Nesta sexta-feira (21/7) começa a 44ª edição do Arraial de Belo Horizonte na Praça da Estação. Considerado o festejo junino mais representativo da Região Sul e Sudeste do Brasil, o evento se estende durante os dias 21, 22, 23, 29 e 30 de julho e 5 e 6 de agosto, com programação reforçada. Feito a muitas mãos, o arraial deste ano gera uma grande expectativa em toda a comunidade junina.
Mantendo a “Experiência Junina Completa”, o “Arraial de Belô” traz as tradicionais apresentações das quadrilhas da cidade, shows com artistas locais e nacionais, além de diversas atividades gastronômicas. Uma das novidades desta edição são os dois primeiros fins de semana dedicados inteiramente às apresentações das quadrilhas do concurso municipal, com o grupo especial e o grupo de acesso.
No terceiro e último fim de semana, em agosto, estão previstas apresentações de artistas locais e nacionais. Em todos dias de festa, haverá uma Vila Gastronômica, com ambientação especial, mesas, cadeiras e outros atrativos.
A vila contará também com as receitas vencedoras do 4º Concurso Prato Junino, iniciativa da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) em parceria com faculdades de gastronomia da cidade, que aconteceu em junho e julho.
“As quadrilhas juninas são um patrimônio da nossa cidade e um dos eixos do Arraial de Belo Horizonte, que chega a 44ª edição em 2023. É com muita alegria que vejo elas voltarem à Praça da Estação, contribuindo novamente para uma cidade mais feliz. Sem contar a nossa gastronomia, um dos principais ativos da cidade, que será representada todos os dias na Vila Gastronômica, espaço de destaque no nosso festejo. O desejo é que a nossa tradição junina siga encantando moradores e turistas”, comenta o presidente da Belotur, Gilberto Castro.
O Arraial de Belô contará ainda com a integração de diversos órgãos municipais e será monitorado em tempo real pelo Centro Integrado De Operações de Belo Horizonte (COP-BH). Alguns dos agentes responsáveis por garantir mobilidade, segurança, limpeza e atendimento em saúde são a Secretaria de Limpeza Urbana (SLU), a Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte (GCMBH), a BHTrans, a Polícia Militar e o Samu.
A Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Municipal de Cultura também participam, com a exposição "O Arraial de Belo Horizonte e a Cidade", realizada no Arquivo Público Mineiro. A mostra reúne uma série de fotografias, documentos e objetos que fazem parte da trajetória do festejo junino.
A programação deste final de semana conta com a apresentação dos 16 grupos de acesso, djs e bandas e até aulão de forró. Na Vila Gastronômica estarão os vencedores do concurso Prato Junino e os seguintes bares do Mercado Central de BH: Bar da Lora, Bar Mané Doido, Bar Zé da Onça, Bom Grill e Lá no Mercado Café. O local de descanso e convivência disponibilizará também barraquinhas com brincadeiras típicas e venda de artesanato na Feira da Economia Solidária. A programação completa pode ser conferida no Portal Belo Horizonte.
Grandes expectativas
O Arraial de Belo Horizonte cresceu e ganhou visibilidade ao longo dos anos, o que rendeu à capital mineira o título de quinto maior destino turístico do período junino do país, pelo Ministério do Turismo e pela Embratur. Neste ano, há grandes expectativas a festança, afirma Mauro Henrique de Oliveira, dono do Ateliê M&M Artes e Criações e responsável pela confecção dos figurinos de alguns grupos que vão se apresentar.
“A expectativa é a melhor possível, acredito que vai ser o maior e melhor Arraial de todos. A proposta é de ser uma estrutura muito grande e que retoma algumas características importantes, como a presença de arquibancadas e uma proximidade maior com o público, e as quadrilhas sendo as estrelas, com os dois finais de semanas destinados às apresentações”, afirma ele.
Oliveira, que atende 14 grupos de BH, região metropolitana e outras cidades como Uberlândia e Brumadinho, começou com o ateliê em 2007. No ano passado, ele assumiu a costura como fonte de renda principal. “Tenho 39 anos e faço quadrilha há 34, então quase a vida inteira. Já atuei como dançarino, marcador, coreógrafo, sou jurado a nível nacional e, desde o ano passado, me dedico em tempo integral à confecção dos figurinos., conta o ex-gerente comercial.
Segundo ele, a preparação para o Arraial é um trabalho contínuo: “As preparações começam em setembro de 2022, sendo que o arraial acaba em agosto. A festa acaba no tablado, mas continua nos bastidores”. Nos dias próximos à festa, o trabalho ainda se intensifica. “Estou há quatro dias sem dormir. Semana passada, fiquei sete acordado”, acrescenta. O ateliê trabalha a todo vapor e, até domingo de manhã, Mauro deve entregar 45 vestidos.
Apesar de todo o trabalho e tantos anos no mundo das quadrilhas, Mauro ainda se encanta com a magia de cada festa. “Cada trabalho e cada entrega é diferente, é mágico. Me faz ser uma pessoa melhor, apreciar as pequenas coisas do dia a dia. Me faz conhecer coisas novas e nunca é a mesma coisa”, finaliza. O costureiro também é dançarino do grupo Junina Forró de Minas, que se apresenta no dia 29 de junho.
Visão dos grupos
Pedro Henrique Barbosa de Jesus, de 22 anos, é marcador do grupo Casa do Chapéu, da Regional Leste da capital mineira. Participante do grupo de acesso, Pedro conta que a expectativa deste ano é alcançar o grupo especial. “Este ano faz dez anos que a gente está no grupo de acesso. Mas, pelo que está sendo feito, acredito que isso vai mudar. Vamos trazer muita coisa nova e diferente, e este ano tem tudo para ser o melhor e maior Arraial já feito”, afirma.
O tema do grupo é “Brincadeira de Criança”. O objetivo é representar no tablado os pequenos, trazendo na coreografia e nas roupas representações do universo infantil. Para alcançar o grupo especial, a quadrilha deve ficar entre as quatro primeiras colocadas do grupo de acesso.
O marcador, responsável por comandar a quadrilha ao decorrer da dança, conta que herdou da família a paixão pelo mundo junino. “Eu praticamente nasci no grupo. Metade da minha família participa desde o ínicio. O grupo tem 20 anos e eu, com 22, fui acompanhado a vida inteira”, explica.
“É inexplicável, a gente começa a se preparar lá em novembro, ensaia praticamente o ano todo para uma dança de 30 minutos. Mas todo mundo que dança sonha em pisar naquele tablado. É muito grande o Arraial de Belô e o que nos proporciona faz tudo valer a pena. Espero ver todo mundo lá, principalmente no dia 22” finaliza.
O grupo Casa do Chapéu foi criado em 2003 por moradores do bairro Casa Branca, na região Leste de Belo Horizonte. Logo nos primeiros anos, a quadrilha se destacou como “revelação de BH”. Em 2005, o grupo se consagrou campeão da Regional Leste de BH.
Apesar de concorrentes, as expectativas de Lucas Lopes da Silva, presidente do grupo Arriba a Saia, não são diferentes. “Estamos com a expectativa muito boa, estamos ensaiando desde novembro um projeto muito grande, maravilhoso e que acreditamos que vai emocionar o público”, projeta.
Original do bairro Mantiqueira, na Região de Venda Nova, o grupo Arriba a Saia foi fundado em 2002. Participante desde 2004 e presidente desde 2012, Lucas conta como entrou nesse universo: “Lá no bairro tinha muitas festas juninas e, em uma delas, vi a quadrilha dançando e achei lindo, maravilhosa a cultura, e procurei saber como fazia para participar.”. Além da presidência, o homem de 37 anos também ocupa os cargos de coreógrafo e diretor artístico.
Participante do grupo especial, o Arriba a Saia se apresenta no dia 29 de julho com a proposta de representar na quadrilha os ciclos da vida. Preparado para 2020, mas impedido pela pandemia de COVID-19, o tema “Os Ritmos na Vida Dançados no Compasso Invisível do Tempo” é a aposta do grupo na conquista do primeiro lugar.
“Esperamos que esse arraial seja maior e melhor. Esse projeto está guardado há alguns anos e acreditamos que agora é a hora de apresentá-lo, vai ser muito bacana e vamos lá para brigar mesmo pelo título”, conclui.
*Estagiária sob a supervisão do subeditor Fábio Corrêa