A Polícia Civil (PCMG) concluiu o inquérito sobre a jovem de 22 anos estuprada em Belo Horizonte depois de um show de pagode no Mineirão, há 10 dias. A delegada Danúbia Helena Soares Quadras, da Delegacia Especializada de Atendimento ao Idoso e Pessoa com Deficiência, indiciou duas pessoas: o suspeito de ser o autor do estupro, um homem de 47 anos que aparece nos vídeos carregando a vitima e caminhando em direção ao campo de futebol do Grêmio Santo André, e o motorista de aplicativo que deixou a vítimia desacordada na rua.
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O motorista vai responder pelo crime citado no artigo 133: “Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono”. A pena prevista é de seis meses a três anos de reclusão.
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Outras duas pessoas incluídas nas investigações, o amigo da vítima e o motociclista que ajudou o motorista de aplicativo a retirar a jovem do carro, não foram indiciados. A conclusão da delegada é que eles não estavam envolvidos, diretamente, com o que aconteceu com a jovem.
Os quatro envolvidos foram ouvidos pela polícia. O suspeito de ser o autor do estupro segue preso preventivamente. “Este homem, na primeira vez que foi ouvido, ao ser preso, usou de seu direito constitucional de ficar calado. Na segunda inquisição, ele negou o estupro e, ao ser perguntado sobre o que aconteceu, disse que não foi ele, no entanto as provas contra ele são forte”, diz a delegada Danúbia.
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O motorista, por sua vez, alegou que a vítima já estaria embriagada quando entrou em seu carro e que dormiu durante o trajeto do bar, na Avenida Portugal, um percurso de três quilômetros.
Ao chegar ao endereço, afirmou que a vítima estava desacordada e que ele desceu do carro e tocou o interfone que seria do apartamento, em busca do irmão, que segundo o amigo da mulher, estaria esperando. No entanto, o homem não estava na porta do prédio nem respondeu ao chamado do interfone.
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A delegada Danúbia afirma, ainda, que o motorista alegou que tocou o interfone de outras casa, mas não obteve resposta, quando então decidiu colocar a vítima no passeio - ela foi deixada junto a um poste da Cemig -, tendo pedido ajuda a um motociclista que passou pelo local. Afirmou ainda que saiu para comprar um isotônico para dar à mulher e que, ao retornar, não a encontrou mais, tendo pensado que ela teria entrado em casa.
O amigo, em seu depoimento, contou que perguntou à amiga (os dois são colegas de trabalho) e que ela teria dito que estava bem e que na chamada para o aplicativo de automóvel, houve um compartilhamento com o irmão da vítima, que deveria esperar na porta de casa.
Quanto ao motociclista, a delegada Danúbia diz que este não é de Belo Horizonte e que mora no Sul do país. “Tomamos o depoimento dele por vídeo chamada e ele explicou que passava pelo local e parou porque o motorista pedia ajuda, mas ele não tem qualquer envolvimento com o caso, apenas uma circunstância o colocou no local.”
A vítima também prestou depoimento. A delegada diz que ela não se recorda de nada, apenas de ter entrado no veículo. Depois, acordou com a movimentação do Samu no momento em que era atendida.
A doutora Danúbia diz que ainda não tem o resultado de todos os exames que estão sendo feitos no Instituto de Criminalística, mas que foi colhido material na vítima e também no suspeito.
“Fomos à casa dele, onde apreendemos uma série de materiais, como roupas. Quando a vítima foi encontrada, ela estava com a calcinha abaixada no joelho e estava coberta por um cobertor, normalmente usado por sem-teto. Encontramos, também, uma camisinha, que continha material parecido com esperma.
Agravamento
A delegada Danúbia conta que nas investigações ficou sabendo, pela família da vítima, que ela estaria começando a ter uma vida social agora: “Ela nasceu sem parte do esôfago e sem o estômago, tendo permanecido, por anos, internada, em tratamento. Só agora estaria começando a sair de casa para viver e sempre o fazia com amigos e pessoas que confiava.”
A delegada conta que a vítima foi ao show porque estava na companhia de pessoas conhecidas, de sua confiança, como o amigo. “Ela só saía de casa se estivesse em companhia de amigos ou parentes.”
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