O solstício de inverno que acontece nesta quarta-feira (21/6) não é a única coisa que anuncia a aproximação da temporada mais fria do ano. O ipê, um dos símbolos de Belo Horizonte, também é presságio de que o inverno está chegando. Essas árvores, que são comuns no cerrado, começam a desabrochar e colorir as ruas e avenidas de Belo Horizonte. Na Praça da Liberdade, em frente ao edifício Niemeyer, é possível contemplar um exemplar do famoso ipê roxo, um dos primeiros a florescer.
A árvore do ipê floresce entre junho e setembro, de acordo com cada espécie, e fica totalmente desprovida de folhas quando suas flores caem. A bióloga botânica Fernanda Grossi, professora de botânica da Una, considera o florescimento do ipê uma história engraçada. “O ipê funciona como um termômetro da umidade e da temperatura. Quando sente o tempo ficar mais frio e seco ele começa a 'achar’ que vai morrer e passa a concentrar toda sua energia em produzir as flores e frutos que são necessários para reprodução.”, explica.
De acordo com a professora, o florescimento tem vindo cada vez mais cedo em razão das mudanças climáticas. “O ipê rosa, que é o primeiro a florescer, deveria chegar em meados de julho. Com as mudanças climáticas que causaram o tempo mais frio e seco, eles acabam florescendo antes. Depois do rosa vem o roxo, branco, verde e, por fim, o amarelo que anuncia a chegada da primavera.”, conta.
As floradas podem durar de 3 a 10 dias, e variam conforme a secura do tempo. As folhas coloridas que despencam formam um belo tapete na calçada enfeitando a capital mineira de cima a baixo.
De acordo com o último balanço da Prefeitura de Belo Horizonte, existem quase 29 mil unidades e 9 diferentes espécies de ipês espalhadas pela cidade. Dentre eles, os mais comuns são os de coloração rosa, com um total de 9.768 árvores que florescem geralmente entre os meses de julho e agosto. Já a espécie mais rara é o ipê verde, que tem apenas 24 unidades na capital.
Integrante das 566 espécies diferentes de árvores floríferas de BH, os ipês estão espalhados pelas regionais Leste, Oeste, Noroeste, Centro-Sul e Pampulha.
Deleite para a população
A engenheira de 33 anos Amanda Dusse se intitula com orgulho de “a louca dos ipês” e afirma saber tudo sobre as árvores que enfeitam a cidade. “Eu sei a época que saí, qual sai, sei de tudo, faço a caça dos ipês na cidade. Eu lembro quando eu era criança que eu via a Avenida Amazonas toda cheia de ipê e achava maravilhoso. Acho que é a época que Belo Horizonte fica mais bonita.”, conta.
E mesmo com a frequência anual do florescimento das árvores, não tem quem deixe de fazer uma foto para registrar o momento. Foi essa a ideia de Amanda, que aproveitou o cenário em família para capturar uma ocasião muito especial. A engenheira levou o irmão Carlos Gabriel Dusse e a cunhada Sabrina do Carmo, de 38 anos, para utilizarem os ipês e a Praça da Liberdade como paisagem das fotos pós-casamento civil.
“Acabamos de casar, estamos com a certidão na mão. A Amanda que é fã do lugar falou que tava muito bonito então a gente veio para fazer as fotos aqui e aproveitar os ipês. É um cartão postal, muito bonito, é um lugar de muitos acontecimentos legais onde as pessoas se reúnem, então a gente queria registrar nosso momento aqui mesmo.”, conta a advogada de recém-casada.
Carlos Gabriel afirmou que o casal não pensou duas vezes antes de aceitar a proposta feita por Amanda. “Aqui é uma praça muito bonita, os ipês, as fontes. É um símbolo de BH e um lugar muito bom para vir após o cartório. Não foi por acaso, aceitamos a ideia de primeiro. É um lugar muito especial. Essa praça diz muito.”, afirma.
Já para Bruno do Carmo, publicitário de 30 anos, os ipês são sinônimo de boas memórias e saudade. Ele conta que gosta de fotografar as árvores em todos os lugares que passa, lembrando do ipê que foi seu vizinho no bairro Lagoinha, região Noroeste de Belo Horizonte.
“Eu nasci e cresci no Lagoinha e tinha um ipê enorme, único do bairro. Esse ipê me acompanhou até os 27 anos, mas acabou morrendo. Então, essa época lembra esse ipê que tinha lá. A gente saia na porta para ver ele todo florido e agora a gente sente aquele vazio. Quando eu vejo na cidade vem essa memória, vem minha avó que passeava lá. É uma lembrança boa. Trás a memória da infância e dos entes queridos que já se foram que iam lá para ver o ipê.”, relembra nostálgico.
“Eu nasci e cresci no Lagoinha e tinha um ipê enorme, único do bairro. Esse ipê me acompanhou até os 27 anos, mas acabou morrendo. Então, essa época lembra esse ipê que tinha lá. A gente saia na porta para ver ele todo florido e agora a gente sente aquele vazio. Quando eu vejo na cidade vem essa memória, vem minha avó que passeava lá. É uma lembrança boa. Trás a memória da infância e dos entes queridos que já se foram que iam lá para ver o ipê.”, relembra nostálgico.