Uma criança, de apenas 12 anos, criou uma conta em uma rede social para denunciar agressões feitas pela própria mãe, de 39 anos, na casa em que ele morava, no bairro Nova Cachoeirinha, na região Nordeste de Belo Horizonte.
As imagens foram publicadas na última sexta-feira (18/8), três dias após as agressões, e foram retiradas do circuito interno de segurança da residência. Nelas, é possível ver a mulher atacando o garoto.
“Minha mãe nesse dia quase me matou. Ela me jogou no chão, bati minha cabeça. Ela arrombou o portão da minha vó só pra tentar me matar. Meu tio e minha vó, se quiserem me ajudar, me mandem para outras pessoas”, escreveu a criança na postagem com o vídeo, que foi excluída pelo menino.
A vítima vivia na casa da avó com um tio, que ajudava a cuidar da criança. No último dia 15, a mulher, diagnosticada com transtorno de bipolaridade, foi até o imóvel, arrombou o portão e o agrediu. O tio entrou na briga para defender a criança. Ele acabou sendo detido por causa das agressões, e a mulher precisou ser internada no Hospital Odilon Behrens. Essa foi a última vez que a suspeita foi vista.
A avó da criança, Eliane Mary Gonçalves, de 59 anos, conta que a criança estava cansada de ser agredida e, por isso, optou por denunciar nas redes sociais. “Ele andava muito nervoso com tudo isso. Fomos em vários órgãos, Polícia, Conselho Tutelar e outros e nenhum resolvia. Aí ele optou por postar os vídeos na internet, para ver se conseguia alguma ajuda”, explicou.
As agressões eram recorrentes e também foram feitas contra o ex-marido da mulher que, por não suportar a situação, fugiu sem a criança. Segundo a avó, a mulher chegou a dar uma facada no homem. Eles tiveram uma relação de dez anos.
Devido ao trauma, a avó diz que o menino não quer mais frequentar a escola. Sucessivas agressões levaram ele a mudar de comportamento e até sofrer bullying dentro do colégio. “Ele estuda aqui perto, mas não quer ir. Ele não tem ido à escola porque tem medo, estão fazendo bullying com ele lá. Ele perdeu a vontade de ir”, contou. A criança está fazendo um acompanhamento psicológico em um posto de saúde da capital.
Investigação
Em nota, a Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado pela Divisão Especializada em Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad). O trâmite judicial está sob sigilo por envolver um adolescente.
A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio do conselho tutelar, disse que acompanha o caso e que vem atuando de forma a tomar as medidas necessárias para assegurar a segurança da criança.
“No cumprimento de suas competências legais, o Conselho Tutelar Noroeste elaborou e encaminhou uma série de relatórios detalhados à Vara da Infância e do Adolescente, relatando todos os desdobramentos do caso, além de acionar os demais órgãos da rede de proteção. Também foi ofertada a possibilidade de captação de uma vaga para a criança em uma unidade de acolhimento institucional. No entanto, a avó da criança, que detém a guarda legal, optou por não aceitar a realização do acolhimento institucional oferecido, pois se colocou à disposição de cuidar do neto de forma integral e garantir o seu bem-estar”, diz a nota