Jornal Estado de Minas

INVESTIGAÇÃO

Ex-prefeito pode ter matado mulher por não aceitar fim do relacionamento

Um possível feminicídio, tendo como motivação o fato de o marido não aceitar o fim da separação. Esta é uma das principais linhas da investigação policial  sobre a morte da médica e psiquiatra e nutróloga Juliana Pimenta Ruas El Aouar, de 39 anos, cujo principal suspeito é o marido dela, o ex-prefeito da cidade mineira de Catuji, no Vale do Mucuri, Fuvio Luziano Serafim, de 44. 




 

  

O ex-prefeito está preso preventivamente em Colatina, no Espírito Santo, onde, na madrugada de sábado (02/09), a médica foi encontrada morta em um quarto de hotel.

 

O motorista de Fuvio, Robson Gonçalves dos Santos, de 52, também está preso preventivamente pela suspeita de envolvimento no  crime.

  

Delegado de Homicídios de Colatina, Deverly Pereira Junior (foto: Polícia Civil ES/divulgação)
Em entrevista ao Estado de Minas, o delegado de Homicídios de Colatina, Deverly Pereira Junior, que chefia a investigação do caso, disse que recebeu oficialmente o laudo do exame cadavérico do Serviço de Medicina Legal (SML), que aponta que a causa morte de  Juliana Pimenta Ruas El Aouar foi “traumatismo craniano, causada pela bronquioaspiração do  conteúdo gástrico”.

 

Também foi constatado que a vítima teve traumatismo craniano, “com duas leões consideráveis na  cabeça que a levou a inconsciência e acabou fazendo com ela aspirasse o próprio vômito”, informou Deverly.





 

Embora o laudo do exame da necropsia aponte que o corpo de juliana apresentou marcas de violência e traumatismo craniano, o delegado afirmou que é preciso espera o avanço das investigações para saber se as lesões foram mesmo provocadas pelo suspeito do crime ou tiveram outra causa, como uma queda ou pancada contra a parede.

 

“Essa dinâmica a gente está tentando ainda entender. Pode ter sido uma ação direta do agressor. Mas isso a gente não pode confirmar ainda. A gente confirmou que existiam lesões na cabeça dela e em outras partes do corpo dela também”, pontuou.

 

Deverly salienta que embora ainda não se pode “cravar 100%” a motivação do crime, o que só sera possível ao final do trabalho de investigações, “de acordo com as evidências que forem colhidas”.





 

“Mas, ao tudo indica até o momento, foi feminicído, foi violência de gênero. Há indicativo de que a vítima estava planejando se separar do principal suspeito, que é o marido, e, provavelmente, ele não aceitou essa situação e  aí acabou cometendo esse crime”, declarou o delegado.

 

As suspeitas de que o Fuvio pode ter ceifado a vida da mulher por não aceitar a separação foram reforçadas pelas declarações do pai da médica, o ex-prefeito e médico Teófilo Otoni Samir El Aouar. Ele afirmou que poucos antes de morrer, a filha lhe pediu ajuda para se separar alegando sofrer com a violência do marido.

 

“Ela já não aguentava mais. Veio aqui em casa e conversou comigo. Pediu ajuda para separar dele uma semana antes e arrumar um advogado. Ele planejou a morte da minha filha. Aproveitou a consulta dela em outro estado para fazer isso com ela. Só que não esperava que a polícia fosse ágil", declarou o pai da vítima, em entrevista à imprensa.





 

O delegado Deverly Pereira Junior informou que o pai da médica será ouvido pela polícia, visando aprofundar a linha de investigação sobre o real motivo da morte de Juliana. Ele informou que já encamhou uma carta precatória para a delegacia da policia civil em Teófilo Otoni, visando a coleta do depoimento de Samir El Aouar.

 

 

De acordo com Deverly, o objetivo da oitiva é saber do ex-prefeito de Teófilo Otoni e pai da vítima “se a filha dele “realmente tinha a intenção de separar, se ela manifestou a mesma coisa mais alguém e se isso chegou ao ouvido do marido, de forma que ele possa ter planejado o atentado contra ela por causa da intenção dela de se separar dele”.