A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) ouviu, na manhã desta quinta-feira (29), servidores que trabalhavam com a escrivã Rafaela Drumond na Delegacia de Carandaí, na região do Campo das Vertentes. A servidora tirou a própria vida no dia 9 deste mês, após fazer denúncias de que sofria assédio e perseguição dentro da unidade policial.
Em nota, a instituição informou que o procedimento faz parte da investigação e que mais informações serão divulgadas quando for possível.
Nos áudios enviados por Rafaela para uma amiga, ela cita ter conversado com o delegado sobre as denúncias de assédio, mas não teve apoio do superior. “Não quis tomar providência porque ia me expor. Isso é Carandaí, cidade pequena. Com certeza ia se voltar contra quem? Contra a mulher. Eu deixei, prefiro abafar. Eu só não quero olhar na cara desse boçal nunca mais”, disse a escrivã.
Rafaela diz ainda que foi aconselhada a deixar os problemas de lado, que deveria esquecer o que desagradasse. Conta ter sofrido o assédio sexual de um colega, em 2022. “Eu nem contei pra vocês, porque, sabe, umas coisas que me desgastam. Quanto mais eu falo, mais a energia volta. Fiquei calada. Fiquei quieta na minha, achando que as coisas iriam melhorar. Eu não incomodo muita gente, mas, enfim, agora chega”, disse Rafaela.
Relembre o caso
Rafaela Drumond, de 31 anos, foi vítima de suicídio. Na sexta-feira (9), ela estava na casa dos pais, na cidade de Antônio Carlos, na região do Campo das Vertentes, quando tirou a própria vida.
A escrivã trabalhava em uma delegacia em Carandaí. Nos últimos meses, Rafaela teve mudanças em sua personalidade, passando a ficar mais retraída e calada. O fato chegou a incomodar os pais que, após uma conversa com ela, foram informados de que ela estava estudando para um concurso de Delegada da instituição.
Semanas antes do ocorrido, Rafaela chegou a denunciar casos de assédio moral e sexual dentro da delegacia em que era lotada. Imagens e áudios que circulam nas redes sociais mostram relatos da policial que, em alguns deles, detalha os assédios que sofria.
Ela também reclamava das escalas de trabalho e da falta de folgas. “Ele ficava dando em cima de mim. Teve um povo que foi beber depois da delegacia, pessoal tinha mania disso de fazer uma carne. Ele começou a falar na minha cabeça, e eu ficava com cara de deboche, não respondia esse grosso. De repente ele falava que polícia não é lugar de mulher. No fim das contas, ele me chamou de piranha”, disse ela em um dos áudios.
Ela também reclamava das escalas de trabalho e da falta de folgas. “Ele ficava dando em cima de mim. Teve um povo que foi beber depois da delegacia, pessoal tinha mania disso de fazer uma carne. Ele começou a falar na minha cabeça, e eu ficava com cara de deboche, não respondia esse grosso. De repente ele falava que polícia não é lugar de mulher. No fim das contas, ele me chamou de piranha”, disse ela em um dos áudios.