Em 2010, quando foi feita a última pesquisa do tipo no país, a cidade contava com 2.375.151 moradores. No ano passado este número caiu para 2.315.560. Já nos municípios da Grande BH, o movimento foi contrário, com crescimento populacional. O fenômeno ainda será objeto de observações e estudos das informações mais acuradas do Censo, mas, em primeira análise, revela um cenário já esperado.
Belo Horizonte teve a sexta menor queda no índice entre as capitais, atrás de Salvador, Natal, Belém, Porto Alegre e Recife; e à frente do Rio de Janeiro, Vitória e Fortaleza. As demais tiveram crescimento populacional.
A queda na população belo-horizontina não foi recebida com surpresa pelo IBGE. De acordo com a coordenadora operacional do Censo em Minas Gerais, Rúbia Lenza, as características espaciais da capital mineira já apontavam para uma queda na população, por não haver condições físicas para que a cidade abrigue mais moradores.
“Não foi surpreendente porque BH é uma capital pequena, não tem muito espaço para crescimento. O que notamos é que a população nas áreas de concentração de BH, incluindo os municípios ao redor, aumentou. É uma dinâmica que a gente percebe também em outros centros urbanos”, explicou.
População quase dobrou até 1960
Nos primeiros censos nacionais, Belo Horizonte registrou aumentos vertiginosos em relação às pesquisas anteriores. De acordo com dados do IBGE, em 1950 a capital mineira tinha 352 mil moradores, 66,9% a mais do que na década anterior. A população quase dobrou até 1960, quando chegou próximo dos 700 mil habitantes.
Na década seguinte, a cidade rompeu a barreira de um milhão de pessoas e superou a marca dos dois milhões em 1991. Desde então, os aumentos de população foram mais modestos, de apenas 6,1% entre 2010 e 2000, mas ainda assim não foi registrado um decréscimo no índice.
Na década seguinte, a cidade rompeu a barreira de um milhão de pessoas e superou a marca dos dois milhões em 1991. Desde então, os aumentos de população foram mais modestos, de apenas 6,1% entre 2010 e 2000, mas ainda assim não foi registrado um decréscimo no índice.
A coordenadora operacional do Censo em Minas Gerais acrescenta mais um fator à análise da possível redução populacional em BH. Em consonância com outros centros urbanos brasileiros, há uma redução na concentração de moradores por domicílio, destaca Rúbia Lenza.
“Outro fator que vimos no Brasil todo em vários municípios foi a diminuição do número de moradores por domicílio. Em Minas Gerais a média foi de 3,3 pessoas por endereço e caiu para 2,7. As pessoas têm menos filhos, moram mais sozinhas e isso também leva a uma diminuição”, explica.
O cenário geral nas cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte, no entanto, é diferente. Na maior parte delas, a população aumentou e, em alguns exemplos específicos, o crescimento superou a marca dos 20% em relação ao último Censo. Para Lenza, parte desse movimento pode ser explicado pela migração de moradores da capital para as cidades vizinhas.
“Tivemos uma mudança de arranjo, de avanços tecnológicos e também um impulso causado pela pandemia. Muitas pessoas procuraram cidades com melhor qualidade de vida ou com menor custo para se viver. A gente percebe, por exemplo, o aumento populacional de Nova Lima e Lagoa Santa. BH teve uma redução, mas as áreas de concentração da região, arranjos populacionais com mais de 100 mil pessoas, registraram um aumento”, avaliou.
Atração de moradores
As duas cidades citadas pela especialista registraram aumentos populacionais significativos nos últimos 12 anos. Com características parecidas de abrigar pessoas que trabalham em Belo Horizonte, Lagoa Santa e Nova Lima estão entre os cinco municípios da Grande BH que mais cresceram entre 2010 e 2022.
Lagoa Santa lidera a lista de crescimento na Região Metropolitana de Belo Horizonte, saindo de 52 mil moradores para 75 mil, uma variação de 43,08%. Nova Lima ocupa a quinta posição deste ranking, passando de 81 mil habitantes para 111 mil, aumento de 37,9%. Entre as duas estão Sarzedo, com crescimento de 42,73%; Esmeraldas, de 42,02%; e Juatuba, de 38,5%.
As variações na população da Região Metropolitana de BH, embora esperadas e explicadas pelos critérios listados pela especialista, ainda passarão por análises mais minuciosas a partir da divulgação, como ressalta Lenza: “a gente precisa estudar várias variáveis que o Censo traz, uma gama enorme de informações sobre migração e deslocamento e precisamos de um tempo para analisar isso tudo”.
Cenário em Minas Gerais
Os dados do Censo de 2022 apontam que Minas Gerais tem 20.538.718 habitantes. A população no estado aumentou 4,8% em relação à pesquisa de 2010. Das 12 mesorregiões do estado, nove registraram aumento populacional e três, decréscimo.
A região mineira que teve maior crescimento populacional foi o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, que passou de 214 mil habitantes para 240 mil, um aumento de 12,36%. Na sequência vêm: Oeste de Minas, com crescimento de 10,03%; Sul e Sudoeste, de 5,33%; Noroeste, de 6,32%; e a Região Metropolitana de Belo Horizonte, de 5,51%.
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As três regiões mineiras que registraram queda de população foram o Vale do Mucuri, que saiu de 38 para 36 mil habitantes, uma queda de 4,75%; Jequitinhonha, que saiu de 69 mil para 66 mil, variação de 4,45%; e o Vale do Rio Doce, que saiu de 162 mil moradores para 159 mil, queda de 1,31%.
Em Minas Gerais está a cidade menos populosa do país. Serra da Saudade, na região Central do estado, não atinge sequer a marca dos mil habitantes, com apenas 833 moradores contabilizados. Ao todo, 17 municípios mineiros não atingiram a marca de 2 mil pessoas. Das 853 cidades do estado, 483 têm menos de 10 mil moradores.
Cidades com maior variação em cada mesorregião:
- Campo das Vertentes - Ijaci (19,53%); Caranaíba (- 10,8%)
- Central Mineira - Araújos (16,69%); Estrela do Indaiá (-21,16%)
- Jequitinhonha - Mata Verde (15,74%); Chapada do Norte (-31,94%)
- Metropolitana de BH - Lagoa Santa (43,08%); São Sebastião do Rio Preto (- 21,95%)
- Noroeste de Minas - São Gonçalo do Abaeté (17,74%); Lagamar (- 12,75%)
- Norte de Minas - Urucuia (28,48%); Rubelita ( - 26,93%)
- Oeste de Minas - São Sebastião do Oeste (51,85%); Iguatama (- 14,98%)
- Sul/Sudoeste de Minas- Extrema (87,01%); Cabo Verde (- 17,46%)
- Triângulo Mineiro/ Alto Paranaíba - Santa Juliana (38,78%); Gurinhatã (- 15,40%)
- Vale do Mucuri - Catuji (4,8%); Serra dos Aimorés (- 17,45%)
- Vale do Rio Doce - Santana do Paraíso (64,31%); São Geraldo da Piedade (- 24,7%)
- Zona da Mata - Divinésia (28,33%); Guarará (- 19,85%)