 357, a qual determina que o índice de um rio de água doce não pode ser inferior ao índice 6. No caso do Rio Itapecerica, o nível demonstrado é 3,9, bem inferior, portanto, ao recomendado. Além disso, a análise para a presença de coliformes totais termotolerantes deu positivo, comprometendo a qualidade da água, o consumo e a vida aquática presente nele.
A expedição, que chegou na sexta ao quinto dia (final da primeira semana), já percorreu cinco cidades e rodou mais de 400 quilômetros, em permanente articulação com diversas frentes. O destino foi Divinópolis, maior município da Bacia Hidrográfica do Rio Pará, que é o quarto maior afluente mineiro do Rio São Francisco, ficando atrás do Velhas, Paracatu e Paraopeba.
Análises
Na Praça Candidés, à beira do Rio Itapecerica, em Divinópolis, integrantes do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Pará demonstraram preocupação com a situação do curso d’água. O professor da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), Adriano Guimarães Parreira, que analisou as amostras juntamente com o ambientalista Jairo Gomes Viana, explicou os dois métodos usados: “O primeiro é uma análise microbiológica, na qual se identifica a presença de coliformes totais termotolerantes, enquanto o segundo calcula a medição de concentração de oxigênio dissolvido na água.
O resultado destaca a necessidade de se realizarem ações eficazes e urgentes para o Rio Itapecerica. De acordo com o professor Adriano Parreira, as ações desenvolvidas pelo Comitê da Bacia Hidrográfica, sobretudo a expedição Esse Rio é Meu, dão maior visibilidade a grande parte da população, que, às vezes, fica sem informações e dados. “Dessa forma, os habitantes se sentes instigados a cobrar, do poder público, ações e intervenções que irão melhorar a qualidade da água”.
Expedição
Desde 8 de maio, o Estado Minas acompanha a expedição “Esse rio é meu”, organizada pelo Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Pará e criada para, da nascente à foz, lutar pela conservação das águas e resgatar, na população ribeirinha, o sentimento de pertencimento do manancial. Ao longo do Rio Pará vivem cerca de 900 mil pessoas, afora os que habitam as margens dos afluentes.
Em entrevista ao repórter Mateus Parreiras, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará, José Hermano Oliveira Franco, afirmou que as pessoas estavam se desligando do Rio Pará, o que impede ações mais coordenadas: “Ninguém sabia onde eram a nascente e a foz. Precisamos que as comunidades voltem a olhar o rio como parte delas.” Na avalição do presidente, o governo do estado pode ajudar com investimentos, conhecimento e fiscalização, “cabendo igualmente aos municípios essa responsabilidade”.