Com um dos conjuntos artísticos e arquitetônicos mais ricos do país e reconhecimento internacional para quatro sítios históricos, Minas Gerais tem na voz das comunidades esteio fundamental para preservar igrejas, casarões e outros monumentos na capital e no interior. Neste Dia do Patrimônio Cultural, com programação especial em Belo Horizonte (veja abaixo) para lembrar os 125 anos de nascimento do belo-horizontino Rodrigo Melo Franco de Andrade (1898-1969), advogado, jornalista, escritor e primeiro diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Estado de Minas apresenta conquistas no setor, muitas delas fruto de longa espera, e expectativa por obras de restauro que podem salvar tesouros para o presente e para as futuras gerações. São dois lados, portanto, de uma trajetória que emociona, traz orgulho e preocupa continuamente os guardiões dos acervos.
No distrito colonial de São Bartolomeu, em Ouro Preto, na Região Central de Minas, os moradores lutam com todas as forças, há muito, para salvar da degradação seu bem maior: a igreja matriz dedicada ao padroeiro. Agora, no lugar da mobilização e da lona azul que cobria o telhado, eles assistem às obras emergenciais no templo do século 18. “Ver o andamento dos serviços, poder entrar na igreja é um alívio enorme, ainda mais que são realizados antes da temporada de chuva”, entusiasma-se o presidente da Associação de Desenvolvimento Comunitário local (Adecosb), Sérgio Murilo de Oliveira.
No valor de R$ 1,5 milhão, as intervenções no templo interditado há mais de quatro anos contemplam, na primeira etapa, escoramento de forro e telhado, troca de fiação elétrica, recuperação das paredes e outras urgências estruturais para garantir a integridade da edificação. A expectativa é de que as obras, com duração de 10 meses e aprovação do Iphan e da Prefeitura de Ouro Preto, terminem em 28 de outubro, informa Renata Fonseca, coordenadora da Plataforma Semente, do Ministério Público de Minas Gerais, via Centro de Apoio Operacional de Meio Ambiente (Caoma). Os serviços são executados pela instituição Joaquim Artes e Ofícios.
A coordenadora da Plataforma Semente diz que há previsão de uma segunda etapa e que os recursos estão sendo avaliados para restauro dos elementos artísticos da matriz de São Bartolomeu. Vale destacar que o distrito é importante destino turístico em Ouro Preto, cidade reconhecida como patrimônio mundial, a exemplo de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, do Santuário Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, na Região Central, e do Conjunto Moderno da Pampulha, em BH. As notícias são boas para a comunidade, já em festa pelo padroeiro, que terá, no próximo dia 24, missas festivas (às 9h e às19h), e, à noite, procissão e levantamento de mastro.
NOS TRILHOS Já em Chiador, na Zona da Mata, a expectativa é enorme para restauração da estação de trem. Depois de uma espera de décadas, que quase sepultou o que restou do imóvel pioneiro do patrimônio ferroviário de Minas, os recursos estão assegurados pela Eletrobras Furnas, no valor de R$ 9,5 milhões. “O espaço, a ser administrado pela prefeitura local, terá finalidade cultural e serviços, incluindo cafeteria, para atender moradores e turistas. Desta vez, vai!”, diz, confiante, o secretário municipal de Turismo e Meio Ambiente, Jaime Wojciuk.
Inaugurado em 1869 pelo imperador dom Pedro II (1825–1891) e distante seis quilômetros do Centro da cidade, o imóvel histórico – antes pertencente à extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e atualmente de propriedade da União, sob guarda do município – está no centro das preocupações de moradores. “Há 40 anos lutamos pela recuperação da estação, um bem da nossa cidade e de Minas”, ressalta o jornalista Ailton Magioli. Para ele, o funcionamento do prédio, após o restauro, deverá fomentar a cultura e atrair visitantes. “Queremos que a finalidade seja cultural e haja manutenção permanente, para não se deteriorar novamente.”
Em nota, a empresa patrocinadora da obra informa: “O contrato para o desenvolvimento do projeto executivo e execução dos serviços de restauro integral do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Estação Ferroviária de Chiador foi assinado pela Eletrobras Furnas, em julho deste ano, com a empresa Minas Construções e Restaurações Ltda. A previsão de início dos trabalhos é 10 de outubro de 2023, com a elaboração do projeto executivo. A previsão de execução das obras é de 15 meses após o início dos trabalhos e o valor do contrato é de aproximadamente R$ 9,5 milhões”.
Enquanto isso...
...projetos de restauro à vista
Sabará e Caeté à espera de socorro
- 9h – Lançamento do catálogo “Ritos da Quaresma e Semana Santa” e da coleção de cards “Patrimônio Colecionável”
- 11h – Lançamento do “Caderno do Patrimônio Inventário das Obras de Niemeyer”, com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-MG)
- 15h – Visita guiada ao prédio e à exposição de Técnicas Construtivas
- 16h – Caminhos da Liberdade (lançamento da Jornada do Patrimônio)