Os motoristas de aplicativo fizeram uma carreata, na tarde desta segunda-feira (15/5), pedindo aumento de repasse das plataformas. A manifestação partiu da Praça do Papa, na Região Centro-Sul, em direção à sede da Uber, na mesma região.
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“Esperamos que a Uber possa nos ouvir. Estamos em diálogo constante com eles, mas estão irredutíveis, em relação ao aumento do repasse”, afirma. Xavier disse esperar que a paralisação possa fazer as plataformas mudarem de ideia.
Tarifa defasada
Ian Rocha, de 33 anos, é motorista de aplicativo desde 2016 e destaca que o objetivo da paralisação é reivindicar remuneração digna pelo trabalho.
“Queremos preços mínimos para trabalhar: valor do quilômetro de R$ 2 e corrida por valor mínimo de R$ 10. Hoje, o ônibus em BH custa R$6. O motorista de aplicativo recebe menos que isso e ele pode transportar até quatro passageiros.” Segundo ele, a tarifa mínima para o motorista é de R$5,85. “Fica claro que a tarifa está defasada. A ideia da paralisação é mostrar para as plataformas essa defasagem e que precisa haver o reajuste. Esse é o primeiro passo.
Francisco Bianchi, de 38 anos, trabalha como motorista de aplicativo há 6 e também estava na carreata. Ele disse que o diálogo com as plataformas até existe, porém sem um retorno positivo em relação ao aumento do repasse. “Eles justificam que as tarifas variam de acordo com a oferta e demanda.”
Ele também lembra que os motoristas precisam arcar com outros custos como manutenção dos veículos e combustíveis.
“Vamos considerar apenas os três últimos anos da pandemia, tudo subiu de preço, mas as tarifas continuam as mesmas. Como equalizar essa conta? Não fecha essa conta. Muitos motoristas tiveram que parar de trabalhar ou reduzir a jornada e fazer outro serviço. Todo mundo precisou se readequar, quando o ideal seria a gente continuar prestando o serviço e receber a remuneração adequada. No mínimo, a perda com a inflação.”
Adesão razoável
O ato faz parte do ‘Day Off’, dia destinado a não exercer suas atividades de costume.
Na manhã de hoje, Xavier disse ao Estado de Minas que a adesão foi razoável. “A adesão foi relativamente boa, mas não como gostaríamos, poderia ter sido bem maior”
A principal reivindicação dos motoristas é o aumento do repasse da plataforma para os trabalhadores. O presidente da entidade explicou que atualmente os motoristas recebem, em média, R$ 1 por quilômetro rodado.
Em 2021, um movimento semelhante aconteceu entre os motoristas de aplicativo, que também reivindicaram reajustes no repasse. Assim como em 2023, a adesão não foi das maiores.
Movimento nacional
A paralisação acontece em todo o Brasil e deve durar 24h, portanto até as 4h de terça-feira (16/5). O movimento foi convocado pela Federação dos Motoristas de Aplicativos do Brasil (Fembrapp) e pela Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp). As entidades calculam que 70% dos profissionais da categoria em todo o país devem aderir à paralisação.