Uma integrante da Comunidade Quilombola dos Arturos denuncia ter sido vítima de racismo durante uma partida de futebol do Camarões Esporte Clube, time amador de Contagem. O caso aconteceu na tarde desse domingo (3/9), no bairro Amazonas.
Segundo a estudante Renata Silva Vieira, de 36 anos, que também é presidente do time, os torcedores estavam cantando na arquibancada e mandando mensagem de apoio aos jogadores, quando uma mulher, do time contrário, começou a gritar "cala a boca".
A suspeita, então, continuou a gritar e fez os xingamentos racistas, "cala a boca sua neguinha, Zumbi dos Palmares".
"Ela gritou sem temer nenhuma represália. Na hora, fiquei com um sentimento de tristeza, revolta e dor. Essas falas tendem a nos ferir e, ainda hoje, estou assimilando o ocorrido. Passei o dia ouvindo o grito dela na minha cabeça", desabafa Renata.
Uma viatura da Guarda Civil Municipal estava próxima ao local e acompanhou ambas para fazer o boletim de ocorrência. Em nota, a Polícia Civil informou que a suspeita, de 27 anos, foi conduzida e ouvida por meio da Central Estadual do Plantão Digital.
Mas, após os procedimentos, foi liberada por 'não haver indícios suficientes que confirmassem a intenção da suspeita de praticar o crime de injúria'. O caso segue sendo investigado.
Mas, após os procedimentos, foi liberada por 'não haver indícios suficientes que confirmassem a intenção da suspeita de praticar o crime de injúria'. O caso segue sendo investigado.
A Superintendência de Política para a Promoção da Igualdade Racial de Contagem acompanhou o caso e deu suporte para a vítima na delegacia. Na tarde desta segunda (4/9), Renata fez uma representação no Ministério Público de Minas Gerais, acompanhada do Superintendente.
A Prefeitura de Contagem informou, também por meio de nota, que a Superintendência desenvolve ações e campanhas de acordo com Plano Municipal de Igualdade Racial (PLAMPIR), Lei 4.812/2016, e o Programa "Contagem na Década Afrodescendente: Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento", em enfrentamento ao racismo e à intolerância religiosa no município.
Entre setembro de 2021 e junho de 2023, foram atendidos cinco casos de racismo e quatro casos de intolerância religiosa. Para o atendimento, o procedimento adotado é: a escuta, o registro, as orientações e os encaminhamentos para outros órgãos de proteção ao cidadão, além do acompanhamento.
O Quilombo dos Arturos publicou uma nota de repúdio ao ato.