Os serviços de saúde e de transporte público são os principais problemas enfrentados pela população de Belo Horizonte. Segundo pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Opus (opuspesquisa.com) e divulgada com exclusividade pelo Estado de Minas, 26% dos entrevistados disseram que a saúde é o maior problema da cidade, seguido pelo transporte público (ônibus/metrô), com 23%. Outros 4% apontaram que defeitos no asfalto e na pavimentação da capital são a grande questão a ser solucionada, enquanto 2% disseram que o trânsito é a principal mazela de BH. Somando todas as respostas, quase 30% dos entrevistados apontaram que se locomover na capital mineira é o principal motivo de dor de cabeça.
Os resultados do levantamento, feito com 400 pessoas entre 6 e 8 de maio, evidenciam dois problemas crônicos da capital mineira. No caso do transporte, a população vem assistindo nas últimas semanas a uma verdadeira novela envolvendo a prefeitura, a Câmara Municipal e as empresas de ônibus. Apesar das muitas reclamações dos passageiros em relação à qualidade dos serviços de transporte – superlotação, atrasos, descumprimento do ponto de embarque e sucateamentos dos veículos –, a passagem foi aumentada de R$ 4,50 para R$ 6 em abril. Após uma longa negociação, foi feito um acordo entre PBH e Câmara para pagamento de um subsídio de mais de R$ 500 milhões às empresas de ônibus, o que tornaria possível a volta da passagem ao valor de R$ 4,50, mas isso só a partir de julho.
A crise no transporte público chegou a tal ponto que a Câmara aprovou, de forma unânime, no início de maio, o Projeto de Lei (PL) 332/2022, que permite que a prefeitura assuma a responsabilidade da gestão dos ônibus da cidade, caso as empresas descumpram o contrato com o executivo municipal e continuem oferecendo serviço de baixa qualidade.
A pesquisa do Instituto Opus procurou saber a avaliação da população sobre esse projeto e constatou que os moradores se dividem quando questionados se a medida pode melhorar o transporte público na cidade. Para 40% dos entrevistados, se a prefeitura assumir a gestão dos ônibus, o transporte público vai melhorar, já 33% acreditam que não, 13% não sabem se terá efeito e 15% não conhecem o projeto. “Temos empate técnico, é uma opinião muito difusa e existem muitas dúvidas sobre a efetividade ou não dessa mudança”, afirma Matheus Dias, diretor do Opus.
Pneus carecas
Enquanto nos gabinetes os órgãos públicos tentam dar uma solução para o preço das passagens e a qualidade do serviço, a população tem assistido nos últimos tempos a uma série de ocorrências envolvendo o sistema de transporte: ônibus que pegam fogo e os passageiros são obrigados a sair correndo para não se ferir; veículos que se envolvem em acidentes graves e tumultuam o trânsito de toda a cidade; e casos de coletivos guinchados no meio da rua por problemas mecânicos ou por estarem rodando com pneus carecas.
Enquanto nos gabinetes os órgãos públicos tentam dar uma solução para o preço das passagens e a qualidade do serviço, a população tem assistido nos últimos tempos a uma série de ocorrências envolvendo o sistema de transporte: ônibus que pegam fogo e os passageiros são obrigados a sair correndo para não se ferir; veículos que se envolvem em acidentes graves e tumultuam o trânsito de toda a cidade; e casos de coletivos guinchados no meio da rua por problemas mecânicos ou por estarem rodando com pneus carecas.
Foi o que aconteceu na última segunda-feira, quando quatro coletivos foram autuados e recolhidos para o pátio do Detran/MG por estarem com os pneus desgastados ou lisos. A ação conjunta entre BHTrans e Guarda Municipal ocorreu nas proximidades da Estação Barreiro com o objetivo de fiscalizar as condições de veículos coletivos municipais.
Na quarta-feira, dois acidentes envolvendo coletivos da capital causaram transtornos. No Bairro Goiânia, Região Nordeste, a motorista da linha 5503A (Goiânia A), se envolveu em uma batida com um carro de aplicativo. Os passageiros tiveram que deixar o ônibus, mas ninguém se feriu. Na Região da Pampulha houve outra batida envolvendo uma moto e um ônibus da linha 9550 (Casa Branca/São Francisco Via Estação José Cândido), na Avenida Antônio Carlos.
Na semana anterior, um acidente entre um Move metropolitano, da linha 501, que faz o trajeto Morro Alto/Centro de Belo Horizonte, e um Move da linha 50, que faz Estação Pampulha/Centro, deixou ao menos seis pessoas feridas e interditou o Complexo da Lagoinha, na Região Central de BH, na manhã de sexta-feira. Em 11 de maio, foi a vez de um coletivo da linha 308 (Barreiro/Tirol) pegar fogo na Avenida Sinfrônio Brochado, Região do Barreiro. A suspeita dos bombeiros é que as chamas começaram devido a pane elétrica no veículo.
Além do problema dos ônibus, BH sofre também com o metrô. O modal foi privatizado em dezembro do ano passado, quando a empresa paulista Comporte Participações S/A pagou R$ 25.755.111 para administrar o serviço. Em fevereiro deste ano, funcionários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) entraram em greve por causa da venda da empresa. A paralisação durou mais de um mês e causou transtornos aos usuários do serviço.
Saúde
Assim como no transporte, na área de saúde, as reclamações também são constantes. Entre os problemas ligados aos serviços do setor, na capital, estão as longas filas de espera nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Centros de Saúde, a demora no atendimento e falta de médicos nos postos, especialmente nas periferias. São situações que se agravam principalmente quando a demanda por atendimento aumenta muito, em casos de surtos de gripe, COVID e dengue.
Assim como no transporte, na área de saúde, as reclamações também são constantes. Entre os problemas ligados aos serviços do setor, na capital, estão as longas filas de espera nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Centros de Saúde, a demora no atendimento e falta de médicos nos postos, especialmente nas periferias. São situações que se agravam principalmente quando a demanda por atendimento aumenta muito, em casos de surtos de gripe, COVID e dengue.
Para tentar ampliar a oferta de atendimentos, em 17 de maio, o prefeito Fuad Noman (PSD) anunciou a construção de seis novos centros de saúde até o fim de 2024. Serão investidos R$ 60 milhões nas obras e as unidades devem ser construídas nas regiões: Barreiro (duas), Pampulha (duas), Leste (uma) e Venda Nova (uma). A previsão é que mais de 77 mil pessoas sejam beneficiadas com a mudança. Atualmente, existem 160 Centros de Saúde espalhados pelas nove regionais de BH.
Outro problema crônico é a falta de profissionais de saúde para atender os pacientes. Médicos e enfermeiros lotados nos postos não são suficientes para atender a demanda. Segundo o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG) a falta de segurança nas unidades de saúde tem afastado os profissionais. Em abril, o centro de saúde da Vila Pinho, Região do Barreiro, foi fechado pela PBH devido a recorrentes ondas de agressões aos funcionários do posto. O fechamento afetou pacientes que tinham consultas agendadas e precisaram remarcar os atendimentos. Dois funcionários do posto foram ameaçados e agredidos por usuários insatisfeitos com a prestação do serviço. Uma mulher chegou a colocar uma faca no pescoço de um técnico de enfermagem.
Na terça-feira (16/5), uma enfermeira foi agredida no Centro de Saúde Minas Caixa, na Região de Venda Nova. Uma paciente, insatisfeita com a demora no atendimento, agrediu a profissional com socos e tapas. Os agentes da Guarda foram acionados e a agressora foi encaminhada para uma delegacia da Polícia Civil.
A PBH informou que, nos quatro primeiros meses de 2023, foram chamados 625 profissionais do último concurso público da área da saúde, regido pelo Edital 01/2020. Foram 207 médicos e 228 enfermeiros. De abril de 2022 até março de 2023, outros 1.442 profissionais deste processo seletivo foram convocados.