Jornal Estado de Minas

MEDICAÇÃO SUSPENSA

Criança é internada após suspensão de medicamento de epilepsia contaminado

Um bebê de dois anos está internado há uma semana no Hospital das Clínicas da UFMG (HCL), em Belo Horizonte, após apresentar descontrole das crises epilépticas. O Bebê tem Síndrome de West e faz uso de um medicamento que foi recolhido das prateleiras, após anúncio do laboratório fabricante.




 
O recolhimento de quatro lotes do princípio ativo vigabatrina - comercializado pelo laboratório farmacêutico Sanofi com o nome de Sabril – aconteceu por ter apresentado traços de tiaprida, um antagonista dopaminérgico seletivo indicado para o tratamento de alcoolismo. A contaminação pela substância foi confirmada pela Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil.
 
Três dias antes de Davi Carvalho ser internado, a mãe, Maria Clara Gomes, conta que suspendeu o uso da medicação porque o pequeno estava vomitando sangue, tendo hipersalivação e crises de convulsão.
 
“Meu filho estava sofrendo efeitos colaterais devido à contaminação e a situação dele piorou após a interrupção abrupta do medicamento, devido às crises de abstinência”.




 
A mãe conta que o Sabril foi o único fármaco eficaz no tratamento da síndrome de West e que com a suspensão, o pequeno está tendo crises convulsivas constantes e voltou a sofrer os mesmos sintomas da síndrome antes do início do tratamento, como espasmos musculares.
 
Em nota, a Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil e a Liga Brasileira de Epilepsia explicam que a Vigabatrina é um fármaco anticrise usado para situações específicas, sobretudo para o tratamento da síndrome dos espasmos epilépticos infantis/síndrome de West e epilepsias farmacoresistentes.
 
As entidades ressaltam que a sustância encontrada, tiaprida, não tem aprovação para o uso na população pediátrica no Brasil e orientam que o uso do medicamento Sabril não seja interrompido abruptamente.  As entidades relatam que seguem acompanhando novas informações a respeito da disponibilidade do fármaco pelo laboratório fabricante.




Lotes contaminados

A Sanofi, fabricante do Sabril, fez um comunicado no site da empresa informando que no dia 10 de julho iniciou o recolhimento preventivo dos lotes CRA02747, CRA06696R, DRA00489V e DRA00490 em distribuidoras, órgão públicos e drogarias.
 
O laboratório afirma que os riscos pela interrupção abrupta do uso da medicação é maior que os riscos de qualidade apresentados.
 
A empresa diz que o recolhimento dos lotes pode intensificar a situação de desabastecimento, com faltas temporárias do produto e orienta o paciente a não interromper o uso da medicação e consultar o profissional da saúde.
 
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O laboratório farmacêutico afirma que um novo lote do medicamento está em produção e está sendo tomada todas as medidas necessárias para minimizar o impacto deste recolhimento no abastecimento do produto para que a situação seja normalizada o mais breve possível.