Jornal Estado de Minas

CUIDADO!

Mortes por leishmaniose chegam a 11 em Minas

A leishmaniose, doença transmitida pela picada do mosquito-palha, já matou neste ano 11 pessoas em Minas Gerais. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), que informou também que só no ano passado foram 29 mortes.





Até julho de 2023, foram confirmados 80 casos de leishmaniose visceral, com dez óbitos, e 950 casos de leishmaniose tegumentar americana, com uma morte constatada. 

A Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose ocorre de 10 a 17 de agosto, e a SES-MG reforça a população a importância de prevenir e tratar a doença infecciosa. 

Transmissão 

A leishmaniose é transmitida pela picada da fêmea do flebótomo, um inseto muito pequeno (de 2 a 3 milímetros), de cor clara, quase transparente. Por isso, em algumas regiões, ele é conhecido popularmente como mosquito-palha.
A picada pode causar a transmissão do parasita do gênero Leishmania, doença que se apresenta em duas formas: a leishmaniose visceral (LV), que ataca os órgãos internos, principalmente o baço e o fígado, e a leishmaniose tegumentar americana (LTA), que ataca a pele e as mucosas. 




Leishmaniose visceral

A leishmaniose visceral (LV), também chamada de calazar, é uma doença crônica e não contagiosa, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das seis endemias prioritárias do mundo, devido a sua alta morbidade e significativa letalidade quando não tratada.

Mariana Gontijo, coordenadora de Zoonoses e Vigilância de Fatores de Risco Biológicos da SES-MG explica que o cão doméstico é considerado o principal reservatório da LV. Porém, o animal não transmite para o ser humano, a transmissão acontece por meio da picada do mosquito-palha.

Os principais sintomas da LV são: febre irregular de longa duração (mais de sete dias), falta de apetite, emagrecimento, fraqueza, aumento do abdômen, anemia e sangramentos (fase mais avançada da doença). 





“A leishmaniose visceral é uma doença grave, sendo as crianças, idosos e pessoas imunodeprimidas as que têm maior risco. Se não tratada, ela pode, com certeza, levar ao óbito”, alerta a coordenadora.

Leishmaniose tegumentar americana

A leishmaniose tegumentar americana acomete a pele e mucosas e pode apresentar diferentes manifestações clínicas. As lesões cutâneas podem ser únicas, múltiplas, disseminadas ou difusas; já a forma mucosa caracteriza-se pela presença de lesões destrutivas localizadas, em geral, nas vias aéreas superiores. 

Mariana explica que apesar do baixo risco de óbito da LTA, ela causa muitos problemas, tanto com relação à questão clínica, quanto a fatores psicológicos, devido às lesões e deformidades que dela decorrem.




 
A coordenadora salienta ainda que tanto o diagnóstico quanto o tratamento da leishmaniose estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). No caso dos cães, Mariana alerta que, caso o animal apresente sintomas de leishmaniose visceral, seu tutor deve procurar imediatamente o serviço de Zoonoses ou a Secretaria Municipal de Saúde e solicitar a realização de exame para diagnóstico da doença.

Prevenção

As principais medidas de prevenção estão relacionadas ao manejo ambiental para combate ao mosquito-palha, aos cuidados individuais e também com os cães para evitar que se contaminem.
  • Use repelentes e evite exposição nos horários de atividades do vetor (ao amanhecer, ao entardecer e à noite) em ambientes onde possa ser encontrado;
  • Mantenha seu quintal limpo recolhendo folhas, fezes de animais e restos de alimento;
  • Embale o lixo corretamente e dê destinação certa a ele;
  • Faça a poda periódica de árvores e arbustos;
  • Vede bem as composteiras;
  • Utilize tela de malha fina nas portas e janelas;
  • Cuide corretamente do seu cão, impedindo que ele fique solto nas ruas;
  • Utilize coleiras impregnadas com inseticidas para repelir o mosquito-palha;
  • Tele o canil utilizando telas de malha fina;
  • Evite passear com seu cão nos momentos de maior atividade do mosquito (pela manhã e ao entardecer);
  • Leve seu cão regularmente ao médico veterinário.
A SES-MG diz que monitora a distribuição dos testes de diagnóstico em todas as Unidades Regionais de Saúde. Nos municípios com maior incidência da doença, a Secretaria trabalha, junto ao Ministério da Saúde, com o encoleiramento dos cães em municípios prioritários para a LV, ação que visa reduzir o número de casos da doença.