Jornal Estado de Minas

CENTRO-OESTE DE MINAS

Criança autista de 4 anos foi agredida até a morte pela madrasta, diz PC

A criança de 4 anos que deu entrada sem sinais vitais em um hospital de Pains, na região Centro-Oeste de Minas Gerais, em 24 de julho, morreu por causa das agressões da madrasta de 34 anos, concluiu a Polícia Civil mineira. Presa um dia após o crime, agora ela foi indiciada por homicídio qualificado, informou a instituição policial nesta quarta-feira (9/8). 




 
Com diagnósticos de autismo e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), o menino já teria sido vítima de maus-tratos e, por essa razão, vinha sendo monitorado por órgãos de proteção no município após relatórios feitos pela escola onde ele estudava. 


“Foram identificados hematomas e escoriações em várias regiões do corpo, incluindo a região genital, o crânio, a área do couro cabeludo e a orelha direita. Além disso, observou-se uma divergência entre os horários estimados para o óbito. De acordo com os sinais post-mortem, o falecimento ocorreu às 9h30 daquele dia, enquanto a investigada solicitou ajuda somente por volta de 11h40, evidenciando um lapso temporal bastante extenso”, afirma o médico legista Marcelo Moura, responsável pelo exame necroscópico da vítima. 
 
Por fim, o legista diz que a criança e suas roupas estavam limpas, “o que indica que ela supostamente teria sido higienizada momentos antes de ser encaminhada à unidade de saúde”. 

Investigações 

As investigações começaram após a polícia receber um chamado do hospital onde o menino deu entrada morto e com “ferimentos suspeitos em várias áreas do corpo”. Na unidade de saúde, a mãe, “claramente nervosa”, alegou à equipe médica que a criança tinha sofrido vômitos e diarreia durante a madrugada, narra a PCMG em comunicado. 



Ainda segundo essa versão, quando o pai saiu para o trabalho, pela manhã, o menino subitamente caiu no chão. A madrasta disse ter solicitado assistência do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas, antes da chegada da ambulância, terceiros já haviam levado a criança ao hospital. 
 
“O pai relatou que a relação do casal era muito conturbada. Eles estavam juntos há cerca de dois anos e tinham histórico de consumo de substâncias entorpecentes. Ele também revelou que a criança não foi alimentada nas 24 horas anteriores aos acontecimentos devido à recusa da suspeita em permitir que ele a alimentasse, alegando que a criança tinha diarreia”, explica a PCMG. 

Responsável pelo inquérito policial, o delegado Patrick Carvalho pontua que “as investigações apontam para agressões à criança naquela manhã, resultando em seu falecimento”.




 

Alterações na cena do crime

A Polícia Civil também identificou sinais de alteração no local do crime. “O piso na área onde estava o berço da criança estava úmido, sugerindo uma limpeza recente apenas nessa região. A suspeita foi confirmada pelos exames de detecção de vestígios de sangue (luminol) que revelaram traços sanguíneos em locais previamente lavados, como o berço e a parede próxima ao berço”, conta Alisson Barbosa, perito criminal que investigou o local. 
 
“Outras manchas de sangue também foram encontradas no colchão do berço, na parede e na calça que a madrasta vestia no dia dos fatos. Um edredom com manchas de sangue também foi descoberto dentro de uma máquina de lavar”, completa Barbosa. 

Com o indiciamento da madrasta, os autos foram encaminhados à Justiça na última sexta-feira (4/8), finaliza a Polícia Civil.