Jornal Estado de Minas

NOVO PICO DA COVID-19

COVID: Minas Gerais teve 209 novos casos por dia em agosto

Minas Gerais registrou 209 novos casos positivos para a COVID-19 por dia em agosto. Desde o dia 9 deste mês foram computadas 4.600 contaminações. O aumento das ocorrências não ficou apenas em solo mineiro, mas também foi percebido em todo o país. Conforme dados de relatórios publicados por duas associações médicas de diagnóstico, desde julho, os testes positivos para a doença cresceram 8,3 pontos percentuais. Especialistas afirmam que o aumento já era esperado, mas, com a chegada da nova variante EG.5, apelidada de Éris, o cenário deve ser analisado com cautela. 




Conforme dados levantados pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que representam 65% do volume de exames realizados pela saúde suplementar no país, de 29 de julho a 18 de agosto o número de testes positivos para COVID-19 aumentou 7,5 pontos percentuais. Ou seja, a quantidade de casos confirmados da doença passaram de 6,3%, entre os dias 29 de julho a 4 de agosto, para 13,8%  entre 12 de agosto ao dia 18 do mesmo mês. 

Já segundo o Instituto Todos Pela Saúde (ITpS), que computou dados dos laboratórios particulares Dasa, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), Hilab, HLAGyn e Sabin, a porcentagem de contaminação pelo SARS-CoV-2 passou de 7% para 15,3% entre 22 de julho e 19 de agosto. 
 
O infectologista e epidemiologista Carlos Starling explica que a situação é preocupante, mas já esperada. Isso porque, conforme o especialista, a imunidade gerada pela contaminação da doença, ou pela vacinação, cai de forma progressiva a partir do quarto ou quinto mês. Com isso, mesmo quem já se vacinou, ou já teve COVID-19, pode ficar mais suscetível a novas contaminações, na maioria das vezes, leves. 





“E a variante que está chegando nesse momento, que já foi diagnosticada no país, é muito mais transmissível do que as anteriores, e, portanto, o cenário é preocupante e propício para um novo pico epidêmico”, diz Starling, que salienta que, além disso, a baixa cobertura imunológica também contribui para o crescimento dos casos.

Quem está se contaminando?

De acordo com os dados apresentados pelo Instituto Todos pela Saúde, entre todos os casos analisados, ficou constatado que pessoas entre 49 e 59 anos tiveram maior número de testes positivos, chegando a 21,4% das ocorrências. Em seguida estão os idosos com mais de 80 anos, totalizando 20,9% das contaminações. 

Starling explica que, apesar dos novos registros não estarem gerando infecções graves da COVID-19, as pessoas mais vulneráveis, e, portanto, mais suscetíveis a contraírem o vírus, devem tomar precauções. Entre elas estão aquelas já difundidas por especialistas, desde o início da pandemia, como evitar aglomerações e usar máscaras de proteção facial em locais fechados. 




Mesmo assim, o infectologista afirma que as chances da situação se agravar como em 2020 são mínimas, uma vez que hoje já existem imunizantes e medicamentos que previnem e tratam a doença.

“Nós temos condições de prevenir e tratar a doença de forma muito eficaz. E, para prevenir, nós temos que vacinar. Não adianta ter vacinas se as pessoas não estão se vacinando. Então, é importante as pessoas colocarem em dia o cartão de vacinação, com vacina bivalente. E usar medicamentos aprovados pela Anvisa na fase aguda da doença, principalmente aquelas pessoas que estão mais vulneráveis, como idosos, pessoas com doenças imunossupressoras, cardiopatas graves.”

Minas Gerais 

Em Minas Gerais, conforme o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), nesta quarta-feira (30/8) foi informado que, desde o início da pandemia, em 2020, quando os dados começaram a ser computados, 4.170.03 pessoas já testaram positivo para a COVID-19. Nos últimos 22 dias, foram, em média, 209 casos por dia.





Apesar do aumento de casos, as contaminações, até o momento, têm se mostrado de forma leve, ou seja, não há agravamento que gere internações e lotações de centros de tratamento intensivo. É o que explica o infectologista Unaí Tupinambás. Segundo ele, mesmo com o crescimento de casos, o esperado para a nova variante é, assim como com as outras “filhas” da Ômicron, que os picos fiquem apenas na quantidade de contaminados e não na gravidade dos adoecimentos. 
“Nos países onde houve um grande aumento de casos, eles foram leves, e com uma incidência muito menor comparado a períodos anteriores que se agravaram , precisaram se internar ou mesmo evoluíram para o óbito. Então, pode ser que nós tenhamos um aumento importante de sintomas leves, aumento da procura dos postos de saúde e de prontos atendimentos, mas, possivelmente sem lotar hospitais e aumentar o número de mortos”, afirma. 

Na capital mineira, os dados seguem como os demais estados brasileiros mas, com uma velocidade reduzida. Desde o início do mês, em 2 de agosto, houve um crescimento de 3,9% de casos, passando de 5.015 para 5.211. Além disso, ao longo do período analisado, as internações de pacientes com coronavírus, no serviço público de saúde, não ultrapassaram a faixa dos 50 pedidos. 

E a perspectiva é que os números aumentem ainda mais. Isso porque, os diagnósticos da EG.5, apelidada de Éris, começarão a ser levantados agora, o que vai causar um novo pico de casos nas próximas semanas.