A Procissão
Depois da comunhão, numa data que celebra a eucaristia, a procissão é o momento mais aguardado. Logo na saída da Igreja da Boa Viagem, dona Maria Lúcia marcou seu lugar em frente ao tapete. Ano após ano, ela confere a tradição de perto e afirma sentir-se mais revitalizada. “Fui criada no Bairro Padre Eustáquio e lá eram feitas muitas procissões, aquilo alimentou a minha fé. Na minha rua, eram as crianças que faziam as bandeirinhas para enfeitar. Tenho 80 anos e, desde pequena, acompanho as tradições. Me sinto gratificada, revitalizada e vejo que o costume permanece toda essa multidão presente”, diz.
A turma era mesmo grande e entoando canções típicas da igreja católica, já na Avenida Afonso Pena, os fiéis pararam o trânsito, literalmente. Um esquema de tráfego cuidou da passagem e agentes da BHTrans, além da Polícia Militar, cercaram o entorno do tapete.
Próximo ao Palácio das Artes, Leandro Jesus contemplava os desenhos feitos de serragem colorida. “Durante a pandemia, nós não pudemos compartilhar com nossos irmãos este momento que é tão específico. Agora, dá aquela borboletinha no interior da gente, por estar de volta uma expressão de fé tão valorosa”, conta. Durante os três anos de suspensão na capital, ele participou da celebração em Ouro Preto e Mariana, mas o retorno é “um momento único e gratificante”.
Ao final da caminhada de 1 km, acontece a tão esperada chegada ao Santuário de São José, no Centro da cidade. A sensação de renovação tomou conta, como disse Ana Cardoso. “Há seis anos participo. Acredito que preenche, é contemplativo, renova a fé e esperança. Lembramos de toda a jornada de vida e sentimos essa fé, pedindo, agradecendo e sendo agraciado”, finaliza.