Jornal Estado de Minas

ASSASSINATO BRUTAL

Justiça mantém sentença de PM que matou missionária a facada em Minas

O policial militar Joel Fernandes Reis, de 43 anos, condenado pela morte da missionária Anelise Teixeira Monteiro Carlos, aos 38 anos, em janeiro de 2007, em Caratinga, no Vale do Aço, teve o recurso impetrado por sua defesa negado. Com isso, o militar, atualmente na reserva, deverá cumprir a pena de 17 anos e 6 meses de reclusão em regime inicialmente fechado. 





Ao oferecer a denúncia contra Joel, o Ministério Público disse que o então acusado foi dissimulado, “uma vez que se aproveitou do relacionamento amoroso que mantinha com a mulher para esconder seu objetivo de matá-la, levando-a a um lugar ermo para cometer o delito”. A missionária foi morta na estrada de acesso a Cordeiro de Minas, região limítrofe das comarcas de Ipatinga e Caratinga. Pescadores acharam o corpo boiando em uma lagoa. 

O policial foi condenado em abril do ano passado por homicídio qualificado por meio cruel, majorado em mais um sexto da pena, já que a vítima foi esfaqueada e estrangulada e não teve como se defender. Agora, após análise de recurso, a sentença foi confirmada pela 9ª Câmara Criminal Especializada em Violência Doméstica contra a Mulher e Execução Penal do Tribunal de Justiça mineiro.

 
Vale lembrar que o assassinato de Anelise era um dos casos investigados pelo jornalista Rodrigo Neto, assassinado em 2013, no Vale do Aço. À época, Rodrigo vinha denunciando que pelo menos 20 integrantes das forças de segurança acusados de execuções continuavam impunes. 




 
Em relação ao caso de Joel, o jornalista noticiou que a Polícia Civil apontou o cabo, na ocasião lotado no 14º Batalhão da Polícia Militar, como o assassino da missionária. A principal testemunha do caso, que relacionou o PM à morte, Daniel Silva Araújo, de 48, foi executada em 9 de abril de 2010 com oito tiros pelas costas em um bar na zona rural de Ipatinga. 

 
Já o jornalista foi morto na madrugada de 8 de março de 2013 depois de sair de um bar no Bairro Canaã, em Ipatinga, para entrar em seu carro. Dois criminosos passaram em uma moto e atiraram no repórter, que chegou a ser socorrido no hospital municipal.
 
À época, Rodrigo estava escrevendo um livro intitulado "Crimes Perfeitos" para denunciar execuções sumárias, envenenamentos e desaparecimentos de pessoas. Um esquadrão da morte formado por policiais militares e civis da região figurava como principal suspeito. Ele foi morto depois de publicar reportagens sobre 10 desses crimes no "Jornal Vale do Aço".