“O homem que abusou de crianças cegas e que estava foragido era acobertado pela mãe, com quem ele morava e que o ajudou, por três anos, a se esconder da polícia e da justiça, uma vez que já estava condenado a 43 anos, seis meses e 10 dias de prisão”. A afirmação é do delegado Evandro Radalli, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente.
A prisão do homem, de 37 anos, ocorreu na quinta-feira (25/8), na casa onde estava residindo, e também onde mantinha uma loja de venda de doces, no Bairro Jardim Felicidade, na região norte de Belo Horizonte.
A história do supervisor pedagógico com abusos sexuais vem desde 2012, segundo conta a delegada Thais Degani, também da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (DEPCA), que foi quem conduziu os cinco inquéritos que levaram à condenação e à prisão do homem.
“Descobrimos, ao investigar os cinco casos ocorridos em 2016, que ele já havia cometido um delito semelhante, não em Belo Horizonte, mas em Contagem", diz a delegada Degani.
Os cinco casos de abusos sexuais ocorreram quando o homem era supervisor pedagógico do Instituto São Rafael. Segundo a Secretaria Estadual de Educação, que é responsável pelo Instituto São Rafael, soltou nota, explicando que o investigado ocupou o cargo de supervisor pedagógico por pouco tempo, de agosto a dezembro de 2015, como substituto.
Os crimes
A delegada Degani contou que a primeira denúncia partiu de uma das mães dos cinco abusados. “Ela contou que o homem era uma pessoa que conseguiu ganhar a confiança de seu filho e dos outros. Era quem ajudava a sair da piscina, a trocar de roupa e tinha acesso ao vestiário, que foi onde aconteceram os abusos”.
A delegada disse ainda que o homem tinha por hábito colocar as crianças no colo e depois partia para o abuso, investindo contra o homem genital do menino. Todos tinham entre 10 e 13 anos. “Eram crianças”, afirma ela.
Ela ressaltou que a primeira mãe a denunciar procurou as outras quatro e relatou o que seu filho havia lhe contado e estas, ao conversarem com os filhos, obtiveram a mesma história e procuraram, então, a delegacia.
O delegado Radalli contou que o inquérito foi concluído em 2016. “O abusador estava preso, mas era um pedido temporário. Assim, quando acabou o prazo previsto, ele foi colocado em liberdade, uma vez que não havia, ainda, uma condenação.
Mas com o julgamento veio a condenação. “A partir desse momento, o abusador passou a mudar-se de casa constantemente. Para se ter uma idéia, ele fazia contratos de aluguel, sempre de boca. Dessa maneira, não havia registro documental. Isso dificultou, bastante, a investigação.
Mas com uma informação vinda da Polícia Federal, a Polícia Civil conseguiu chegar até o criminoso, que foi preso.
“Por hábito, nas vezes em que cometeu os abusos sexuais, o homem oferecia doces às crianças. E atualmente, ter uma casa de doces pode significar que ele teria o mesmo plano”, diz o delegado.
O homem foi encaminhado para a Penitenciária Agrícola de Neves (PAN), onde deverá cumprir a sua pena.