Lojistas do Mercado Mineiro de Artes e Artesanatos, localizado no Centro de Belo Horizonte, estão denunciando que vêm sendo pressionados pelo dono do imóvel para deixar o local. Nessa quinta-feira (24/8), a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) se deslocou até o shopping popular para apurar uma denúncia de extorsão registrada no estabelecimento.
Funcionários do local informaram à Polícia que dois guardas estariam circulando armados no mercado. Os agentes de segurança contratados pelo dono do imóvel são guardas civis municipais, de 48 e 43 anos, e os dois foram encaminhados para a delegacia. Os funcionários que fizeram a denúncia também foram levados.
De acordo com a PC, como não se tratava de uma situação de flagrante, os envolvidos foram liberados e um inquérito policial foi instaurado, “para apurar as circunstâncias do caso”, consta em nota. A investigação corre em sigilo.
Paulo Favaretto, por ter grande experiência comercial e trabalhar na Feira Hippie de BH desde 1988, havia sido contratado para administrar e gerir o Mercado Mineiro de Artes e Artesanatos e o prédio em que ele fica. Diante do clima hostil que ficou no local, ele, a esposa e a filha, decidiram deixar seus cargos no shopping popular.
De acordo com Favaretto, a presença dos guardas armados contratados pelo dono do imóvel intimidou os lojistas, que foram fechando suas lojas. “Isso foi cerceando e afastando o pessoal”, diz o administrador. Ele ainda conta que os lojistas já entraram com ação na Justiça, por conta das ameaças.
Impactos do problema para os lojistas
O antigo administrador do prédio explica que o que motivou o tratamento hostil do dono do imóvel foi o retorno financeiro gerado pelo shopping. Ele estaria pressionando os empresários a deixarem as lojas que não estavam rendendo o esperado. Antes dos guardas armados, os lojistas estavam sendo boicotados de outras formas. De acordo com Favaretto, os comerciantes estariam sendo impedidos de realizar ações de marketing e de firmar novos contratos.
“No começo, era tudo maravilha. Não tinha lojista, aquilo era uma família”, ele lembra. Os comerciantes ficaram impactados e se sentiram lesados com a situação, que já não era favorável por conta da pandemia. “Tem expositor deprimido, tem expositor precisando de cesta básica” diz Favaretto.
O antigo administrador do local e sua família também sofreram com o dilema. “A minha filha está meio ‘fora de área’, está desiludida”, lamenta. O pai conta que ela deixou um cargo com remuneração boa para trabalhar no Mercado Mineiro de Artes e Artesanatos. O gestor comercial também foi afetado: “Perdi 15 kg de abril do ano passado até hoje trabalhando lá”, ele diz.
Favaretto também vai entrar na Justiça, mas por causas trabalhistas. Os demais lojistas fizeram um boletim de ocorrência e entraram com uma ação pedindo lucros cessantes, alegando ameaças e outros problemas gerados pelo dono do imóvel
O que diz a Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte
Em nota, a Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte (GCMBH) esclareceu que os guardas que circulavam armados pelo Mercado Mineiro de Artes e Artesanatos são, de fato, servidores da corporação, mas estavam de folga e portando armas pessoais.
A entidade ainda afirma que “a Corregedoria da Guarda Civil Municipal acompanhou o registro do caso na delegacia e já instaurou procedimento disciplinar para apurar os fatos”.
*Estagiária sob a supervisão do subeditor Fábio Corrêa