Larvas, pedras e até a presença de ratos. Esses têm sido os acompanhamentos das refeições servidas aos estudantes das universidades federais de Ouro Preto e Viçosa. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a recorrência com que “corpos estranhos” são encontrados nos alimentos preparados e servidos pelos restaurantes universitários das duas instituições.
Gabriel Borges cursa jornalismo na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e é um dos usuários que encontraram larvas em seu prato de comida. Em entrevista ao Estado de Minas, o jovem relatou que tinha o costume de almoçar no restaurante universitário do campus Mariana, mais precisamente localizado dentro do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas. Apesar de sempre ouvir críticas em relação à qualidade e sabor da comida, Gabriel sempre a achou “ok”.
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Nas redes sociais, as pessoas marcaram o perfil da universidade cobrando providências. Os usuários também endossaram as denúncias, afirmando o quão corriqueiro é encontrar larvas e até pedras em suas refeições.
Em comunicado oficial, emitido na manhã desta quinta-feira (25/5), a UFOP informou que os alimentos hortifrutigranjeiros fornecidos pela empresa terceirizada, responsável pelo preparo e pela oferta das refeições, são desinfetados antes do preparo com uma solução à base de cloro e depois lavados em água corrente. No entanto, o serviço é feito de forma manual, o que “aumenta o risco de passar alguma sujidade”.
“Trata-se, portanto, de um processo complexo, o que não justifica a recorrência de problemas. Nesse caso específico, as ocorrências anteriores foram notificadas, e a empresa responsável substituiu os alimentos estocados, além de realizar um novo treinamento com a equipe envolvida”, informou a universidade.
Além disso, a instituição afirmou que a nota atribuída à empresa terceirizada pela fiscalização da universidade é 7,18 - em um máximo de 9. “A atual empresa obteve a maior nota possível na primeira avaliação e, na segunda, a média caiu para 7,18, resultando em um abatimento de 10% no valor a ser pago pelas 33.135 refeições disponibilizadas na primeira quinzena de maio”.
Viçosa
Apesar de estarem a 128,2 km de distância de Ouro Preto, os estudantes da Universidade Federal de Viçosa (UFV) também passam por situações semelhantes às dos colegas da UFOP. Nicole Isabel, cursa biologia e afirma que a qualidade e variedade das refeições oferecidas pela terceirizada evidencia “um completo descaso”.
Nicole conta que a higiene dos locais também não é das melhores. Ela afirma que já encontraram ratos dentro do restaurante universitário, tanto na parte de produção de comida quanto no salão, onde as refeições são feitas e servidas.
“Larvas são quase parte constituinte do cardápio do RU (restaurante universitário). Normalmente na salada, salada mal higienizada, sempre tem larvinha, caracóis. Teve uma época que a gelatina tinha bolor; o negócio meio que fermentava, criava bolor e eles distribuiam mesmo assim. Teve uma feijoada muito esquisita também há um tempo atrás, com uns pedaços de porco com muitos pelos, umas coisas muito evidentes”, relata.
A graduanda de biologia afirma que, desde que as ocorrências ficaram recorrentes, muitos alunos deixaram de usar o bandejões. “O RU cobra R$ 7,35, e é um completo descaso, um negócio muito porco. A comida é ruim de qualidade e variedade, e quando varia são essas variações meio indesejadas."
Por meio de nota, a UFV informou que foi “pega de surpresa” com as denúncias feitas à reportagem pelos alunos. De acordo com a instituição, até a publicação da matéria nenhuma reclamação ou denúncia, em relação à qualidade e higiene das refeições oferecidas, foi feita. “Se uma denuncia, como a apresentada pelo jornal, chegar até a Administração da Universidade, ela será devidamente investigada e reparada, se for o caso”.
Além disso, a reitoria afirmou que diversas visitas técnicas foram feitas aos restaurantes universitários, inclusive com a presença de representantes de movimentos estudantis. “Dentre as várias exigências às empresas contratadas, estão a apresentação de alvará sanitário, serviço de dedetização e desratização, bem como o cumprimento do manual de boas práticas de fabricação e de procedimentos operacionais padronizados. Além disso, as atividades das empresas terceirizadas são acompanhadas de perto, periodicamente, pelas equipes de gestão e fiscalização técnica presentes nos três campi”.