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Estado de Minas SUCATEAMENTO

Sindicato dos Rodoviários: 'O transporte em BH é uma bomba relógio'

Belo Horizonte e Região Metropolitana registraram cinco acidentes com ônibus nos últimos cinco dias, deixando 41 pessoas feridas


23/05/2023 15:04 - atualizado 23/05/2023 19:15
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Na foto, passageiros embarcam em ônibus Move, em Belo Horizonte
Somente nesta terça-feira (23/5) dois Move's bateram, ferindo 17pessoas, e uma mulher morreu atropelada por um ônibus (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Belo Horizonte registrou, na manhã desta terça-feira (23/5), mais um acidente de ônibus. Uma batida entre dois coletivos deixou 17 feridos, um deles em estado grave, na Avenida Pedro I, altura do Bairro Vila Clóris, região Norte de Belo Horizonte.

Nos últimos cinco dias, foram cinco acidentes em BH e na Região Metropolitana, deixando 41 pessoas feridas.

O alto número de ocorrências do tipo acende o sinal de alerta sobre a segurança do transporte coletivo na região. Reclamações de falta de estrutura dos ônibus têm sido comuns.

Na tarde desta terça-feira (23/5), uma mulher morreu atropelada por um ônibus do Move em Belo Horizonte. O acidente ocorreu na Avenida Antônio Carlos, no viaduto São Francisco, Bairro Lagoinha.

Para Paulo César da Silva, 51 anos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte (STTR-BH), o sucateamento da frota de ônibus da capital é um problema antigo. “A gente observa que é preciso um tempo hábil para fazer manutenções completas nesses ônibus. Esses veículos chegam a rodar até 20 horas por dia. É feita uma manutenção que não condiz com o desgaste diário deles”.

Outro ponto apontado por Paulo como causador desse sucateamento foi o aumento de viagens após acordo entre Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), Câmara Municipal e BHTrans em relação ao subsídio municipal pago para custear demandas do sistema de transporte da capital mineira.

Ele argumenta que, com mais horários de ônibus, os veículos circulam mais e as manutenções não acompanharam esse aumento.
 

'Bomba relógio'

De acordo com o presidente do STTR-BH, trabalhadores e população ficam “em meio a um fogo cruzado”, na discussão do transporte público em Belo Horizonte.

Ele ainda fez um alerta: “A Câmara quer uma coisa, a Prefeitura quer outra, as empresas outra, e não se chega a um denominador comum. Isso precisa ser discutido rápido. O transporte em BH foi esquecido, está um caos, é uma bomba relógio”.

Paulo ressaltou que são muitos os fatores que tornam o trabalho dos motoristas de ônibus mais estressante e perigoso. “Os trabalhadores estão submetidos, às vezes, a cargas horárias excedentes, mas muitas coisas contribuem. O trânsito, que tem uma frota de carros cada dia maior, menos pistas exclusivas. Tudo isso resulta num maior cansaço físico e mental para o trabalhador”.
 

Sindicato precisa ser ouvido

Paulo César da Silva ressaltou a importância de os órgãos de administração pública abrirem diálogo com os sindicatos, para a proposição de melhorias no dia a dia dos trabalhadores.

“Todo e qualquer problema discutido que envolve categoria profissional tem que se convidar o órgão que os representa. Nós estamos lá na prática. E nunca se convida, se resolve lá entre poder concedente, BHTrans e etc. Temos ideias, dados, que podem ajudar.”
 

“Tem que sentar todo mundo e rápido, porque o transporte está virando um caos. Belo Horizonte está complicado. Qualquer discussão que envolva o transporte coletivo tem que ter a participação dos órgãos representativos para ajudar”, destacou Paulo.

Silva ressaltou, ainda, que os problemas enfrentados pelo transporte público de BH não têm a ver somente com os motoristas ou com os veículos, mas também com toda a infraestrutura do município. “Existem problemas nas vias, é importante construir mais passarelas para que os pedestres não atravessem em meio aos ônibus, é muita coisa. A pefeitura e a Câmara Municipal não podem colocar a culpa nos transportes e fugir das suas responsabilidades. Tem que sentar junto todo mundo e buscar uma saída.”

“Aumentou o número de veículos, aí você imagina o ônibus que faz bairro a bairro. São viagens longas, que passam pelos bairros, pelo centro e, muitas vezes, gera um certo stress na nossa profissão”, encerrou.
 

O que dizem as empresas de ônibus?

Para o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH), os consórcios associados estão colapsando, com as contas no vermelho, devido ao congelamento do valor da tarifa desde 2018, e, por isso, os veículos estão em más condições.

Apesar disso, a instituição tem recomendado aos filiados que coloquem nas ruas apenas os ônibus em boas condições. 

De acordo com o Setra, atualmente, as empresas de ônibus que operam na capital faturam, no mês, R$ 69 milhões, sendo que os custos básicos são de cerca de R$ 120 milhões. “O reequilíbrio econômico-financeiro do sistema de transporte público municipal é essencial para que diversas ações de melhoria dos serviços sejam implementadas, possibilitando a recuperação da demanda e retomada dos investimentos na renovação da frota”. 


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