Um pré-projeto para utilização da área do Aeroporto Carlos Prates foi apresentado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) ao governo federal nesta quarta-feira (31/5). O planejamento reafirma o desejo do município de construir moradias populares e equipamentos públicos em educação, saúde e lazer no terreno localizado na Região Noroeste da capital.
Em reunião online, membros da prefeitura apresentaram as ideias do município à Secretaria de Patrimônio da União (SPU). A proposta inclui a construção de moradias populares; escolas de educação infantil e fundamental; um centro de saúde; uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA); praças; quadras esportivas; e obras de mobilidade.
O pré-projeto será entregue oficialmente ao secretário de Gestão do Patrimônio da União, Lúcio de Andrade, na próxima segunda-feira (5/6), em reunião em Brasília-DF. Na próxima sexta-feira (2/6) está prevista uma visita de técnicos da SPU à área do aeroporto para verificar a situação atual do terreno.
A prefeitura da capital tem convênio vigente com a União para gerenciar as atividades na área do aeroporto até setembro. De acordo com a PBH, a expectativa é de que, durante o período, a SPU encerre a análise do projeto e encaminhe a transferência definitiva do terreno para o município, viabilizando as primeiras intervenções no local.
Nesta quarta-feira encerrou-se o prazo para decolagens no aeroporto. De acordo com a PBH, grande parte da estrutura aeronáutica já foi desativada e retirada, e o prazo para que todo o material seja removido e as atividades administrativas, encerradas, termina em 30 de julho.
Motivo de imbróglio histórico entre empresas de voos de instrução, moradores e a prefeitura, o Aeroporto Carlos Prates entrou definitivamente no radar do prefeito Fuad Noman após acidente no dia 11 de março. Na ocasião, um avião monomotor caiu nos arredores do terminal ocasionando a morte do piloto e deixando a filha dele internada em estado grave no Hospital João XXIII.
Ideias do prefeito
A prefeitura não divulgou detalhes específicos do pré-projeto, mas Fuad Noman coleciona declarações sobre os objetivos da PBH para o terreno. Nos últimos meses, ele falou sobre questões como as prioridades de cronograma das intervenções. Em visita ao aeroporto em meados de abril, o prefeito da capital disse que as obras serão escalonadas.
“Essa foi a conversa preliminar aqui com com o Gustavo (Penna, arquiteto) para a gente poder tomar pé da situação, conhecer o aeroporto, que é muito grande. Vamos planejar agora uma implantação definitiva: o que vai ser e como vai ser. Assim vamos caminhando da primeira fase, para a segunda, para a terceira. Vamos ver o que a gente pode fazer. Eu espero que essa visita seja uma marca inicial [...] Depois disso a gente vê o que é mais fácil para começar. É mais fácil plantar árvores para fazer um parque? Vamos começar por aí. É mais fácil começar pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA)? Vamos começar pela UPA”, disse o prefeito na ocasião.
Em entrevista coletiva na última terça-feira (30/5), Fuad afirmou que trata-se de uma intervenção de longa duração e que as obras devem demorar de cinco a seis anos para serem concluídas.
Conforme adiantado pelo Estado de Minas, o desenho pensado pela prefeitura deve incluir quatro partes, e o investimento previsto está na casa dos R$ 500 milhões. O estudo inicial inclui parcerias com a Federação da Indústria de Minas Gerais (Fiemg) e outras entidades. A PBH ainda espera firmar convênios com o governo federal para a liberação de verbas via políticas públicas como o “Minha Casa, Minha Vida”.
Embate com donos de hangares
O Aeroporto Carlos Prates está desativado desde abril, e o interesse em encerrar definitivamente as atividades no local não foi recebida sem resistência por empresários que atuavam no terreno. Majoritariamente, o terminal funcionava para voos de instrução, e as empresas da área protestaram em diversas oportunidades contra o planejamento da prefeitura.
Na terça-feira, um novo capítulo no embate entre PBH e donos de hangares foi escrito. Em resposta à denúncia de roubos feita por proprietários de galpões no aeroporto, a prefeitura registrou um boletim de ocorrência para solicitar providência contra o que foi considerado uma divulgação de crimes não ocorridos.
A prefeitura é responsável pela segurança do local e reagiu a denúncias de assaltos divulgadas por donos dos hangares, que alegaram que o aeroporto estava abandonado. Segundo a Guarda Municipal, não houve nenhum registro de vandalismo, furto ou invasão na área desde o início de abril. Ainda segundo a corporação, o monitoramento do aeroporto é feito em tempo integral. O caso está sob investigação da 2ª Delegacia de Policia Civil Noroeste.