Uma investigação da Delegacia de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) resultou na apreensão de um adolescente, de 16 anos, em Belo Horizonte, na última quarta-feira (12/07) durante a operação Discórdia. O caso, apresentado nesta sexta-feira (14/07), serve de alerta para pais e responsáveis.
De acordo com a polícia, o adolescete apreendido era usuários do Discord. A plataforma possibilita práticas ilegais como ataques a pessoas vulneráveis, autolesão, além da prática de atos libidinosos, violência psicológica, violência sexual e até mesmo o suicídio.
“Os integrantes de um grupo que comanda a plataforma Discord usam salas de joguinhos para escolher suas vítimas, quase sempre adolescentes. É um fórum de conversação. Depois de entrar nessa área, o participante é convidado para uma 'panela fechada'. Aí, começa o crime”, explica o delegado Ângelo.
Os policiais chegaram ao adolescente apreendido a partir de uma denúncia recebida por meio da Polícia Federal. “Existe uma fiscalização feita nos EUA que detectou o Discord e passou a informação para a Polícia Federal, que nos repassou”, conta.
De posse da denúncia, os policiais foram até a casa do adolescente e recolheram seu computador, mas segundo o delegado Ângelo, o jovem estava preparado para o caso de ser flagrado. “Ele tinha apagado todos os programas, fotos, vídeos. Só que na internet nada fica escondido”, esclareceu.
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Apreendido, o adolescente acabou contando sobre o funcionamento do grupo e admitiu que integrantes da plataforma também fazem apologia ao nazismo e à misoginia.
Vítima e ameaças
No caso investigado que culminou na apreensão do menor de BH, a vítima, segundo o delegado Ângelo, foi ameaçada de ter fotos suas divulgadas na internet e passou então a acatar as ordem que lhe eram dadas na “panela secreta”. O comando era do adolescente, de 16 anos, apreendido.
“A vítima, que é menor de idade e de outro estado, sofreu uma tortura de cerca de uma hora. Por exemplo, ela foi instruída a raspar a sombrancelha, praticar atos libidinosos com seu cachorro, depois urinar no animal, pegar um canivete e escrever o nome do grupo na pele e ainda enfiar uma faca na vagina” , detalhou o delegado Ângelo Ramalho.
Diante do caso, o integrante da Delegacia de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) que participou da apreensão do menor, confessou ter se assustado ao conversar com o adolescente “Ele foi trazido para a delegacia em um carro em que eu estava. Fiquei surpreso ao perguntar para ele se não ficava constrangido com os pedidos que fazia à vítima e as cenas que assistia. Ele respondeu que pra ele não significava nada e que não o afetava em nada. Fiquei assustado”, lembrou.
Alerta
O delegado Ângelo faz um alerta para os pais sobre a importância de acompanhar o que os filhos andam consumindo na internet. “No caso desse adolescente, ele não frequentava mais a escola. A mãe, que é trabalhadora, acreditava que ele estava estudando remotamente e contou que o filho não saía do quarto. Para ela, o filho estava livre de certas influências, como das drogas. Ela não tinha ideia do que ele vinha fazendo”, explicou
“É fundamental que haja vigilância sobre os filhos, saber o que está fazendo no computador, com quem está falando, o que costuma acessar. É preciso cuidar da família”, reforçou. Ainda segundo o delegado, "qualquer pessoa que tenha sofrido com uma situação semelhante, pode procurar a delegacia. Esperamos que assim, possamos identificar outras vítimas e também os responsáveis pelas ações", finalizou.