O ex-prefeito de Catuji, no Vale do Mucuri, Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos, teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva pela Justiça do Espírito Santo. Serafim é suspeito de matar a mulher dele, a médica psiquiatra e nutróloga Juliana Pimenta Ruas El Aouar, de 39 anos, em um quarto de hotel em Colatina (ES), na madrugada de sábado (2/9).
Leia Mais
Preso pela Interpol por feminicídio em MG tentou matar mulher em SPHomem é preso por ameaça e tentativa de feminicídio em ContagemMorte de médica mineira no ES: interesse em herança também é investigadoEx-prefeito pode ter matado mulher por não aceitar fim do relacionamentoHomem é morto a tiros depois de brigar com família da namoradaAtaques em escolas: especialistas avaliam 'ofensiva' do governo de MinasProfessores da rede particular param nesta terça e prometem protesto
A decisão da prisão preventiva para o ex-prefeito é do juiz de Colatina, João Carlos Lopes Monteiro Lobato Fraga, que negou pedido de liberdade provisória para Serafim, conforme noticiou a imprensa do Espírito Santo.
O corpo da médica foi sepultado na tarde de domingo, no Cemitério Parque Vale das Flores, em Teófilo Otoni, Vale do Mucuri, terra da família dela. Em entrevista, o pai de Juliana, o médico Samir El-Aouar, ex-prefeito de Teófilo Otoni, disse que, uma semana antes do crime, a filha pediu ajuda a ele para se separar do marido por não aguentar as agressões que sofria por parte de Serafim.
Leia Mais
Preso pela Interpol por feminicídio em MG tentou matar mulher em SPHomem é preso por ameaça e tentativa de feminicídio em ContagemMorte de médica mineira no ES: interesse em herança também é investigadoEx-prefeito pode ter matado mulher por não aceitar fim do relacionamentoHomem é morto a tiros depois de brigar com família da namoradaAtaques em escolas: especialistas avaliam 'ofensiva' do governo de MinasProfessores da rede particular param nesta terça e prometem protesto
Samir El Aouar também revelou que, após a morte de Juliana, Fuvio Serafim ligou para a família da vítima com o se não tivesse cometido nenhum crime. “Ele ligou (para a família), dando a notícia que minha filha tinha morrido como se (ela) fosse um objeto qualquer, sem (manifestar) nenhum sentimento”, afirmou o pai da médica.
O ex-prefeito e o motorista estão recolhidos no Centro de Detenção Provisória (CPD) de Colatina. A investigação do caso é chefiada pelo delegado de Homicídios de Colatina Deverly Pereira Junior.
Em entrevista ao Estado de Minas, na noite desta segunda-feira (4/9), o delegado afirmou que as diligências ainda estão na fase inicial. "Vamos coletar as imagens do hotel, começar a analisar, receber os laudos cadavéricos, do local, faremos exames de luminol para ver outras marcas de sangue em outras partes do quarto, entrevistar outras pessoas", declarou Deverly.
Inicialmente, em declaração informal, o ex-prefeito de Catuji disse que, na sexta-feira, Juliana passou por um procedimento com um neurologista em Colatina e que, à tarde, o casal foi até uma churrascaria. Serafim alegou ainda que, na manhã seguinte, ao acordar, teria encontrado Juliana desmaiada na cama do quarto do hotel, possivelmente em óbito. E que fez contato com o Serviço de Atendimento de Urgência e Emergência (Samu), sendo orientado a coloca-la no chão e tentar reanimá-la.
No entanto, no corpo de Juliana foram encontradas marcas de asfixia e cortes na cabeça. O exame da necropsia do Serviço Médico Legal (IML) de Colatina apontou que as causas da morte foram politraumatismo craniano e asfixia mecânica.
Ao ser confrontado com informações levantadas, em depoimento na delegacia, o ex-prefeito e suspeito do feminicídio ficou em silêncio, informou o delegado Deverly Pereira Junior ao EM.
O pai de Juliana disse que sua filha “foi torturada noite inteira” pelo companheiro e ex-prefeito até ser levada à morte. “O Fuvio acabou com a minha filha da forma mais perversa que se pode pensar. Ele torturou a minha filha”, afirmou Samir El-Aouar.
O ex-prefeito de Teófilo Otoni também disse que Fuvio era usuário de drogas, tinha um comportamento violento e sempre agredia Juliana. “Ela sempre aparecia com um olho roxo. Mas, falava que tinha caído no chão porque ele a obrigava a falar isso. Ela tinha medo dele”, relatou o pai da vítima.
Apesar de o pai da médica informar que o suspeito da morte da filha tinha um histórico de agressões, ainda não foram apurados registros de ocorrências policiais anteriores ou medida protetiva solicitada por Juliana contra o ex-prefeito de Catuji.
Fuvio Luziano Serafim, que é administrador de empresa de laticínios no estado, foi prefeito de Catuji (7,03 mil habitantes, a 519 quilômetros de Belo Horizonte) por dois mandatos. Ele foi eleito pela primeira vez para a prefeitura em 2012, com 4.051 votos, e reeleito para o segundo mandato em 2016, com 3.286 votos.
O Estado de Minas não conseguiu contato com a defesa do ex-prefeito de Catuji até o fechamento desta reportagem.
Declaração de Amor
Embora o ex-prefeito de Catuji, Fuvio Luziano Serafim, esteja preso como principal suspeito de matar a médica Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, nas redes sociais, ele se apresenta com outro perfil: amoroso e romântico.
"Minha princesa, meu amor, se alguém me perguntasse qual foi a melhor decisão que tomei na vida, eu diria sem hesitar que foi casar com você. Você é perfeita, a melhor, você me completa e todos os dias, me dá razão de viver", declarou Fuvio à Juliana quando o casal completou quatro anos de matrimônio, em 18 de novembro de 2022.
Na mesma mensagem, o Serafim afirma: “Estamos unidos pelo amor, pela fé em sagrado matrimônio, e todos os dias sinto que Deus nos presenteia com as bênçãos da alegria e do companheirismo. A Ele agradeço hoje por mais este aniversário de casamento e por ter abençoado me (sic) com uma esposa tão maravilhosa como você”.