Jornal Estado de Minas

JUSTIÇA DO TRABALHO

Mãe ganha ação de empresa por falta de local para amamentação

Uma mãe trabalhadora, de Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ganhou na Justiça o direito à rescisão indireta do contrato de trabalho pelo fato da empresa não disponibilizar local adequado para a amamentação da filha. 




 
A decisão é dos desembargadores da Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais (TRT-MG), que reverteram a sentença proferida pelo juízo da 2ª Vara do Trabalho de Pedro Leopoldo.
 
Para o desembargador relator da Primeira Turma do TRT-MG, Luiz Otávio Linhares Renault, a situação ocasionou angústia à trabalhadora. “Isso frente ao confronto entre as necessidades elementares da filha e a falta de meios para garanti-los", disse.

A ex-empregada contou que, diante ao descumprimento da empresa, ficou impossibilitada de retornar ao trabalho, depois da licença-maternidade e período de férias, quando a filha estava com cinco meses e em fase de aleitamento. 




 
Em depoimento, a empregadora declarou que não sabia onde as mães deixavam os filhos quando iam ao trabalho.

“A empresa tem uma média de 300 trabalhadores; que não sabe o que acontece quando as empregadas têm filhos e não sabem com quem deixá-los; que algumas deixam com os maridos em casa, outras deixam com as mães; e a empresa não dispensa funcionárias com filhos sem justa causa”, declara a empresa.
 
No entendimento do relator, a empregadora não negou a acusada inexistência de local apropriado para amamentação. “Ao contrário, confirmou que não possuía espaço para o aleitamento materno. Assim, incontroverso que a empresa não forneceu meio hábil para garantir a amamentação pelo tempo mínimo recomendado pela medicina para a proteção da saúde da criança”, relata o magistrado.
Diante da omissão da empresa, os julgadores reconheceram que a situação inviabilizou a continuidade da relação de emprego diante do descumprimento de obrigações pela empregadora. “Esta, ao não dotar de eficácia a obrigação contida no parágrafo primeiro, do artigo 389 da CLT, desrespeitou o direito à maternidade, à vida e à saúde da criança”, concluiu o relator.




 
Pela norma, “os estabelecimentos em que trabalharem pelo menos 30 mulheres com mais de 16 anos terão local apropriado onde seja permitido às empregadas guardar, sob vigilância e assistência, os filhos no período da amamentação. A exigência do § 1º poderá ser suprida por meio de creches distritais mantidas, diretamente ou mediante convênios, com outras entidades públicas ou privadas, pelas próprias empresas, em regime comunitário, ou a cargo do SESI, do SESC, da LBA ou de entidades sindicais”, afirma.
 
Segundo o voto, a falta cometida é grave, autorizando o reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho. O processo foi remetido ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) para análise do recurso de revista, ou seja, busca eliminar possíveis conflitos em relação à jurisprudência dos tribunais.
 

Mês do Aleitamento Materno

Lei 13.435, de 12 de abril de 2017, instituiu agosto como o Mês do Aleitamento Materno no Brasil. A legislação brasileira prevê que a empregada tem direito a dois descansos especiais de meia hora cada um para amamentar o bebê ao retornar ao trabalho após o período de licença-maternidade. 
 
A CLT determina ainda que os estabelecimentos, com pelo menos 30 mulheres acima de 16 anos, providenciem local apropriado para que as empregadas mantenham os filhos em fase de amamentação.