
Problemas gerados pela chuva
O empresário de Belo Horizonte conta que a chuva “pegou todo mundo desprevenido”. Quando começou a chover ele estava em uma festa. A areia do deserto, em contato com a água, virou uma espécie de argila, que grudava nos sapatos das pessoas e atolava as bicicletas que os participantes do festival usavam para se locomover.
Gabriel descreve que a cidade feita especialmente para o festival no meio do deserto de Black Rock é “bem grande, bem extensa”, o que tornava necessário o uso das bicicletas. Porém, por causa da lama, só era possível se deslocar a pé, e com muita dificuldade.
“Ela (a argila) é grudenta, então vira uma massa e fica muito difícil de se locomover”, conta Didio, que precisou abandonar sua bicicleta e voltar para o camping andando durante uma hora e meia. “Todas as bicicletas atolaram, todo mundo perdeu as suas bicicletas”, ele completa.
Gabriel, por outro lado, quando percebeu que a chuva se aproximava, deixou a festa e voltou para o trailer que havia alugado com mais dois amigos, onde viu as pessoas ilhadas em tendas, barracas inundadas e objetos perdidos. Porém, o engenheiro relata que “as pessoas se ajudavam muito” e os desafios serviram para tornar ele e os amigos mais próximos.
Fim do pesadelo
Para que não entrassem mais pessoas na cidade criada para o Burning Man no deserto, os portões do evento ficaram fechados, deixando cerca de 72 mil pessoas presas. Somente no final da tarde da última segunda (4/9) os participantes puderam deixar o local. Mas, então, surgiu um novo problema: o congestionamento.
Gabriel relata que algumas pessoas chegaram a ficar 15 horas paradas em uma fila de carros. “Eram muitos e muitos carros querendo sair ao mesmo tempo. No momento em que o sol saiu e começou a secar o chão todo mundo decidiu ir embora, e isso gerou um grande congestionamento”, explicou.
O homem de 36 anos ainda reflete sobre o que poderia ter acontecido se tivessem ficado presos por mais tempo no festival. “Se todas as 70 mil pessoas ficassem presas lá por muito tempo, eventualmente a comida ia acabar e as pessoas iam ficar sem água. Ia virar, realmente, um grande desastre”. De acordo com ele, isso era o que mais preocupava as pessoas.