Jornal Estado de Minas

CLIMA E SAÚDE

Chegada do inverno baixa temperatura e eleva risco de doenças respiratórias

 

O inverno está começando. Hoje (21/6), precisamente às 11h57, trocamos oficialmente de estação e teremos o dia mais curto e, consequentemente, a noite mais longa do ano, devido ao Solstício de Inverno. Já nos primeiros dias da nova estação, as manhãs começam mais geladas, com mínimas variando entre 10°C e 13°C, e as tardes terão um clima ameno. Ontem (20/6), Belo Horizonte registrou sensação térmica abaixo do zero e, nos próximos dias, ela pode ser ainda mais baixa. Com três meses de inverno pela frente, a população deve redobrar os cuidados com as doenças respiratórias como a gripe, resfriado, rinite alérgica, asma, bronquiolite e pneumonia. Dados da Secretaria Municipal de Saúde apontam aumento de 52,2% nos registros de sintomas gripais só no intervalo de abril a maio. Enquanto isso, nas primeiras semanas de junho, segundo dados da prefeitura, já foi alcançada a média de mil atendimentos por dia.





A chegada do inverno no Brasil e nos demais países ao Sul do planeta tem impacto na duração dos dias e das noites. Durante essa estação, as noites costumam ficar mais longas devido à posição da Terra ao redor do Sol, enquanto no norte, com a chegada do verão, ocorre o oposto: as noites são menores e os dias maiores. “No Brasil, estamos falando de uma variação de minutos ou poucas horas, mais perceptível quanto mais próximo ao Sul do país. Não é possível observar pelo céu, mas é um fenômeno que tem impacto nas nossas vidas”, explica a meteorologista Anete Fernandes, do Instituto Nacional de Meteorologia. Durante o outono e a primavera, chamados equinócios, o dia e a noite têm durações iguais, de 12 horas cada.

PREVISÃO

Antes mesmo de o inverno chegar oficialmente, duas cidades de Minas Gerais já bateram recorde de frio no país. O distrito de Monte Verde, no município de Camanducaia, no Sul do estado, registrou, ontem, a segunda menor temperatura mínima do Brasil, com os termômetros na casa dos 2,6°C, segundo dados divulgados pelo Inmet. Em Maria da Fé, também na Região Sul de Minas Gerais, os termômetros atingiram a casa dos 3,5°C, quase um grau a mais do que a mínima registrada em Monte Verde. Essa foi a quinta menor temperatura mínima no país. O restante do mês de junho deve ser de frio e tempo bastante seco em toda Minas Gerais. São poucas as chances de chuvas, e as temperaturas seguem baixas.

Com a chegada do inverno, as massas de ar frio provocam um declínio de temperatura e alguns episódios de geada podem ocorrer em pontos isolados do Sul do estado, segundo o Inmet. Há previsão de chuvas isoladas no Vale do Mucuri. Rio Doce e Jequitinhonha. Em BH, as mínimas ficam entre 10°C e 13°C, e a máxima não deve ultrapassar os 26°C. A umidade relativa do ar pode cair abaixo dos 30%, nível considerado de atenção pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A previsão para hoje é de céu aberto com nevoeiro ao amanhecer, máxima  de 25°C e mínima de 10°C. O dia amanhece com muitas nuvens e névoa amanhã e assim deve permanecer até a noite, com máxima de 25°C e a mínima, 10°C. Na sexta-feira,  mínima de 12°C e máxima de 26°C.





Perigo

As temperaturas baixas e a queda da umidade do ar são alguns dos fatores responsáveis pelo aumento de casos de doenças respiratórias no inverno. A Secretária Municipal de Saúde de Belo Horizonte informou que as unidades de atendimento da capital já apresentam uma procura maior. Em abril, foram 43.393 atendimentos por sintomas gripais, somando os registros nos centros de saúde e unidades de pronto atendimento (UPAs), enquanto maio teve 62.207. Até o dia 12 deste mês, BH teve 12.158 registros relacionados a quadros clínicos caracterizados por febre, tosse ou desconforto respiratório, referentes a residentes e não residentes da capital. E a tendência é que os casos aumentem, conforme adianta o médico infectologista Leandro Curi. “É um período em que as pessoas costumam passar mais tempo em ambientes fechados e com pouca ventilação, o que favorece a transmissão de doenças respiratórias”, aponta.

A vacina, segundo o médico, é a principal forma de prevenção e de evitar casos graves de gripe. “Cada um tem que fazer sua parte e ter consciência do risco que se oferece às pessoas mais vulneráveis como crianças e idosos”, disse. Por meio de nota, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) destacou a abertura dos centros de saúde aos sábados e domingos para atender a população com sintomas gripais e aliviar as UPAs. Desde o início da estratégia, em meados de abril, já foram realizados 4.748 atendimentos aos finais de semana, segundo a PBH. O município também mantém a oferta de teleconsultas, que já atenderam mais 700 pacientes com sintomas de doenças respiratórias. “O plano contempla ações que têm como objetivo ofertar uma assistência oportuna, segura e de qualidade para evitar a ocorrência de maior gravidade dos casos”, diz o texto da PBH.

Mesmo com o público ampliado,  a cobertura vacinal contra a gripe estava em 50,2% em Belo Horizonte, conforme aponta boletim da Secretaria Municipal de Saúde divulgado em 13 de junho. A meta estabelecida pelo Ministério da Saúde é de, pelo menos, 90%. Até o momento, foram aplicadas cerca de 402 mil doses do imunizante. "A vacina não impede a transmissão, mas, quanto mais pessoas vacinadas, menos internações nós teremos. Isso não quer dizer que não precisa se cuidar. Ambas as vacinas, gripe e COVID, são fundamentais para garantir a saúde da população", complementa o infectologista. O imunizante, disponível para toda a população a partir de seis meses, está sendo aplicado em todos os centros de saúde da capital até 31 de julho.





* Estagiários sob supervisão da subeditora Rachel Botelho

PROTEJA-SE

Saiba onde tomar vacinas contra a gripe e COVID-19 na rede pública de BH
  • Nos 152 centros de saúde distribuídos pelas nove regionais de BH. Os endereços podem ser conferidos no site da prefeitura (prefeitura.pbh.gov.br)
Nos pontos extras:
  • Faculdade UNA (Centro-Sul) - Rua dos Aimorés, 1.451, Lourdes. Funcionamento das 8h às 16h
  • Faculdade Universo (Nordeste) - Rua Paru, 762, Nova Floresta. Funcionamento: segunda a sexta-feira das 8h às 12h, entretanto, na segunda, quarta e quinta-feira o atendimento será das 13h às 17h
  • Centro Universitário UNI-BH (Oeste) - Rua Líbero Leone, 259, Buritis. Funcionamento das 9h às 16h

Viroses e alergias 

O inverno é a estação do ano que causa mais preocupação devido ao aumento de doenças respiratórias, tais como a gripe, resfriado, rinite alérgica, asma, bronquiolite e pneumonia.  Isso ocorre porque o tempo seco e a instabilidade climática acabam favorecendo a disseminação de doenças virais o desencadeamento das crises alérgicas. O resfriado e a gripe são causados por vírus, sendo o segundo mais grave e duradouro que o primeiro. É comum a presença de tosse, fraqueza congestão nasal, espirro, coriza em ambos, mas apenas a gripe evolui com febre e dor de cabeça. E se esse quadro não for tratado adequadamente, pode evoluir com uma infecção bacteriana secundária, como sinusite, otite ou pneumonia. No caso de bebês, o cuidado maior deve ser com o vírus sincicial respiratório, causador da bronquiolite, que provoca tosse, febre, chiado no peito e respiração rápida. As rinites também se intensificam porque alguns quadros pioram com a variação da temperatura, causando congestão nasal importante, espirro, coriza e tosse.  E se o paciente não estiver com a asma controlada, doença crônica dos pulmões, onde tem um estreitamento da via respiratória e produção de muco, haverá tosse, chiado no peito e falta de ar.