Jornal Estado de Minas

Crime:

Morte de médica mineira no ES: interesse em herança também é investigado

A hipótese de um crime ter sido cometido por um interesse na herança da vítima passou a ser considerada pela policia na investigação sobre as causas da morte da médica e psiquiatra e nutróloga Juliana Pimenta Ruas El Aouar, de 39 anos, cujo principal suspeito é o marido dela, o ex-prefeito da cidade mineira de Catuji. no Vale do Mucuri), Fuvio Luziano Serafim, de 44. 




 

Ele continua preso preventivamente em Colatina, no Espírito Santo, onde a médica foi encontrada morta em um quarto de hotel na madrugada de sábado (02/09).

 

O motorista de Fuvio, Robson Gonçalves dos Santos, de 52, também está preso preventivamente pela suspeita de envolvimento no  crime.

 

Nesta quarta-feira (06/09), foi cumprido um mandado de busca e apreensão no apartamento do casal no Bairro Marajoara, área nobre de Teofilo Otoni (a 60 quilômetros de Catuji, na mesma região). Segundo a policia, foi apreendido “farto material”, incluindo câmera de vídeo, documentos e medicamentos que eram usados pelo casal.

 

De acordo com resultado da necropsia, feita pelo Serviço de Medicina Legal (SML) de Colatina, a  causa morte de Juliana Pimenta Ruas El Aouar foi “traumatismo craniano, causado pela bronquioaspiração do conteúdo gástrico”. Também foi constatado que a vítima tinha duas leões consideráveis na cabeça.





 

A possibilidade de Fuvio Luziano ter premeditado o assassinato da mulher motivado pelo interesse na herança dela foi levantada pelo médico e ex-prefeito de Teofilo Otoni Samir El Aouar, pai de Juliana. Em entrevista, Samir disse que Juliana teria iniciado  um processo de adoção de uma menina de 12 anos, filha de Fuvio (do seu primeiro casamento) e sua enteada.

 

O ex-prefeito de Teofilo Otoni disse que a criança está sob a guarda dos pais de Fuvio. Revelou ainda que está pesquisando em cartórios da região para verificar se a menina foi registrada como adotada por Juliana. Neste caso, com a morte da médica, o suspeito do crime ficaria com a herança dela por meio da filha.

 

Samir revelou disse que Juliana deixou vários bens, que inclui parte de um prédio, um apartamento em área nobre de Teófilo Otoni e uma parte do dinheiro da venda de uma fazenda da família, totalizando um patrimônio de cerca de R$ 8 milhões. Por outro lado, anunciou que se ficar provado que Fuvio cometeu o crime interessado nos bens da vitima vai solicitar que ele seja impedido de qualquer parte da herança.





 

Ouvido pelo Estado de Minas nesta quarta-feira, o delegado de Homicídios de Colatina, Deverly Pereira Junior, que chefia a investigação da morte da médica, disse que ainda não foram levantados detalhes a respeito de uma possível motivação financeira para o assassinato, mas esta é uma das linhas de investigação a ser seguida.

 

“Com relação a motivação financeira, a gente ainda não sabe. Mas, sabe-se que ela (Juliana) tinha uma herança a receber e que a herdeira direta dela é a filha dele (Fuvio), que foi adotada (pela médica)”, afirmou o delegado.

 

Ele salientou que a policia “não pode cravar” que o suspeito cometeu o crime por interesse na herança da vítima, que ele passaria a administrar por meio da filha. “Mas, esta é uma das linhas que serão investigadas”, ponderou.





 

A reportagem tentou mas não conseguiu contato com o advogado do ex-prefeito de Catuij, que, ao prestar depoimento, ficou em silêncio. Segundo o delegado Deverly Junior, como o suspeito ainda nao fez nenhuma declaração em depoimento, a defesa dele ainda não manifestou no inquerito em andamento. 

 

Mandado de busca e apreensão em Teófilo Otoni

 

Nesta quarta-feira, em atendimento a ordem da Justiça do Espírito Santo, policiais e peritos da Policia Civil de Teofilo Otoni cumpriram mandado de busca e apreensão no apartamento onde a médica Juliana Pimenta Ruas El Aouar morava com o marido na cidade do Vale do Mucuri. Participaram das buscas duas delegadas - Erica Ribeiro Sena e Herta Coimbra.

 

De acordo com o delegado Deverly Pereira Junior, além de equipamentos eletrônicos (câmeras de vídeo) e documentos, foram recolhidos medicamentos que eram usados pelo casal, como sulfato de morfina e ketamina. O material será enviado ao Espírito Santo para ser analisado no processo de investigação na próxima semana.