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Estado de Minas PATRIMÔNIO

Paróquia mineira faz campanha para pedir devolução de duas imagens

Campanha busca duas imagens que faltam para completar o acervo da Capela São João Batista, em Santa Luzia, recém-restaurada e que completará 120 anos em 2024


04/09/2023 04:00 - atualizado 04/09/2023 07:26
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O padre Marcos Antônio Gomes e a professora Sandra Gabrich observam a imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Pároco Marcos Antônio Gomes, no altar da Capela São João Batista. Em primeiro plano, o anjo da guarda devolvido em 2011 (foto: GUSTAVO WERNECK/EM/D.A PRESS)

 Procuram-se duas imagens: as de Santa Rita de Cássia e de Nossa Senhora das Graças. “Quem estiver com elas, que são bens da comunidade, devolva, por favor” – esse é o apelo do padre Marcos Antônio Gomes, titular da Paróquia São João Batista, no Bairro da Ponte, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

O pároco está à frente, juntamente com voluntários, de uma campanha iniciada em 2010, na base no diálogo e no entendimento, para recuperar todo o acervo da recém-restaurada Capela São João Batista, tombada pelo patrimônio municipal. Em quase 13 anos, conforme reportagens publicadas no Estado de Minas, a comissão paroquial já conseguiu resgatar cinco peças sacras, hoje nos altares da edificação em estilo neogótico, de 1904. 

Com 60 centímetros de altura e um pedestal de 10 cm, a Santa Rita de Cássia é a única das duas imagens procuradas, agora, da qual se tem fotografia. “De Nossa Senhora das Graças não há registro fotográfico, mas estamos confiantes em trazê-las de volta, pois são patrimônio da capela”, diz a professora Sandra Gabrich, voluntária integrante da comissão paroquial. Desde o início da campanha, foram restituídas as imagens de Santa Terezinha do Menino Jesus, São José, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, São Vicente de Paulo e Anjo da Guarda.

Na tarde de ontem, os padres Marcos Antônio Gomes e José Marcilon da Silva, ao lado da professora Sandra Gabrich, mostraram as peças da capela já entregues e a expectativa para que as imagens de Santa Rita de Cássia e Nossa Senhora das Graças retornem aos seus locais de origem. No próximo ano, o singelo templo fará 120 anos e a festa estará completa com todo o acervo original, acreditam os três.  

RETORNO

As peças começaram a ser devolvidas em 1º de maio de 2011, conforme documentou o EM, estando em poder de particulares desde 1969. Naquele ano, durante reforma do templo, um padre distribuiu as peças sacras entre paroquianos, pedindo a cada um que zelasse pelo bem religioso e cultural. Conforme a comissão paroquial apurou em pesquisas e entrevistas com pessoas da comunidade, incluindo antigos zeladores que conhecem toda a história, que quatro objetos de fé foram restituídos bem antes da atual campanha: as do padroeiro, São João Batista, e de São Sebastião e um crucifixo, na década de 1970, e a de Nossa Senhora da Conceição, em 1995. 

“As famílias foram guardiãs das imagens, alguns cuidaram de tal forma, que até mandaram restaurá-las”, afirma o biólogo Cristiano Massara, também integrante da comissão paroquial para localização dos bens. Uma imagem de São Benedito, também pertencente à capela, foi doada à Paróquia São Benedito (na época de sua criação), que fica no distrito de mesmo nome, em Santa Luzia.
Imagem de Santa Rita de Cássia
Santa Rita de Cássia, com 60 centímetros de altura e um pedestal de 10 cm, é a única das duas imagens ainda desaparecidas da qual se tem fotografia (foto: DIVULGAÇÃO)

BOA FÉ A ação desenvolvida na Paróquia São João Batista, em Santa Luzia, antecipou-se à recém-lançada campanha Boa Fé, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), para estimular a devolução espontânea de obras de arte, peças sacras e documentos históricos, entre outros tesouros desaparecidos do patrimônio cultural de Minas.

A Boa Fé, que já colheu frutos, a exemplo da devolução anônima de cinco peças, marca os 20 anos da grande campanha no estado para resgate de bens culturais desaparecidos, ao longo de décadas, de igrejas, capelas, museus e outros monumentos da capital e do interior. Com o trabalho, Minas se tornou o primeiro estado brasileiro a ter uma política específica para o setor. O ponto inicial das ações, em 2003, foi a luta também em Santa Luzia para a volta de três anjos barrocos que teriam sido vendidos na década de 1950 e, meio século depois, viraram destaque em um leilão no Rio de Janeiro (RJ).

MEMÓRIA

Guardadas por quatro décadas

“As famílias cuidaram com amor das imagens. As casas que as acolheram estarão repletas de bênçãos e graças de Deus”, disse a professora Sandra Gabrich, em 1º de maio de 2011, ao presenciar a entrega das imagens centenárias de Santa Terezinha do Menino Jesus, São Vicente de Paulo e Anjo da Guarda, à Capela de São João Batista. Naquele dia, as peças foram entregues pelas famílias de Olympia Fiorini Massara, Raimundo Francisco de Assis Ferreira e Geraldo Anacleto.
Integrante da comissão paroquial que trouxe os bens de volta aos altares, Sandra explicou que as famílias ficaram por mais de quatro décadas com as peças porque ninguém da paróquia reclamou a propriedade nos anos seguintes.

ENTENDA O CASO

  • Em 1969, durante obra na Capela São João Batista, em Santa Luzia, um padre pede às famílias do Bairro da Ponte que guardem, em suas casas, as peças do acervo religioso.
  • Na década de 1970, uma família entrega a imagem do padroeiro, São João Batista, e um crucifixo, enquanto outra devolve a de São Sebastião. Em 1995, é restituída a imagem de Nossa Senhora da Conceição. 
  • Em 2010, a Paróquia São João Batista, com voluntários, inicia uma campanha para resgatar as peças sacras restantes.
  • Em 1º de maio de 2011 são entregues três imagens: Santa Terezinha do Menino Jesus, São Vicente de Paulo e Anjo da Guarda.
  • Também em 2011, foram devolvidas as imagens de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e São José
 
 


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