Mais de duas semanas após a morte da escrivã Rafaela Drumond, de 31 anos, o sentimento de dor e justiça ainda rodeia a família da mulher que sofria com assédios morais e sexuais dentro da delegacia onde trabalhava, em Carandaí, na região do Campo das Vertentes de Minas Gerais.
A reportagem do Estado de Minas conversou com o pai de Rafaela, Aldair Drumond. Ele falou sobre como a família passou as últimas semanas sem a filha. “Estamos destruídos. Eu lembro dela comigo, empurrando um carrinho com minha esposa. Estamos realmente destruídos. Vamos ficar forte e sobreviver, mas jamais esqueceremos. A dor é muito grande e não dá para dividir com ninguém”, desabafou.
Leia Mais
Escrivã da Polícia Civil morta é homenageada por servidores em Minas'Caso envolvendo suicídio de escrivã é prioridade da polícia', diz delegadoGoverno promete apuração sobre morte de escrivã da Polícia CivilFamília estranha sumiço de arma de escrivã que estava em apartamentoSindicato defende afastamento de policiais acusados de assédio por escrivãPF prende em Confins procurado pela Interpol que espancou mãe até a morteBH: batida com motorista bêbado a serviço da Cemig deixa 8 crianças feridasMetrô de BH: governo Zema aumenta passagem para R$ 5,30Veja lista de festas juninas em BH neste fim de semanaNestes áudios, ela relatava o que acontecia rotineiramente dentro da Delegacia e também denunciava outros servidores. “Eu nem contei pra vocês, porque, sabe, umas coisas que me desgastam. Quanto mais eu falo, mais a energia volta. Fiquei calada. Fiquei quieta na minha, achando que as coisas iriam melhorar. Eu não incomodo muita gente, mas, enfim, agora chega”, disse Rafaela.
Nesta semana, a Polícia Civil transferiu o delegado e um investigador da unidade de Carandaí para Conselheiro Lafaiete. “Significa que a investigação está andando, é um primeiro passo”, disse Aldair.
A instituição também informou que a corregedoria assumiu as investigações. Esse era um dos principais pedidos do pai de Rafaela, para que as apurações não ficassem a cargo apenas da delegacia local. “A família queria que fosse feito em Belo Horizonte, então, como foi para lá, a família sente que terá uma apuração transparente. Acreditamos que há profissionais sérios que vão saber separar o joio do trigo. Agora está nas mãos deles”, disse.
Na última quarta (21), Seu Aldair esteve em Belo Horizonte, realizando um protesto solitário no Centro da cidade. Além de cobrar agilidade nas investigações, ele também pede segurança para sua família e diz estar passando por situações de intimidação. “Minha filha falou que alguns policiais rondavam a casa dela. Pode ser que tenha algum tipo de pressão. Por isso me manifestei. Apesar da investigação estar na corregedoria, não quer dizer que a gente está seguro. Eu acredito que eles vão ver o que aconteceu, elucidar o caso. Queremos a dignidade de nossa filha”, contou.
A reportagem também entrou em contato com a Polícia Civil e aguarda retorno.