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Estado de Minas ARTE

Mineiro que esculpiu Peter Lund recebe visita de comitiva da Dinamarca

Comitiva organizada pelo cônsul-geral da Noruega visita casa e atelier do escultor; obras estão em exposição aberta ao público no Mercadão de Lagoa Santa


14/06/2023 18:59 - atualizado 14/06/2023 18:59
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Comitiva organizada pelo cônsul-geral da Noruega levou a embaixadora da Dinamarca no Brasil, Eva Pedersen, e o diretor do Museu de História Natural da Dinamarca, Peter C. Kjaesgaard para conhecer a casa e atelier do artista de Lagoa Santa
Comitiva organizada pelo cônsul-geral da Noruega levou a embaixadora da Dinamarca no Brasil, Eva Pedersen, e o diretor do Museu de História Natural da Dinamarca, Peter C. Kjaesgaard para conhecer a casa e atelier do artista de Lagoa Santa (foto: Divulgação /arquivo pessoal)
Dos 55 anos de trabalho com a madeira (matéria-prima do escultor Celso Vieira, de 79 anos) nasceram incontáveis histórias talhadas a mão. A mais conhecida é uma escultura do pai da paleontologia brasileira, Peter Lund, que foi doada ao Museu de História Natural da Dinamarca, em 2010, quando o cônsul-geral da Noruega, Jeans Olesen, esteve em Lagoa Santa, na Região Central de Minas Gerais.
 
Da relação entre a obra e o museu, surgiu o reconhecimento do cônsul, que visita o escultor todos os anos no dia 14 de junho, data que comemora o nascimento de Peter Lund, uma das figuras mais importantes da ciência brasileira e dos países da Escandinávia.
 
Celso Vieira conta que a casa onde mora e funciona o atelier do escultor será o local de visita que também receberá a embaixadora da Dinamarca no Brasil, Eva Pedersen, e o diretor do Museu de História Natural da Dinamarca, Peter C. Kjaesgaard.
 

Laços entre a arte e a ciência

 
A relação começou em 2010, quando o cônsul-geral da Noruega, que na época também era embaixador da Dinamarca, foi a Lagoa Santa para tratar da construção do Museu Peter Lund, inaugurado dois anos depois. Vieira conta que, ao saber da visita, quis presentear o Museu de História Natural da Dinamarca com uma obra que tratasse a relação afetiva criada por Peter Lund durante as quatro décadas que viveu no cerrado mineiro, entre 1801 a 1880.
 
“Comprei uma tora de pequi, que me custou muito dinheiro na época, mas tinha que ser essa madeira porque o pequi é a história da relação de Lund com o cerrado brasileiro. Ele gostava muito de pequi e até pediu que fosse enterrado na sombra de um pequizeiro. Foi assim que, em homenagem, fiz o doutor Lund carregando um pequi maduro em uma mão e na outra carregando um crânio”.
 
Após a obra pronta, Vieira conta que fez a documentação de doação ao Museu de História Natural da Dinamarca. O secretário de cultura na época comunicou ao cônsul-geral que ao saber, foi até à casa do escultor. “Quando ele viu a obra até se emocionou” lembra.
 
Desde então, todos os anos os laços entre a arte e a ciência são renovados. O escultor conta que Jeans Olesen vai a Lagoa Santa todo dia 14 de junho para tomar um café em sua cozinha e apreciar os trabalhos manuais feito pelo escultor.
 
“Com a relação que criamos, o cônsul todos os anos quando não vem na minha cozinha a gente encontra no cemitério onde está o túmulo do Dr. Lund, um local escolhido pelo próprio naturalista para abrigar seus restos mortais”.
 
A madeira de pequizeiro foi escolhida porque o naturalista dinamarquês gostava do fruto do cerrado
A madeira de pequizeiro foi escolhida porque o naturalista dinamarquês gostava do fruto do cerrado (foto: Divulgação/arquivo pessoal)
 
 

Exposição

 
Neste ano, o escultor vai levar o cônsul-geral da Noruega, Jeans Olesen, e a comitiva para conhecer a exposição “Vida, arte e sensibilidade entalhada em madeira” que reúne mais de 20 obras feitas pelo artista. As esculturas estão expostas no Mercadão Internacional de Lagoa Santa até o dia 9 de julho e a visitação gratuita está aberta ao público.
 
A produtora de arte e curadora da exposição, Lucilene Bredoff, conta que é a primeira vez que o artista expõe em uma galeria de arte em Lagoa Santa. “O trabalho dele é riquíssimo de detalhes, são obras maravilhosas, elas nascem e tomam formas, contam histórias e emocionam. Tem uma escultura que está encantando os visitantes é do espírita Chico Xavier”.
 

Da necessidade ao dom

 
O pilão feito para a esposa, marco da carreira do escultor, está na exposição
O pilão feito para a esposa, marco da carreira do escultor, está na exposição (foto: Divulgação/arquivo pessoal)
 
 
Filho de carpinteiro e autodidata, Celso Vieira afirma que tudo que conquistou foi devido ao apoio da esposa, Neusa Vieira, que por meio de um pedido dela, descobriu o dom de esculpir em madeira.
 
O lagoa-santense conta que se casou aos 24 anos e diante da necessidade da esposa em ter um pilão para socar o alho, desenvolveu um socador de forma intuitiva e disse à esposa quando viu pronto: “descobri o meu dom.’’
 
O pilão tem a mesma idade da carreira do artista mineiro e o trabalho talhado em madeira vindo da necessidade diária pode ser visto na exposição que também vai mostrar obras a partir de perobas, jequitibás, Jacarandás e Ipês.


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