A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) anunciou ontem medidas para aumentar a cobertura vacinal dos municípios, com a compra de 253 vacimóveis, ações “extramuros” e bonificação para as cidades que atingirem os níveis de proteção recomendados pelas autoridades da área. A estratégia vai levar os imunizantes para quem ainda não recebeu as doses das principais vacinas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, serão investidos mais de R$ 100 milhões na compra de vans vacimóveis. Os 253 veículos serão adaptados para funcionar como um pequeno centro de vacinação itinerante, equipados com refrigeração, pia para higienização, cadeiras, mesas e armários. “Vamos levar a vacina para perto das pessoas. Todas as cidades acima de 50 mil habitantes receberão o recurso para ter seu próprio vacimóvel e os demais municípios poderão ter (acesso aos veículos) a partir dos consórcios de saúde”, explica.
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A compra dos vacimóveis já está em andamento e, no próximo ano, todos os municípios com a população estipulada pelo programa poderão contar com a van. O veículo será um patrimônio público e poderá ser usado em campanhas futuras. Além disso, o prêmio da meta de cobertura já está valendo para todas as cidades.
De acordo com o secretário, estacionar o veículo em locais de grande circulação, como praças e rodoviárias, aumenta significativamente a adesão das pessoas às vacinas. “Temos o exemplo de Lagoa Santa, que, em uma semana do vacimóvel na praça, atingiu o mesmo número de aplicações que o registrado em um mês em unidade básica de saúde”, relatou.
acesso essencial O infectologista Unaí Tupinambás acredita que estratégias extramuros são importantes para aumentar a cobertura vacinal. “Cada vez mais, vemos pessoas sem condições de chegar aos postos por vários motivos: seja o horário de trabalho, a distância ou qualquer outra razão. É importante ampliar o acesso e aumentar o horário de funcionamento dos postos, levando unidades móveis para o Centro ou periferias das cidades”, defende.
A vendedora Michelle Regina, de 40 anos, concorda e defende a abertura de postos nos fins de semana. “Também acho que a população criou uma cultura de que algumas vacinas fazem mal. É preciso ter mais campanhas em meios de comunicação mostrando que isso não é verdade”, diz. Como é mãe de dois filhos pequenos, ela diz que está sempre atenta às datas de vacinação.
“Quando tenho que levá-los para tomar vacina, aproveito e confiro se tenho que tomar alguma.” Ela também destaca a iniciativa de imunização nas escolas como positiva para os pais. “Nem sempre os pais têm tempo de levar as crianças porque trabalham.” E sobre a baixa cobertura vacinal entre as crianças, ela é taxativa. “Só não vacina os filhos quem não quer.”
“Quando tenho que levá-los para tomar vacina, aproveito e confiro se tenho que tomar alguma.” Ela também destaca a iniciativa de imunização nas escolas como positiva para os pais. “Nem sempre os pais têm tempo de levar as crianças porque trabalham.” E sobre a baixa cobertura vacinal entre as crianças, ela é taxativa. “Só não vacina os filhos quem não quer.”
Michelle afirma que está com o cartão de vacinação em dia. Porém, diz que não costuma se imunizar contra a influenza porque relaciona o imunizante a episódios gripais no passado. Mesmo sabendo que a vacina é composta de um vírus morto ou atenuado, ela diz que duas vezes que tomou o imunizante gripo mais e não sentiu o benefício. A última vez foi há sete anos. “Nas vezes em que me vacinei, notei que gripei muito mais. Então decidi não tomar mais”.
No caso da vacinas contra influenza, o público adulto prioritário inclui profissionais de saúde e de outras áreas expostas, pessoas com comorbidades e idosos. Entre as crianças, as que têm entre 6 meses e 5 anos 11 meses e 29 dias. E em seu site, o Ministério da Saúde garante: “A vacina é composta por vírus inativados, portanto, não pode induzir o desenvolvimento da doença. Como qualquer imunizante, ela estimula o sistema imunológico a produzir defesa.
Por isso, é possível que a pessoa tenha uma sensação de dor no corpo ou eventual febre baixa. Além disso, sintomas podem ser decorrentes de uma gripe que já tenha sido adquirida antes da vacinação”. Outro ponto importante é que “está comprovado que a vacina protege contra o desenvolvimento de pneumonias, diminui o número de internações e reduz a mortalidade nessa população”.
Por isso, é possível que a pessoa tenha uma sensação de dor no corpo ou eventual febre baixa. Além disso, sintomas podem ser decorrentes de uma gripe que já tenha sido adquirida antes da vacinação”. Outro ponto importante é que “está comprovado que a vacina protege contra o desenvolvimento de pneumonias, diminui o número de internações e reduz a mortalidade nessa população”.
Coberturas em MG
O ideal é que a cobertura vacinal esteja acima de 90%. Em 2023, até o momento, a cobertura para nove dos 18 imunizantes oferecidos na rede pública para o público infantil é igual ou superior às alcançadas em 2022. Apesar disso, nenhuma vacina atingiu o índice recomendado (veja o quadro). Segundo a SES-MG, a tendência deste ano é ultrapassar as coberturas registradas antes da pandemia, em 2019.Entre os imunizantes destinados às crianças menores de um ano, em Minas Gerais, alguns estão em torno de 10 pontos percentuais, ou até mais, abaixo da meta estipulada pelas autoridades de saúde. É o caso das vacinas contra rotavírus humano (79,96%), meningocócica conjugada C (79,97%) e pneumocócica (81,15%). A cobertura é mais elevada, mas também abaixo da meta, para os imunizantes pentavalente e hepatite B (ambas com 84,97%), poliomielite (85,15%), febre amarela (88,57%) e BCG (89,88%).
Já na imunização de crianças a partir de um ano, o estado registrou este ano taxas ainda menores. No teto está a cobertura para a primeira dose da tríplice viral (86,85%), e no piso, a segunda dose do mesmo imunizante, com 68,06%. Por sua vez, os dados de cobertura para crianças acima de 4 anos apontam baixa adesão às vacinas DTP, que protege contra difeteria, tétano e coqueluche (69,03%) e contra a poliomielite (69,12%).
No país
A baixa adesão aos imunizantes não é um problema exclusivo de Minas Gerais. Em abril, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma lista com os países que tiveram as menores coberturas vacinais desde o fim da pandemia. O Brasil é o único da América do Sul a aparecer no ranking, que inclui o Afeganistão, Angola, Camarões, Chade, Coreia do Norte, República Democrática do Congo, Etiópia, Índia, Indonésia, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Somália, Madagascar, México, Moçambique, Myanmar, Tanzânia e Vietnã.“No Brasil inteiro está muito abaixo do esperado. As medidas anunciadas são sempre bem-vindas porque estamos em risco da volta de algumas doenças graves, como a pólio e o sarampo. Com certeza, é um movimento interessante para ampliar a proteção”, afirma Unaí Tupinambás.
Apesar de os níveis preocupantes serem, principalmente, entre as crianças, ele reforça que toda a população, inclusive os adultos, deve atualizar os cartões de vacina. “A vacinação é o melhor mecanismo de prevenção dessas doenças, inclusive as que apresentam risco de voltar. Exemplo da importância dos imunizantes é a COVID-19. Atualmente, estamos num momento de maior proteção, porque houve grande adesão à campanha”, conclui.
Postos extras e parcerias na capital
A Prefeitura de Belo Horizonte informa que ao longo de toda campanha de vacinação contra a COVID-19, gripe e meningite foram abertos postos extras, pontos de drive-thru e feita a aplicação de vacinas em centros de saúde aos sábados e, aos domingos, dentro do Movimento BH Mais Feliz.
Houve também a intensificação da imunização contra a gripe e meningite, antes do encerramento dessas duas campanhas, ocorridas no fim de julho. As ações foram feitas em dias e horários diversos, inclusive com aplicações no período noturno, em shoppings e estações de ônibus, por exemplo. Segundo a PBH, a vacina contra a gripe também foi ofertada em mais 30 farmácias parceiras.
Em relação à vacinação em escolas, o Executivo municipal informa que foram aplicadas mais de 11 mil doses de vacinas na ação. No momento, a Secretaria Municipal de Saúde está avaliando novas estratégias para ofertar os imunizantes em ambiente escolar, para aumentar a cobertura vacinal.
Além disso, para garantir que a população mantenha a vacinação em dia, os agentes comunitários de saúde (ACS), durante as visitas domiciliares, verificam o cartão de vacinação, como forma de busca ativa. O objetivo é identificar e orientar as pessoas a respeito da importância de manter o cartão de vacinação atualizado. A ação de reforçar a necessidade da vacinação também é feita durante o atendimento nos centros de saúde e por contato telefônico, segundo a PBH.
O órgão reforça ainda que a vacinação contra a COVID-19 segue em andamento para os grupos já convocados. O imunizante é aplicado em centros de saúde e também em postos extras. Já com relação à vacina contra a gripe, mesmo com o encerramento da campanha no fim de julho, a prefeitura mantém a aplicação dos imunizantes remanescentes, enquanto durarem os estoques. Para as pessoas que ainda não se vacinaram, o imunizante estará disponível em todos os centros de saúde da capital. Os endereços e horários de funcionamento das unidades podem ser verificados no portal da Prefeitura.
Novo calendário
Nova edição do calendário de vacinação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) foi publicada ontem. O documento, elaborado pelos departamentos científicos de Imunizações e de Infectologia da instituição, traz orientações atualizadas para médicos, profissionais de saúde e população em geral a respeito da aplicação de vacinas em crianças e adolescentes, do nascimento até os 19 anos.
A edição deste ano inclui a vacina Qdenga©, do laboratório Takeda, recentemente aprovada no Brasil para a prevenção da dengue e ainda não disponível no SUS. O imunizante tem recomendação preferencial, podendo ser aplicado a partir de 4 anos até 60 anos de idade, no esquema de duas doses com intervalo de três meses entre elas. A vacina previne os quatro sorotipos do vírus da dengue, sendo a única que pode ser aplicado em pessoas que nunca pegaram a doença.
Outra mudança, é a incorporação da vacina HPV9, que protege contra os nove tipos de papilomavírus humano (HPV) e previne contra cânceres do colo do útero, da vulva, da vagina, da cavidade oral e do ânus; infecções persistentes e lesões pré-cancerosas ou displásicas; e verrugas genitais.
A edição deste ano inclui a vacina Qdenga©, do laboratório Takeda, recentemente aprovada no Brasil para a prevenção da dengue e ainda não disponível no SUS. O imunizante tem recomendação preferencial, podendo ser aplicado a partir de 4 anos até 60 anos de idade, no esquema de duas doses com intervalo de três meses entre elas. A vacina previne os quatro sorotipos do vírus da dengue, sendo a única que pode ser aplicado em pessoas que nunca pegaram a doença.
Outra mudança, é a incorporação da vacina HPV9, que protege contra os nove tipos de papilomavírus humano (HPV) e previne contra cânceres do colo do útero, da vulva, da vagina, da cavidade oral e do ânus; infecções persistentes e lesões pré-cancerosas ou displásicas; e verrugas genitais.
Sociedade Mineira de Pediatria
Para Gabriela Araújo Costa, infectologista pediátrica e diretora de comunicação da Sociedade Mineira de Pediatria (SMP), os avanços do calendário de vacinação da Sociedade Brasileira de Pediatria comparando este ano de 2023 com 2022, "o primeiro fato que é importante a gente frisar é que essas recomendações dessa sociedade, por se tratarem de recomendações amplas tanto para o público que utiliza a unidade básica de saúde quanto para o público que utiliza o serviço suplementar de saúde, vão ocorrer diferenças em relação ao calendário do Ministério da Saúde. Então, alguns dos avanços que nós vamos falar ainda não estão disponíveis no Programa Nacional de Imunização. Cabe destacar aqui que o principal avanço que a gente verificou neste calendário de 2023 é a inclusão da vacina contra a dengue a partir dos 4 anos e a regularização da vacina contra a COVID como uma rotina de imunização da criança. Esses são os dois principais avanços que a gente percebe, destacando novamente porque o calendário divulgado pela Sociedade Brasileira de Pediatria não é exclusivo e não é par e passo com o do Ministério da Saúde", explica.
O outro avanço pela especialista diz respeito a maior disponibilidade da vacina contra meningite ACWY neste ano de 2023. "A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que essa vacina seja dada para o adolescente que nunca recebeu duas doses, diferente do que estava sendo recomendado no ano anterior. Neste ano, várias campanhas ocorreram nas unidades básicas de saúde ofertando a vacina contra a meningite ACWY para amplas faixas etárias, na tentativa de imunizar o máximo de gente possível com essa vacina. Existe uma vacina contra a meningite C, que é dada regularmente no programa nacional de humanização para crianças menores de um ano, com um reforço na adolescência. Mas neste ano nós observamos que essa vacina pelo programa nacional de humanização esteve mais disponível para várias outras faixas etárias."