Jornal Estado de Minas

UBERLÂNDIA

MPF investiga negligência em caso de idoso que morreu na porta de hospital

O Ministério Público Federal (MPF) vai investigar se houve negligência e de quem é a responsabilidade no caso da morte do idoso que passou a madrugada aguardando atendimento e morreu na porta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), no fim de semana. A Prefeitura de Uberlândia acionou a Procuradoria do Município por conta de descumprimento de contrato de pactuação com a unidade.




 
O procurador da República Cleber Eustáquio Neves assinou despacho instaurando o procedimento para investigação do caso. “A finalidade é saber quem o é responsável pela negligência. Sabemos que no hospital (HC-UFU) havia equipe para poder atender”, disse.
 
Eurípedes Roberto Faria, de 74 anos, morreu no sábado (29/7) dentro de uma ambulância após esperar por atendimento na porta do HC-UFU. Ele passou mal na noite de sexta-feira (28/7) e foi levado pela família para a Unidade de Atendimento Integrado (UAI) do bairro São Jorge. No local, após realizar exames, os médicos disseram que se tratava de um caso de infarto.
 
Como o quadro era sensível, foi solicitada transferência para o Hospital das Clínicas. Mas, sob a justificativa de que o Pronto Socorro estava lotado, ele não foi recebido e passou a madrugada na UTI Móvel disponibilizada pelo Município. No fim da madrugada ele teve parada cardiorrespiratória e morreu na porta da unidade.




 
A transferência determinada pela regulação municipal aconteceu por meio do chamado “vaga zero”, que é um instrumento para que casos de extrema gravidade recebam atendimento mesmo se a unidade hospitalar não tiver leito disponível.
 
Em nota, o Hospital de Clínicas se manifestou e informou que convive com superlotação. Hoje conta com 69 leitos de Pronto Socorro e atende a 156 pacientes. O texto segue dizendo que o hospital tem feito informes diários e solicitado apoio à Secretaria de Saúde, gestor local do SUS, além de se colocar à disposição para encontrar formas de ajudar na solução.
 
“Essa superlotação do PS-UFU transparece uma pactuação com os Municípios que o hospital não tem condições de atender. Já temos uma investigação a esse respeito”, afirmou ainda Cléber Eustáquio.




 
Município
A Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia acionou a Procuradoria do Município para que medidas sejam tomadas, uma vez que existe um contrato assinado ainda em dezembro de 2022, por meio do qual o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia se compromete a fazer atendimentos como o caso de Eurípedes Roberto Faria.
 
“Lá está pactuado que algumas patologias são de vaga imediata e que serão encaminhadas também imediatas. Entre as patologias está infarto com supra, que é o que aconteceu com esse paciente”, disse o secretário de Saúde Clauber Lourenço.
 
Ele ainda relata que, no sistema no hospital, consta o recebimento do paciente, que nunca saiu da UTI móvel. “A alegação era de não haver leitos, mas a vaga zero é algo que tem extrema necessidade de avaliação de imediato. Esse deveria ir para o setor de cateterismo. Esse setor não foi acionado, ele ficou na ambulância. E às 2h45 a equipe do Pronto Socorro da UFU fez a internação online do paciente, colocou no SUS Fácil como se o tivesse internando”, contou Lourenço.